Unesco premia jornalista torturada


15/04/2010


A jornalista chilena Mónica González Mujica, presa e torturada sob a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), foi escolhida pela Unesco para receber o Prêmio Mundial Guillermo Cano de Liberdade de Imprensa, e um cheque de 25 mil euros (cerca de R$ 45 mil).

Mónica González Mujica receberá o prêmio das mãos da diretora geral da Unesco, a búlgara Irina Bokova, em cerimônia que será realizada em Brisbane, na Austrália, em 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Depois de passar quatro anos no exílio após o golpe militar de 1973, a jornalista retornou ao país e passou a investigar sobre as violações de direitos humanos e ações financeiras do General Augusto Pinochet e família.

Por causa disso, Mónica González continuou sendo perseguida pelo serviço secreto do regime, e teve que deixar vários empregos. A jornalista foi presa e torturada entre 1984 e 1985. Mónica enfrentou ainda novas prisões e tribunais chilenos. Depois de libertada, continuou a publicar livros e artigos sobre os abusos da ditadura militar.

Valor

Por meio de um comunicado, a Unesco divulgou o comentário do Presidente do Júri, Joe Thloloe, que elogiou a trajetória jornalística de Mónica :
— Mónica González deu provas de valor e mostrou o lado obscuro do Chile ao longo de toda sua vida profissional — afirmou Thloloe, que também é ombusdman do Conselho de Imprensa da África do Sul. — Ela tem o espírito que inspira o prêmio. Foi presa, torturada e processada, mas continuou firme.

Desde 2007, Mónica González Mujica é diretora do Centro de Jornalismo e Investigação em Santiago. Ela foi recomendada ao prêmio da Unesco por um júri internacional formado por 12 jornalistas.

Desde sua criação o prêmio foi conferido aos seguintes jornalistas: Lasantha Wickrematunge (Sri Lanka, 2009), Lydia Cacho (México, 2008), Anna Politkovskaya (Federación de Rusia, 2007), May Chidiac (Líbano, 2006), Cheng Yizhong, (China, 2005), Raúl Rivero (Cuba, 2004), Amira Hass (Israel, 2003), Geoffrey Nyarota (Zimbabwe, 2002), U Win Tin (Myanmar, 2001), Nizar Nayyouf (Siria, 2000), Jesús Blancornelas (México, 1999), Christina Anyanwu (Nigeria, 1998), Gao Yu (China, 1997).

O Prêmio Mundial Guillermo Cano de Liberdade de Imprensa foi criado há mais de 10 anos, em memória ao editor de um jornal colombiano assassinado em 1987, por denunciar atividades de traficantes de drogas na região.

* Com informações da Unesco.