13/06/2008
Na platéia que prestigiou “A trágica farsa”, dia 12, estava a estudante do 3º período de Comunicação Social da Facha Dayanna Alvarenga, de 24 anos, que destacou o enfoque atual da produção de 1956:
— Gostei muito da história, que mostra como a mídia pode manipular um acontecimento, transformando a mentira em realidade. O enredo me fez recordar as aulas sobre jornalismo literário, nas quais descobri que inúmeras matérias que receberam prêmios foram inventadas. Neste sentido, “A trágica farsa” cumpre seu papel, na medida em que critica a falta de ética profissional e o exercício leviano da profissão em troca de interesses financeiros.
Para a futura jornalista, o roteiro remete ao apelo em torno das celebridades instantâneas:
— As pessoas querem ficar famosas da noite para o dia e para isto aceitam se vender, e até mesmo manipular, em troca de dinheiro, como o jornalista do filme. Esse tipo de comportamento é inaceitável em qualquer cidadão, em especial naquele que trabalha diretamente com a notícia.
Dayanna lembra que a narrativa do filme conscientiza a sociedade em relação ao poder da imprensa:
— Estudantes de Jornalismo e profissionais de imprensa têm acesso à informação, ao contrário da população em geral, que muitas vezes é embalada por este jogo perigoso.
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Nesta quinta-feira, dia 19, a mostra A Imprensa no Cinema traz para a tela do Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar do edifício-sede da ABI (Rua Araújo Porto Alegre, 71 — Centro do Rio), às 19h, o filme “A grande ilusão”, de Robert Rossen.
No enredo de “All the king’s men” (no original), de 1949, Willie Stark, um humilde funcionário público, decide se candidatar ao cargo de Governador do Estado da Louisiana, estimulado por um partido de oposição, que busca angariar votos dos indecisos. Após ser convencido pelo manipulador Tiny Duffy e por um jovem jornalista, Jack Burden, Willie se lança à campanha eleitoral com a intenção de lutar contra as injustiças praticadas pelos políticos corruptos dos EUA. No entanto, após conquistar o poder, torna-se um político igualmente sujo, perverso e violento. Um processo de impeachment é movido contra ele pelo Juiz Samuel Irwin, o que faz o Governador incumbir o jornalista Burden a encontrar algum podre no passado do magistrado, a fim de fazê-lo desistir do processo.
O ator Broderick Crawford ganhou o Oscar de melhor ator em 1949 por sua atuação no papel de Willie Stark e Mercedes McCambridge, que venceu o de melhor atriz coadjuvante ao interpretar Sadie Burke, a conivente auxiliar política de Stark. Joanne Dru, John Derek, Shepperd Strudwick, Anne Seymour, Ralph Dumke, Walter Burke, Raymond Greenleaf e John Ireland, indicado ao Oscar de ator coadjuvante, também integram o elenco.
“A grande ilusão” é baseado no romance de Robert Penn Warren “All the king’s men”, publicado em 1946 e vencedor do Prêmio Pulitzer no ano seguinte. A história foi inspirada na ascensão e queda do magnata Huey Pierce Long, que era conhecido como “kingfish”, governou a Louisiana entre 1928 e 1932 e foi Senador de 1932 a 1935.