Vitória da resistência: Rio e SP revogam as tarifas


Por Igor Waltz*

19/06/2013


Manifestação em frente ao Teatro Municipal, em São Paulo. (Crédito: Sebastião Moreira/EFE)

Manifestação em frente ao Teatro Municipal, em São Paulo. (Crédito: Sebastião Moreira/EFE)

Após a onda de protestos populares gerados pela insatisfação com o aumento do valor do transporte público, que levou cerca de 240 mil pessoas às ruas na última segunda-feira, 17 de junho, as prefeituras do Rio de Janeiro e São Paulo anunciaram nesta quarta-feira, 19 de junho, a redução das tarifas. Em São Paulo, durante uma coletiva de imprensa com a presença do Governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Fernando Haddad (PT), foi divulgada a informação que as passagens de ônibus, metrô e trem retornarão ao valor de R$ 3,00. No Rio, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) anunciou que as tarifas na cidade voltarão ao patamar de R$ 2,75. Também serão reduzidas as passagens de trem, metrô e barcas, segundo o Governador Sérgio Cabral (PMDB).

De acordo com Alckmin, o governo terá que apertar os cintos, mas que tomou a decisão para que a cidade possa discutir o tema com tranquilidade. “Vamos revogar o reajuste dado, voltando à tarifa antiga. Será um sacrifício grande. Temos que cortar investimentos já que as empresas não podem arcar com os custos. Apertando o cinto vamos cortar investimentos. Mas entendo que é importante”, disse Alckmin.

Eduardo Paes também falou em corte de custos. “São R$ 200 milhões que têm que ser arcados pelo poder público. Arcar com esses recursos significa, sim, a escolha de prioridades. Serão R$ 200 milhões a menos investidos em outras áreas”, afirmou o prefeito do Rio. O prefeito comparou os valores aos gastos com a manutenção das clínicas da família, que chega a R$ 400 milhões.

Paes ressaltou que os reajustes na passagem estão previstos nos contratos com as empresas de ônibus. Segundo o prefeito, 45% dos custos da planilha são com a folha salarial de funcionários, como motoristas e cobradores. Além disso, justificou Paes, o preço do óleo diesel teve um aumento em torno de 22%.

“Os reajustes não são concedidos aleatoriamente. Depois de muito tempo, essa lógica é respeitada”, justificou Paes, lembrando que as prefeituras de Rio e São Paulo deveriam aumentar o preço da passagem desde janeiro deste ano. “O governo federal nos solicitou que fosse adiado este aumento”, completou.

A revogação nos valores valerá a partir de quinta-feira, 20 de junho, no Rio, e na segunda-feira, dia 24, em São Paulo.

Redução em outras cidades

Desde o início dos protestos, prefeitos de outras 12 cidades, sendo nove capitais, anunciaram que vão reduzir as tarifas, cancelar reajustes ou diminuir o percentual de aumento das passagens. Cuiabá e Recife anunciaram ontem redução de R$ 0,10 nas passagens.

As prefeituras de João Pessoa, Porto Alegre e Goiânia cancelaram o reajuste. Curitiba, Manaus, Natal e Vitória reduziram o percentual de aumento das passagens. Além desses municípios, Blumenau (SC), por liminar, Caxias do Sul (RS) e Niterói (RJ) decidiram rever os preços.

Em nota, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT), afirma que em janeiro de 2013 revogou o decreto de reajuste das tarifas dos transportes públicos da gestão anterior e unificou as três tarifas existentes na cidade, passando todas para R$ 2,95. Após as manifestações, no entanto, ele decidiu retornar o valor para R$ 2,75. “Em respeito à sociedade civil, que se manifestou pacificamente em nossa cidade, a prefeitura adotará medidas necessárias e anuncia, neste momento, que a tarifa dos transportes coletivos municipais retornará ao valor de R$ 2,75”, diz trecho do comunicado.

* Com informações do jornal O Globo e portal UOL.