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Abreu e Lima: um brasileiro que se destacou no Exército de Bolívar


03/09/2008


Colaboração de Mário Augusto Jakobskind, Conselheiro da ABI, correspondente do jornal 
uruguaio
Brecha e colunista dos portais Fazendo Média (www.fazendomedia.com)
 e Direto da Redação (
www.diretodaredacao.com)

A História brasileira está repleta de personagens importantes para a nacionalidade que ficaram absolutamente relegados a um segundo plano. Uma destas figuras é o General Jose Inácio de Abreu e Lima, mais conhecido como Abreu e Lima, um pernambucano que participou ativamente do Exército Libertador de Simon Bolívar nas campanhas de independência da Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, entre 1818 e 1832, tendo alcançado a Chefia do Estado-Maior do Exército bolivariano e recebido a patente de General.

No fim dos anos 40, quando era Governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho homenageou esta figura histórica precursora do ideário da integração sul-americana, tão em voga na atualidade, mudando o nome do distrito de Maricota para Abreu e Lima, hoje município.

Neste terceiro milênio, Abreu e Lima voltou a ser apresentado aos brasileiros, desta vez pelo Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, que em várias oportunidades lembrou o General no contexto histórico de Bolívar e, no acordo petrolífero entre a Petrobras e a PDVSA (a estatal venezuelana de petróleo), empenhou-se no sentido de a refinaria que está sendo erguida se localizasse exatamente no município de Abreu e Lima.

Abreu e Lima nasceu em 1794. Em seus 75 anos de vida — morreu em 1869 —, destacou-se como militar libertador e também como autor de vários livros, entre os quais o “Compêndio de História do Brasil” (1843), contando o período que vai do descobrimento até o ato da coroação e sagração de D. Pedro II. Em 1855, publicou “O socialismo”* — primeiro livro no Brasil sobre o tema, reeditado em 1979 pela Paz e Terra, com prefácio de Barbosa Lima Sobrinho. Este, movido de premonição, começava o texto afirmando que, “no dia em que o Brasil se interessar realmente por seu relacionamento com as repúblicas da América espanhola, Abreu e Lima conquistará a importância que merece na história de seu País”.

No fim da vida, manteve uma polêmica tão grande com o clero pernambucano, na defesa da liberdade de culto dos protestantes, que foi impedido de ser sepultado em um cemitério público e acabou enterrado em um cemitério anglicano, em Santo Amaro.

Filho natural do ex-padre José Inácio de Abreu e Lima, mais conhecido como Padre Roma, um líder atuante na revolução pernambucana de 1817, Abreu e Lima cursou a Academia Militar do Rio de Janeiro (1812-1816), saindo como Capitão da Artilharia e chegando a General. Preso em Recife, em 1816, acusado de insubordinação, responsável por desordem e por aderir à rebelião pernambucana, foi enviado à Bahia para cumprir pena, sendo obrigado a presenciar a execução de seu pai por fuzilamento, condenado por conspirar na revolução de 1817.

Conseguindo fugir da prisão graças à Maçonaria, da qual era adepto, Abreu e Lima começou seu périplo pelo exterior, indo inicialmente para os Estados Unidos e, em seguida, para a Venezuela — onde, com a morte de Bolívar, incompatibilizou-se com os detentores do poder. Antes de voltar ao Brasil, Abreu e Lima passou ainda pela Europa. No retorno, se filiou ao Partido Caramuru, que, segundo Barbosa Lima Sobrinho, aparentemente defendia a recondução de Dom Pedro I ao trono a que havia renunciado. Esta contradição, segundo Barbosa Lima, se deveu ao fato de Abreu e Lima ter considerado que esta seria a melhor forma de evitar a desagregação do País, não compreendendo que os chefes da Regência defendiam os mesmos propósitos.

Por estas e outras, Abreu e Lima volta com toda a força à atualidade neste terceiro milênio.

A Casa da América Latina criou recentemente a Medalha Abreu e Lima, que começou a ser entregue, uma vez por ano a cada 1º de setembro, a figuras que tenham ajudado a luta internacionalista de integração entre os povos latino-americanos.

Os primeiros cinco agraciados foram João Pedro Stédile, Modesto da Silveira, Neiva Moreira, Zuleide Faria de Mello e Fidel Castro.

(*) Baseado no socialismo cristão. Não há indícios de que tenha chegado a ler as obras de Karl Marx.