Violência contra jornalistas cresceu em 2013, diz entidade


Por Cláudia Souza*

14/10/2013


 

Violência contra jornalistas / Montagem: R7

Violência contra jornalistas / Montagem: R7

Representantes de emissoras de rádio e televisão das três Américas estarão reunidos para a 43ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), que teve início neste domingo, dia 13, e segue até quinta-feira, dia 17, no Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro. A AIR representa 15 mil emissoras comerciais no continente americano.

O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão(Abert), Daniel Slaviero, vai apresentar nesta terça-feira, 15, o “Relatório de Liberdade de Imprensa”, com casos de violação verificados nos últimos 12 meses no Brasil. O documento dedica um capítulo especial às ocorrências registradas durante as recentes manifestações no país.

O estudo mostra que entre outubro de 2012 a setembro de 2013, foram registrados 136 casos de ameaças, atentados, agressões, censura judicial e assassinatos contra jornalistas no exercício da profissão. Número representa aumento de 172% em relação aos 50 casos verificados entre outubro de 2011 a setembro de 2012.

O relatório de 2013 contabiliza cinco mortes no exercício da profissão desde o início de 2013, contra os seis registros de assassinato ocorridos ao longo de 2012. De acordo com a Abert, os casos de hostilidade, agressões e intimidações registrados contra a imprensa a partir de junho de 2013, durante os protestos nas ruas em diversas cidades brasileiras, contribuíram para elevar as estatísticas.

Violência policial

O estudo afirma que das 136 ocorrências registradas em 2013, cerca de 90 estão atreladas às manifestações. Durante os protestos do Dia da Independência do Brasil, comemorado em 7 de Setembro, foram contabilizados 20 ataques a jornalistas de 14 veículos. Dos 20 casos de violência, 18 foram praticados pela polícia.

O relatório mostra ainda que Brasília foi a cidade mais violenta para repórteres e fotógrafos no feriado da Independência, totalizando 12 profissionais feridos, todos por policiais militares.

— Infelizmente, o ano de 2013 ficará marcado como um ponto negro em razão do aumento explosivos das ocorrências. Quando um profissional de imprensa é impedido de fazer seu trabalho, a sociedade é a maior prejudicada, afirma o presidente da Abert, Daniel Slaviero, vice-presidente do Comitê Permanente de Liberdade de Expressão da AIR.

Para Slaviero , o aumento de episódios contra a liberdade de imprensa no Brasil representa “um importante alerta global”:

— A situação demonstra que é preciso haver vigilância permanente, pois os casos podem ocorrer mesmo nas democracias. Apesar de ser um valor enraizado na sociedade, a liberdade de expressão e de imprensa é um processo carente de consolidação e de vigilância para impedir retrocessos.

Slaviero chamou a atenção também para os quatro casos de censura prévia assegurados por decisões judiciais:

— É uma fonte grave de preocupação, uma censura proveniente da Justiça, um dos poderes que mais deveriam zelar pelo exercício da profissão. É a fonte de decisões que proíbe os veículos de tratar de determinados assuntos.

Diretoria

Além da divulgação do relatório, durante o encontro serão debatidos temas relacionados à liberdade de expressão e à convergência tecnológica. A programação inclui ainda a escolha dos novos dirigentes da AIR para o período 2013/2015. Atualmente, a representação brasileira na AIR reúne Paulo Tonet Camargo (Organizações Globo); no cargo de vice-presidente; Alexandre Jobim (Grupo RBS), no cargo de presidente do Comitê Jurídico Permanente, e Daniel Slaviero, na vice-presidência do Comitê Permanente de Liberdade de Expressão.

*Com informações da Abert, O Globo.