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A perfeição da imagem na emoção de quem vê


19/09/2008


Aline Sá
26/09/2008

Mudar de cidade não é problema para Thenes Pinto, que nasceu na Paraíba por acaso, porque seu pai, um pastor evangélico cearense, morava na capital de Pernambuco e decidiu que o primogênito devia nascer no Ceará. Um acidente, no entanto, atrapalhou os planos. Em 16 de fevereiro de 1945, o menino nasceu mesmo em Campina Grande. De lá, foi levado para Recife, onde viveu até 72, quando decidiu morar no Rio de Janeiro.

A afinidade com a fotografia foi descoberta ainda na infância, quando a irmã completava 15 anos e lhe pediu para clicar uma foto:
— Fiz um pôster p&b, 50cm x 60cm, que fez o maior sucesso — conta Thenes. — E as amigas dela passaram a ser minhas clientes.

Mas foi na igreja, quando uma Leica lhe caiu nas mãos, que ele se tornou mesmo profissional:
— Um pastor norte-americano, amigo do meu pai, tinha trazido a máquina dos Estados Unidos, mas não sabia usá-la. Quando ele perguntou se eu sabia, mais que rapidamente eu disse que sim. Isso aconteceu em 1965. Fiz boas fotos para o pastor e ele me presenteou com a câmera.

Com 40 anos de carreira, completos em agosto, ele fez fotos jornalísticas e publicitárias — especialmente para Casa & Jardim e a revista Domingo, do JB — e decidiu se mudar mais uma vez ao perceber que havia carência de fotojornalistas no Tocantins:
— Cheguei a pensar em abrir uma agência de publicidade com minha esposa, que é publicitária, mas ainda havia apenas 5 mil habitantes na capital. Então, eu fui trabalhar em jornal e ela, na primeira emissora de televisão local, uma repetidora do SBT, TV Real. Tudo estava começando em Palmas naquela época.

Assessoria

De 1991 a 96, Thenes conciliou o trabalho no primeiro jornal diário do estado, o Correio Tocantinense, com a assessoria do Governador Moises Avelino. Quando assumiu, seu sucessor, Siqueira Campos, lhe fez uma proposta para participar da equipe do levantamento do Patrimônio Histórico do Tocantins como fotógrafo. Ele aceitou e permaneceu três anos na função. Em 97, montou a Agência de Cultura, onde passou a dar cursos de Fotografia, formando uma turma anualmente e sempre destacando para eles que “a função da imagem é informar e/ou acrescentar informação a um texto”:
— Hoje há no estado mais de 30 profissionais que foram meus alunos e isso me deixa muito honrado. Também me orgulho muito do meu dos projetos culturais que realizo ali, como “Palmas ontem e hoje”, “O Tocantins é assim”… Só no ano passado, foram distribuídas mais de 15 mil cópias dos meus trabalhos para todo o País, para divulgar o nosso estado.

Outra dica que ele costuma passar aos alunos inclui muita paciência:
— Fotografia é uma arte e, como tal, exige que o artista seja paciente, curioso e metódico. Usando isso, os resultados de um trabalho são inimagináveis, pois a câmera é uma caixinha de surpresas e quem está por trás dela tem que ser uma espécie de mágico. Na fotografia, a pressa é inimiga da perfeição.

Retratos

A foto perfeita, ele acrescenta, não depende apenas de equipamentos de última geração, cenários exuberantes e pessoas com rostos perfeitos, mas também da mensagem que consegue transmitir, “transformando o abstrato em algo acessível a todos, por retratar os sentimentos”:
— O palco de ação de uma foto não tem limites. E se a imagem atinge a sensibilidade de quem vê, ela é perfeita. Gosto de fazer o belo ficar mais belo, gosto de mostrar a natureza em sua plenitude, gosto de mostrar o riso de uma criança brincando, feliz. Sou alegre e procuro transmitir minha alegria em minhas fotos.

Thenes é tão fascinado por registrar tudo o que vê que está sempre preparado para dar a sorte de “tropeçar” numa boa imagem:
— Sou apaixonado por fotografia e minha Nikon D80, com uma lente 18/135mm, está comigo o tempo todo. Se vejo uma cena interessante e tenho a chance de registrar, paro e faço a foto. Quantas vezes alguma agência solicitou uma foto que eu já tinha em meus arquivos… Sem contar que, no tempo do Correio Tocantinense, registrei praticamente todos os principais fatos e eventos dos primeiros anos do estado. Hoje, faço parte da história da sua criação. Importantíssimo também foi o trabalho para o Iphan, que me rendeu um arquivo de imagens de 27 cidades históricas, onde fotografei cada detalhe de monumentos, casarões e todo tipo de construção: do piso ao teto, está tudo registrado.

Distribuição

Incansável, Thenes é também Diretor da Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural do Instituto Cenog de Desenvolvimento do Tocantins e encontra tempo para disseminar os costumes do estado em exposições e palestras:
— Temos um uma importante parceria com a Fundação Cultural do Tocantins, onde os CDs dos nossos projetos são distribuídos gratuitamente — conta o fotógrafo.

Atualmente, está planejando a criação do Museu da Imagem e do Som do Tocantins, para o qual contribuirá com seu material, enquanto um colega cinegrafista cederá cinco mil horas de vídeos, contando a história do movimento separatista de Goiás. A idéia é ter também no local “exposições e aulas profissionalizantes acessíveis a todas as classes sociais”.  

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