Banner 2
Banner 3
Banner 1

O papel do jornalismo na batalha de ideias foi o tema da 3ª Semana Nacional de Jornalismo em São Paulo


11/04/2025


A transformação de meios de comunicação em verdadeiros “partidos políticos”, alinhados com os setores mais conservadores da sociedade, foi uma das principais constatações apresentadas pelos participantes da quarta mesa de debates da 3a. Semana Nacional de Jornalismo, promovida pela ABI, realizada no auditório Freitas Nobre, do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo, na quinta feira (10/04).

Laura Capriglione, jornalista com passagens por vários veículos da mídia tradicional, foi também fundadora e editora da rede Jornalistas Livres. Ela fez uma ampla análise da situação atual da mídia brasileira, ressaltando o enfraquecimento das grandes empresas tradicionais e enfatizando a necessidade da existência de um jornalismo popular.

Mostrou como declínio dessas empresas refletiu no quase desaparecimento das reportagens e, tendo como consequência, o fato de “deixarem de falar da vida real das pessoas”, espaço que foi ocupado nas redes sociais pela “extrema direita”. E concluiu dizendo “ou a gente se aproxima da vida real do povo, ou a gente já perdeu a batalha de ideias”.

O jornalista Rodrigo Vianna, atualmente no portal ICL, passou por diversas emissoras de televisão, entre elas a Globo e Record e é doutor em História Social pela USP. Lembrando Gramsci e o conceito de hegemonia, mostrou a atualidade dessas ideias e como a luta se trava “nas escolas, nos teatros, nas igrejas e no mundo da comunicação onde os meios ajudam a travar a batalha de ideias a favor das elites”.

Como exemplo atual da partidarização da mídia, trouxe a manifestação de uma diretora da Folha de S.Paulo que, segundo ela, diante da fragilidade dos partidos políticos, os meios de comunicação deveriam exercer o papel de oposição. Obviamente naquele momento em que a situação era ocupada por um partido popular.

A precarização da profissão do jornalista foi lembrada pelo professor da ECA/USP, Rodrigo Ratier, relecionando-a com o declinio das reportagens. Discorreu sobre a crise também nos métodos da prática jornalística citando a “entrevista ao vivo” como algo a ser repensado. Concluiu dizendo que o jornalismo talvez necessite de um “olhar para dentro como forma de conhecimento para depois retornar, superando esta crise”.