Um ano de Covid nas favelas: As organizações que fizeram a diferença


31/03/2021


Por Claudia Sanches

No dia 22 de março completou um ano que o coronavírus chegou nas favelas do Rio, na Cidade de Deus. A pandemia gerou grande impacto nas comunidades. Além dos casos graves e mortes por Covid-19, mais carentes, os moradores sofrem com a falta de atendimento médico, saneamento básico, segurança, desemprego, fome e a desinformação. A situação nas comunidades só piora enquanto as doações de alimentos diminuem com o agravamento da crise econômica.

De acordo com informações do Painel de Atualização de Coronavírus nas Favelas do Rio de Janeiro, criado pelo coletivo Voz das Comunidades, foram registrados 49 novos casos e 5 mortes de Covid-19 nas favelas do Rio de Janeiro nas últimas 24h. Ao todo, nas 25 favelas do Rio que o Voz das Comunidades acompanha, 15.564 moradores já foram infectados e o número de mortes devido ao coronavírus chegou a 1.474.

Dois dos cinco óbitos foram na Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, dois no Lins de Vasconcelos, na Zona Norte e um na comunidade da Babilônia/Chapéu Mangueira, na Zona Sul. Os dados foram divulgados na noite de quinta-feira.

A média móvel é 66 casos por dia nos últimos sete dias. Isso representa um aumento de 187,04% em comparação há 14 dias.

Solidariedade

ONGs se mobilizam por cestas básicas
Na omissão do poder público, recentemente, no Complexo do Alemão, os moradores se organizaram para doar mais de 6 mil sextas básicas aos mais carentes . O fundador de A Voz das Comunidades, Renê Silva, juntamente com o Coletivo Papo Reto e Mulheres do Alemão em Ação, fundou um ‘gabinete de crise’ para divulgar informações aos moradores sobre o coronavírus, a importância da alimentação, da máscara e de ficar em casa. Porém a demanda por doação começou a aumentar por conta da fome e a falta de insumos como álcool gel e máscaras. As doações caíram muito, conta o comunicador. “As pessoas começaram a procurar as ONGs para pedir doações. Através de mobilizações pela internet, com ajuda de voluntários, estão levando as cestas básicas nas casas das pessoas para que elas permaneçam em casa.

O número de óbitos e contágios só aumenta nas comunidades e são subnotificados. Os dados são divulgados pela Prefeitura, mas as informações fornecidas pelas Clínicas da Família ajudam Plataforma a monitorar mais esses casos. Clique aqui para ver os gráficos Voz das Comunidades.

Assista entrevista com a médica Nayara Rocha, especialista em medicina de família e comunidade, da Clínica da Família Zilda Arns, no Complexo do Alemão, para esclarecer as dúvidas sobre o Covid-19 e falar sobre o aumento de atendimentos na clínica. A apresentação é da Alana Nascimento. Clique aqui para assistir ao vídeo.

Fotos: Melissa Canabrava

Voz das Comunidades e Blume Alimentos se unem em ação que doa pães para moradores do Alemão.

Equipe da ONG realiza distribuição duas vezes por semana de pães e Blume Alimentos é o mais novo parceiro do Voz das Comunidades.

Desde que iniciou a pandemia, o Voz das Comunidades trabalha para reduzir a desigualdade social. O Jornal realiza doações de alimentos, produtos de higiene e limpeza, refeição e agora ganhou mais um parceiro, a Blume Alimentos, com doações de pães.

A Blume Alimentos assumiu em parceria com o Voz das Comunidades, a responsabilidade de fornecer pães toda quarta-feira e sábado, reforçando a alimentação de aproximadamente 3.670 famílias no Complexo do Alemão. O objetivo da ação é apoiar moradores da região no enfrentamento da pandemia, momento em que milhares de pessoas perderam seus empregos.

Fotos: Melissa Canabrava

A panificadora doa em média de 250 a 700 pães por semana, que são distribuídos por várias localidades do Complexo do Alemão. A padaria fica localizada na Rua Nair, 95, Olaria, zona norte do Rio de Janeiro e é responsável pela entrega dos pães no jornal. A equipe de produção do Voz das Comunidades é responsável pela distribuição a partir de um mapeamento feito pela ONG famílias em situação  de vulnerabilidade.

A ONG Voz das Comunidades, no cumprimento de sua missão, de promover ações sociais que contribuem para o fortalecimento das redes de solidariedade nesse momento tão difícil, reforça a importância dessas iniciativas dentro das favelas.

ONG Voz das Comunidades  muda as estratégias  e  mantém a ação de páscoa

A Páscoa está garantida em 2021 para os moradores do Complexo do Alemão, Penha e Vidigal.

A ONG Voz das Comunidades vai realizar neste ano de 2021 uma Páscoa diferenciada. Em função da pandemia, a ONG fez um novo planejamento para levar caixas e barras de chocolates para as crianças moradoras de favelas.
“Essa ação é uma das mais gratificantes para o Voz das Comunidades, pois é quando a gente vê o sorriso da criançada. A gente sabe muito bem a situação dos moradores aqui da área e a maioria não tem condições de comprar um chocolate para fazer o filho feliz, ainda mais neste momento tão difícil que enfrentamos.” declara Rene Silva, presidente da ONG.

A  campanha iniciou no dia 3 de março, nas redes sociais do jornal e qualquer pessoa pode colaborar com a “PAZcoa das Comunidades”, a ação que distribui chocolates para crianças de até 12 anos em favelas do Rio de Janeiro.

A ONG Voz das Comunidades chega a sua 12ª edição do “PAZCOA das Comunidades”, com o desejo de superar a meta de 2019, que bateu o recorde de mais de 7 mil chocolates arrecadados e levar essa alegria a mais crianças carentes. Uma vez que, em 2020 a entrega de chocolates foi mais cautelosa e pacífica por causa da pandemia.

Fotos: Melissa Canabrava

Para realizar a campanha, a equipe de produção da ONG fez um planejamento que pudesse atender as crianças, a partir do cenário da pandemia e ao mesmo tempo,  preservar  a saúde das pessoas envolvidas. O evento está programado para o dia 3 de abril, no horário das 8 às 12 horas.

Na ação, 40 voluntários vão colaborar no controle de aglomerações e participarão das distribuições, que estão previstas para acontecer no Vidigal, zona Sul do Rio, e nos Complexos do Alemão e Penha, zona norte da cidade.  contará apenas com o apoio de 40 voluntários, número reduzido para conter a aglomeração e os Complexos do Alemão e Penha, além do Morro do Vidigal serão os locais beneficiados com a distribuição de chocolates.

As estratégias de prevenção seguirão  recomendações de segurança da OMS, usando máscaras, trocando a cada 2 horas de uso, álcool gel e evitando ao máximo o contato com as crianças. Para isso, os voluntários receberam as instruções e materiais com antecedência, a fim de evitar que aconteça concentração de pessoas antes da ação. O objetivo é que todos recebam o kit básico facilitando a organização no dia da distribuição.

Segundo Rene Silva, editor chefe do Jornal Voz das Comunidades, a meta deste ano são 10 mil chocolates para que milhares de crianças possam receber nas portas de suas casas. Quem quiser doar, basta acessar a página do jornal e se cadastrar.