Valor Econômico demite cerca de 30 jornalistas


Por Claudia Souza e Igor Waltz*

31/05/2013


A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) recebeu na última terça-feira, 28 de maio, resposta às reivindicações apresentadas aos diretores do jornal Valor Econômico na reunião de emergência realizada no dia 24, a pedido do sindicato, com representantes do veículo, que pertence às Organizações Globo em parceria com o Grupo Folha. Segundo informações, na última quinta-feira, 23 de maio, a publicação econômica teria cortado pelo menos 30 profissionais da redação e mais uma dezena de áreas administrativas.

Os representantes do jornal afirmaram que pretendem manter o convênio médico dos dispensados até o fim de 2013, mas, apesar do pedido do SJSP, não elevaram os valores da rescisão contratual, apresentada na reunião do dia 24: 1 salário nominal a mais para os jornalistas com até 5 anos de redação; 1,5 salários para os que tiverem de 5 a 10 anos de redação e 2,5 para os jornalistas com mais de 10 anos na empresa.

O Valor Econômico ainda não revelou o número oficial de jornalistas demitidos, entre 25 e 28 profissionais em São Paulo, de um total de 180 profissionais de jornalistas, e não marcou as datas das homologações que deverão ser realizadas no Departamento Jurídico do SJSP, para os jornalistas que trabalhem há mais de 1 ano de empresa.

Na reunião do dia 24, o Presidente do SJSP, José Augusto Camargo, e o coordenador do Departamento Jurídico da entidade, Raphael Maia repudiaram as demissões e afirmaram que as dispensas em massa precisam ser negociadas com o sindicato.

Os representantes do jornal asseguraram, na ocasião, que não serão realizados novos cortes, uma vez que, segundo a direção do veículo, o processo de reestruturação da empresa teria sido encerrado. Eles classificaram o processo como “turn over” ordinário, alegando que a empresa “vem sofrendo forte impacto e por isso promoveu as mudanças.”

Os dirigentes do SJSP informaram que a categoria dos jornalistas está em campanha salarial e que as demissões não deveriam ocorrer neste período. Além disso, solicitaram o aumento do valor das indenizações e a extensão do convênio médico de 6 para 8 meses.

Os interlocutores do Valor Econômico asseguraram que os índices de aumento salarial a serem conquistados pela categoria serão repassados aos profissionais demitidos e desmentiram que os cortes estejam sendo realizados em função de problemas no Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico, como foi denunciado por alguns jornalistas ao SJSP.

Cortes

As demissões teriam atingido a sede em São Paulo e as sucursais do Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). As áreas afetadas são arte, tecnologia, redação, diagramação e a plataforma Valor Data. O motivo alegado pela empresa é a redução na folha de pagamentos. Não foi anunciado nenhum corte de suplementos e nem cadernos do jornal até o momento.

Informações de mercado apontam que o Valor Pro, serviço de informação em tempo real lançado no final de janeiro, seria o principal responsável. O produto seguiu a uma onda positiva do jornal, que fechou 2012 com alta de 20% na receita publicitária e balizou um projeto de expansão da marca, conforme afirmara à época seu CEO, Alexandre Caldini Neto. O projeto do Valor Pro custou mais de R$ 100 milhões e o serviço fornece indicadores econômicos e análises econômicas do Brasil e exterior, fundamentados num banco de dados de mais de 5 mil empresas.

O próprio Valor Pro foi poupado de demissões, indicando que a diretoria ainda aposta na ferramenta. Por outro lado, editores e repórteres especiais de outras editorias seriam os principais na lista de dispensa, devido aos altos salários. O último ambiente de crise que o jornal atravessou foi em dezembro do ano passado, quando descontinuou a revista Valor Investe, também por falta de resultados, mas a decisão não chegou a atingir postos de trabalho.

*Com informações dos sites Meio & Mensagem, Jornalistas & Cia, Portal Imprensa e Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo.