Um presente com valor histórico

&bbsp;    Cláudia Souza

Ao completar 70 anos de idade nesta quarta-feira, dia 26, Adalberto do Nascimento Cândido, filho de João Cândido, o “Almirante Negro”, disse que a anistia concedida a seu pai, 98 anos depois do movimento conhecido como Revolta da Chibata, foi o melhor presente de aniversário:
— Para mim e a minha família, este presente e tudo isso que está acontecendo em torno da memória do meu pai, que foi resgatada pelo Governo popular do Presidente Lula, tem também um valor histórico muito significativo. A partir de agora, toda a sociedade brasileira reconhece o valor de João Cândido para a História do Brasil. Hoje, dia do meu aniversário, me sinto presenteado porque o Estado brasileiro reconheceu que devia uma reparação ao meu pai, concedendo-lhe a anistia. Estou honrado, agradecido e, ao mesmo tempo, feliz, por ter podido ver e participar desse momento histórico do País.

Funcionário mais antigo da Associação Brasileira de Imprensa, onde está há 55 anos, Candinho — como é mais conhecido — festejou seu 70º aniversário com os companheiros de trabalho na tarde desta quarta-feira. Segundo ele, agora só falta a indenização, que o Ministro Edson Santos já prometeu se empenhar em conseguir para a família.

Solange Noronha

Brasília

Na segunda-feira, Candinho esteve em Brasília a convite do Ministério da Educação, para participar da cerimônia de abertura da Semana da Consciência Negra, em que recebeu das mãos do Ministro Fernando Haddad uma placa em homenagem a João Cândido. O encontro está sendo realizado, até o próximo dia 28, no auditório do edifício-sede do MEC, localizado na Esplanada dos Ministérios, Bloco L, térreo.

A placa tem os seguintes dizeres: “O Ministério da Educação, em reconhecimento à luta pela igualdade de direitos humanos, presta homenagem ao marinheiro João Cândido, consagrado como o Almirante Negro, que após 98 anos da Revolta da Chibata recebe a proclamação da anistia.”

As homenagens a João Cândido começaram na última quinta-feira, Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, quando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministro da Secretaria Especial para a Igualdade Racial, Edson Santos, vieram ao Rio de Janeiro especialmente para inaugurar uma estátua de João Cândido na Praça XV, palco da rebelião liderada pelo marinheiro contra os maus-tratos com que a Marinha punia seus praças.

Discurso

Durante seu discurso, o Presidente da República defendeu a extensão do feriado de 20 de novembro a todas as cidades brasileiras. Criado inicialmente no Rio de Janeiro, em 1999, por um projeto de lei do então Vereador Edson Santos, atual Ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Sepir), o Dia de Zumbi atualmente é comemorado oficialmente em 350 municípios:
— Precisamos aprender a transformar os nossos mortos em heróis. Antes eram 225 cidades, mas possivelmente seria importante transformá-lo em feriado nacional — disse Lula no ato comemorativo do Dia Nacional da Consciência Negra.

O Vice-governador Luiz Fernando Pezão também falou da importância do feriado e destacou:
— O nosso Governo já deu o pontapé para o fim do racismo quando institucionalizou o ensino da História africana nas escolas (com base na Lei federal 10.639). Este segmento da sociedade (os negros) dá grande contribuição à cultura.

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