13/10/2025
Por Emiliano José (*), em Pátria Latina

Palestina me comove.
Desde sempre.
Pela história milenar.
A mim, comove de modo especial a história recente.
Sobretudo, a do final dos anos 1940 para cá.
Desde lá, a guerra contra aquele povo.
Desde lá, o esforço terrorista para expulsar os palestinos das terras dele.
Desde lá, a tentativa de implantar, por absurdo, o único estado étnico do mundo.
Tentativa afinal bem-sucedida pela força.
E desde lá, a incrível resistência.
Resistência, lamentavelmente, denominada de terrorista.
O que se deve recusar liminarmente.
Todos os povos têm direito à resistência.
Seriam terroristas os vietnamitas?
Os argelinos?
Os maquis franceses?
Os guerrilheiros de Sierra Maestra?
Os tantos de nós que resistimos à ditadura?
Os que, América Latina afora, se dedicaram a combater regimes de arbítrio, aí, sim, de terror?
Não, não e não.
Nas últimas horas, à vista desse chamado acordo de paz, em andamento, e com enormes buracos, imagens me comoveram.
Multidões de volta à casa.
Multidões de palestinos voltando aos seus lares.
Que lares?
Aos escombros.
Escombros, frutos do genocídio sionista.
Mais de 70 mil mortos nesses dois anos de massacre.
Milhares e milhares de crianças.
De mulheres.
De civis.
E a tal massacre a mídia não denomina terrorista.
É como se o estado étnico, o estado sionista, tivesse o sagrado direito de matar, sagrado para eles.
E matar impunemente, ante o silêncio das grandes potências, não obstante multidões mundo afora denunciando a matança, irônica e tragicamente feita pelo Estado pretensamente representante de um povo submetido ao holocausto, agora repetido, numa evidente tentativa de limpeza étnica.
Um povo impressionante, o palestino.
De incrível capacidade de resistência.
De profundo amor ao chão deles, à ancestralidade milenar, pouco importando sobrassem apenas escombros.
Debaixo deles, aqueles mais de meio milhão de palestinos, procuravam corpos de parentes, e até vestígios das casas onde moravam.
Muitos choravam.
E o faziam entre tristes e alegres.
Tristes, porque vítima de um estado genocida, porque ainda sentindo a perda de tanta gente querida, pais, irmãos, tios, amigos, mães, namoradas, filhos, filhas.
E alegres porque podendo voltar à terra deles.
À terra querida.
O Estado israelense, ao longo da existência dele, desde o final dos anos 1940, promete acabar com a resistência.
Armado a mais não poder, sempre teve certeza de eliminá-la.
Ilusão.
A um povo como aquele não se derrota.
A não ser tivesse o destino de Canudos, e não sobrasse um único combatente, uma única combatente.
Comovente aquela marcha de mais de meio milhão de pessoas.
Cena a ficar na história.
A evidenciar a impossibilidade de derrotar o sonho de uma nação.
A impossibilidade de eliminar a resistência.
Palestina livre!
(*) jornalista, ex-deputado federal