Vasco, 110 anos (IV)


22/08/2008


A praga de Arubinha era para durar 12 anos, porém durou apenas oito anos, de 1936 a 1944. Será que ela teve efeito retardado e vingou 20 anos depois? O fato é que o Vasco veio a ser campeão do Rio de Janeiro após 12 anos, em 1970. Quatro anos antes, os vascaínos, botafoguenses, corintianos e santistas terminaram o Rio-São Paulo em primeiro lugar. O torneio não foi decidido por falta de datas, em razão dos preparativos da seleção brasileira para a Copa de 66.

Uma semana depois da conquista do mundial de 70, no México, começava o campeonato estadual. Entre os grandes clubes cariocas, o Vasco era o único que não cedera jogadores para a seleção campeã do mundo. Seu técnico, Elba de Pádua Lima — o Tim, maior estrategista do futebol brasileiro — procurou tirar o máximo de seus jogadores. Os destaques do time eram o goleiro argentino Andrada, o lateral direito Fidélis, o meio-campo formado por Alcir e Buglê e o atacante Silva, o “Batuta” (foto à direita).

 Roberto Dinamite

O título foi arduamente disputado, especialmente com o Fluminense. Ao final do campeonato, a diferença foi de apenas um ponto entre vascaínos e tricolores. O time base do Vasco era formado por Andrada, Fidélis, Miguel, Renê e Eberval; Alcir e Buglê; Luís Carlos, Valfrido, Silva e Gilson Nunes.

No ano seguinte, um garoto com potente chute, chamado Roberto, estufava as redes do Internacional de Porto Alegre, em partida válida pelo campeonato brasileiro, no dia 25 de novembro de 1971. O jornalista Aparício Pires, no Jornal dos Sports, escrevia: “Garoto-dinamite explode no Maracanã.” Daí em diante, o jovem atacante passou a ser conhecido por Roberto Dinamite, tornando-se o maior ídolo da história do clube.

Em 1972, o Vasco contratou o atacante fora de série e campeão mundial de 70, no México, Eduardo Gonçalves de Andrade. Tostão, três anos antes, recebera violenta bolada do zagueiro Ditão, do Corinthians, a qual provocou o descolamento da retina de seu olho esquerdo. O craque mineiro deixou prematuramente o futebol, em razão de uma infecção na vista atingida. Tostão (na foto à direita) enfrentou a defesa corinthiana na 19ª rodada do campeonato brasileiro, em 11 de novembro de 1972, no Pacaembu. Roberto e Rivelino construíram o placar de 1 a 1.

Quadrangular

De março a agosto de 1974, o Vasco disputou o campeonato brasileiro. Com a equipe de São Januário, Cruzeiro, Internacional e Santos participaram do quadrangular final. O time carioca venceu o Santos por 2 a 1, e empatou com os outros dois adversários, Internacional (2 a 2) e Cruzeiro (1 a 1). Os mineiros também empataram com o Internacional (1 a 1) e ganharam do Santos por 3 a 1. No jogo extra, transferido de Belo Horizonte para o Rio, o Vasco derrotou o Cruzeiro por 3 a 1 e se sagrou campeão. Roberto Dinamite foi o artilheiro do campeonato com 16 gols.

No triangular decisivo do campeonato estadual, o Vasco enfrentou o América e o Flamengo. As partidas apresentaram os seguintes resultados: Flamengo 2 x América 1; Vasco 2 x América 1, gols de Gilson Nunes e Roberto Dinamite; e Vasco 0 x Flamengo 0. Com o empate diante dos rubro-negros, os vascaínos ficaram com o vice-campeonato.

Na Taça Libertadores de 1975, o Vasco foi eliminado na primeira fase, após os seguintes resultados: Atlético Nacional, da Colômbia, (1 a 1 e 2 a 0), Deportivo Cali (1 a 2 e 0 a 0) e Cruzeiro (2 a 3 e 1 a 1).

Técnicos

Na temporada de 1977, Orlando Fantoni, carinhosamente chamado de titio pelos jogadores, dirigiu o time do Vasco, levando-o ao título estadual. Destacavam-se no elenco liderado por Roberto Dinamite, o goleiro Mazaropi, o lateral direito Orlando “Lelé”, o zagueiro Abel, o campeão mundial Marco Antônio, o médio Zé Mário e o versátil Dirceu. (na foto ao lado, além dos jogadores, vemos com a faixa de campeão o quarto-zagueiro Ivan, o técnico, os extremas Jorginho Carvoeiro e Paulinho e o massagista Santana).

No dia 22 de setembro de 1977, Vasco e Flamengo, respectivamente vencedores do primeiro e do segundo turnos, decidiram o título. Ao final dos 120 minutos jogados, o marcador permaneceu 0 a 0. Na série de pênaltis o Vasco ganhou por 5 a 4. Roberto bateu o quinto pênalti e Mazaropi defendeu o chute de Tita.

Cinco anos depois, em 1982, sob a direção técnica de Antônio Lopes, o Vasco conquistava o título estadual, numa emocionante decisão contra o Flamengo. Após vencer o América (vencedor do segundo turno) por 1 a 0, o time de São Januário enfrentou os rubro-negros (vencedores do primeiro turno em partida extra com o Vasco), que derrotaram os americanos por 1 a 0. O time vascaíno participou do triangular final por ter somado maior número de pontos. Na semana do jogo, Lopes substituiu cinco titulares. Entre os que entraram estava Marquinho, autor do gol do título aos 3 minutos do 2º tempo, tocando de cabeça no canto direito de Raul, ao aproveitar o centro de Pedrinho Gaúcho na batida de escanteio. Na partida final, o Vasco iniciou o jogo com Acácio, Galvão, Celso, Ivan e Pedrinho; Serginho, Dudu e Ernani; Pedrinho Gaúcho, Roberto e Jerson.

Artilheiro

Em 1985, na primeira rodada do campeonato estadual contra a Portuguesa, surgia no ataque do Vasco o jovem Romário de Souza Faria. Seu time ganhou por 5 a 2 e ele marcou três gols. Romário mostrava a cada jogo todas as suas qualidades de grande artilheiro.

O ex-rubro-negro Tita, em 1987, marcou o gol da conquista do título estadual em cima do Flamengo. Como vencedor da Taça Guanabara, o Vasco se classificou para o triangular decisivo ao lado do Bangu (vencedor do segundo turno) e o Flamengo (vencedor do terceiro turno).

            Cocada tira a camisa

No dia 2 de agosto, o Vasco goleou o Bangu por 4 a 0 e decidiu com o Flamengo, que venceu o time alvirrubro por 1 a 0. No domingo seguinte, o ex-rubro-negro Tita, aos 42 minutos do primeiro tempo, fez a torcida vascaína vibrar com o título de campeão.

Em 1988, ano do bicampeonato, o Vasco chegou à final por ter vencido o segundo turno e com um ponto extra na melhor de quatro pontos, em razão de ganhar o terceiro turno, vencendo o Flamengo por 3 a 1.

No dia 19 de junho de 1988, o Vasco derrotou o Flamengo por 2 a 1, gols de Bebeto (Flamengo 1 a 0), Bismark e Romário. Na segunda partida, em 22 de junho, o empate era suficiente para a conquista do bicampeonato. Mas um certo Cocada, irmão do conhecido Miller, do São Paulo e de outros clubes, se tornou o herói da festa. Substituiu o atacante Vivinho aos 42 minutos do segundo tempo e, um minuto depois, arrancou pela direita e soltou a bomba contra a meta de Zé Carlos, marcando o gol da vitória. Emocionado, tirou a camisa, jogando-a contra a torcida do Flamengo, e foi expulso pelo árbitro Aloísio Viug.

 Sorato

Anos 80

O segundo título do campeonato brasileiro foi a última conquista vascaína na década de 80. Sob a direção técnica do competente Nelson da Rosa Martins, o Nelsinho, o Vasco se sagrou campeão brasileiro.

Na primeira fase, os 22 participantes foram divididos em dois grupos, com os clubes se enfrentando dentro do grupo, em apenas um turno. Na segunda fase, os 16 classificados, divididos em dois grupos, levaram os pontos da primeira fase e jogaram com os adversários do outro grupo. Vasco e São Paulo, vencedores dos grupos, disputaram a final do campeonato. A melhor campanha vascaína ofereceu as seguintes vantagens: escolher o local do primeiro jogo e precisar apenas de dois pontos para ser campeão. No dia 16 de dezembro, o Vasco ganhou do São Paulo, no Morumbi, por um 1 a 0, gol de Sorato.