02/10/2025
O Seminário de Meio Ambiente da ABI, realizado entre 22 e 24 de setembro de 2025, foi notícia na 8ª edição do Boletim Informativo 2025 da Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde. O boletim é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Saúde, Ambiente e Saneamento da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), sob coordenação das Dras. Adriana Sotero-Martins e Maria José Salles. O texto, assinado por Carlos Mello e intitulado “Água e saneamento são temas centrais em seminário na ABI”, resume os principais momentos do encontro realizado no Rio de Janeiro.
A matéria do boletim destaca que o evento — organizado pela Diretoria de Cultura e pela Diretoria de Meio Ambiente da ABI — reuniu pesquisadores, professores, jornalistas, gestores públicos e representantes de ONGs e movimentos sociais, em mesas sobre Educação Ambiental, Créditos de Carbono, Água e Saneamento e a cobertura da COP30. As palavras de abertura foram do presidente da ABI, Octávio Costa, e houve participação, em vídeo, da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que ressaltou a importância da imprensa e da sociedade na agenda climática rumo à COP30.
A ABI agradece à Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde, em especial à Dra. Adriana Sotero-Martins, pela cobertura, e reforça o compromisso institucional com o direito humano à água e ao saneamento.
Por Carlos Mello, em Boletim Fiocruz

Entre os dias 22 e 24 de setembro de 2025, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) recebeu pesquisadores, professores, jornalistas, gestores públicos e representantes de ONGs, movimentos sociais e ambientais no Seminário de Meio Ambiente da instituição, no Rio. Os palestrantes do evento, organizado pela Comissão de Meio Ambiente e pela Diretoria de Cultura da ABI, se dividiram ao longo dos três dias em mesas e painéis que abordaram os temas Educação Ambiental, Créditos de Carbono, Água e Saneamento e Cobertura da COP30.
As palavras iniciais foram de Octávio Costa, presidente da Associação desde 2022, que ressaltou a qualidade técnica dos participantes do seminário, reforçando a importância de eventos em prol da causa ambiental. E fez questão de registrar a importância de o debate sobre a luta pela água e pelo saneamento básico universais estarem na pauta.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apareceu na sequência em um vídeo gravado em Nova Iorque especialmente para a abertura do evento. Marina recordou que o mês de setembro é o mês em que se celebra o Dia da Amazônia (5/9) e o Dia do Cerrado (11/9), dois biomas que vêm sofrendo com o desmatamento e a degradação. Após falar brevemente sobre os temas principais do seminário, fez um registro sobre a realização da COP30, que será sediada em Belém do Pará em novembro, e sobre a importância da participação da sociedade e da imprensa para o êxito da Conferência.
A mesa que deu início ao seminário, no dia 22, se intitulava “Educação Ambiental na reconstrução do País” e teve mediação da bióloga Denise Amador, fundadora da ONG Mutirão Agroflorestal.
Estiveram presentes o deputado federal Reimont (PT-RJ) e deputada estadual Marina do MST (PT RJ). Em formato online, participaram Marcos Sorrentino, diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA); Alexandre Palma, professor do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS-UFRJ); o jornalista Bruno Bassi, coordenador de pesquisas do De Olho nos Ruralistas; e Rosângela Corrêa, diretora do Museu do Cerrado e professora da Universidade de Brasília (UnB).
“Crédito de Carbono: descarbonização e transição energética”, mediada por Maluh Martins, jornalista membro da Comissão de Meio Ambiente da ABI, foi a mesa que começou o dia 23. Estiveram presentes André Leal de Sa, do grupo pioneiro no mercado de carbono no mundo EQAO; Carmen Veronica Castro, do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS); Bárbara Bezerra, diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP); Tácio Mauro Pereira, Professor Emérito da Engenharia Civil e Ambiental da PUC- Rio, e o padre Antônio Ronilson Braga dos Sousa, membro da Pastoral Indigenista de Roraima.
Katia Brasil, editora executiva da agência Amazônia Real e jornalista da ABI, foi a mediadora da mesa “Cobertura da COP30”, que veio na sequência, ainda no segundo dia de evento. O jornalista Lucas Altino, repórter do jornal O Globo; Mara Kambeba, do Conselho Nacional do Direito das Mulheres Indígenas (Conami); e Marcio Isensee e Sá, diretor de conteúdo do site O Eco e secretário executivo da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA), estiveram presencialmente para suas apresentações.
Fiocruz presente
O último dia de seminário foi dedicado ao tema “Água e Saneamento como Direitos Humanos: a Resolução 64/292 da Assembleia Geral da ONU”. Recebeu como palestrantes Leo Heller, pesquisador da Fiocruz e relator da resolução na Organização das Nações Unidas (ONU); Vitor Soares Duque Estrada, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Ambiente do Rio (Sintsama-RJ), e Adriana Sotero Martins, professora e pesquisadora titular da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). A mediação ficou a cargo de Marcos Montenegro, coordenador de comunicação do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS).
Um jogral dos bolsistas da Fiocruz, com palavras de ordem em favor da água e do saneamento universais, abriu os trabalhos em consonância com o tema da última mesa do seminário. A luta pelo Direito Humano à água, ao saneamento e à saúde, foi o tópico que norteou as falas dos participantes da mesa.
“O caso da concessão/privatização dos serviços de água e esgotamento sanitário no estado do Rio de Janeiro” foi o título da apresentação da doutora Adriana Sotero, que reforçou a importância do ato a ser realizado no dia 9/10 em frente ao Palácio Guanabara em defesa da Cedae pública.
Vitor Duque Estrada, presidente do Sintsama-RJ, com a apresentação “Água como direito fundamental e de soberania nacional” definiu como urgente a questão da água para o futuro das sociedades. Lembrou que em finais de 2018 ninguém poderia imaginar que uma pandemia de proporções globais ocorreria e ceifaria tantas vidas pelo mundo.
Relator da resolução da ONU que reconheceu oficialmente o acesso à água potável e ao saneamento básico como um direito humano fundamental em 2010, O professor Leo Heller (UFMG e Fiocruz), por sua vez, falou sobre os casos de privatização de serviços de água e saneamento na Inglaterra como forma de comparação com a situação brasileira. Explicou que esses tipos de ações, que retiram o Estado da administração dos serviços de interesse público, se mostram como gestões exclusivamente financeirizadas, isto é, voltada para os lucros dos acionistas.
Parlamentares
Após o intervalo, Marcos Montenegro convidou o deputado Pedro Campos (PSB-PE) e em seguida o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar Mista Ambientalista do Congresso Nacional, que fizeram suas intervenções virtualmente. A eles juntou-se Joseildo Ramos (PT-BA), deputado federal e presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Por sua vez, os deputados estaduais Carlos Minc (PSB-RJ), que foi secretário estadual do Ambiente e Ministro do Meio Ambiente, e Dani Monteiro (PSOL-RJ), autora de projetos de lei para aprimorar o monitoramento e as ações relacionadas a potabilidade da água, estiveram presencialmente na mesa de encerramento.
Não privatizar
É quase consenso que o tema da água é muito provavelmente um dos tópicos de maior importância no que diz respeito à preservação da vida na Terra. Durante o fechamento desta matéria, Suyá Quintslr, professora da UFRJ, publicou um artigo no jornal Brasil de Fato questionando sobre a aparente tendência mundial de reversão de privatizações de serviços de água pelo mundo.
Contudo, como alerta o professor Heller: “Existem custos econômicos e políticos muito altos para o de Estado nesses processos de remunicipalização e reestatização. Muito melhor do que remunicipalizar e reestatizar é não privatizar”. E essa parece ser uma valiosa ideia que reforça a urgência da luta pela água e pelo saneamento.