Tragédia no Rio mobiliza a imprensa


17/01/2011


As chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio já causaram a morte de mais de 600 pessoas em Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. A cobertura da maior tragédia da história do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil mobiliza o trabalho de dezenas de jornalistas do Brasil e do exterior. 

Equipes de reportagem de emissoras de rádio, TV, jornais, e sites, em busca da notícia, se dividem entre as cidades atingidas e testemunham a tragédia de milhares de pessoas que necessitam de socorro em meio ao cenário devastador e inóspito.

Câmeras, blocos de anotação, laptops e celulares registram o drama daqueles que perderam parentes, casas, documentos, e se encontram em abrigos improvisados à espera da ajuda humanitária que chega de todas as partes do País.

Em meio ao isolamento provocado pela pane nos serviços de telecomunicações e ao fechamento dos acessos à região, a imprensa luta e avança para reportar os fatos e chamar a atenção do mundo para a destruição que não para de crescer.

A falta de energia elétrica afetou a cobertura das emissoras de TV na região serrana do Rio. As equipes de reportagem enfrentam problemas de locomoção nessas áreas, além de queda de comunicação, que já tirou do ar por algumas horas a Inter TV Serra, afiliada da Rede Globo. 

De acordo com números divulgados pela Telelistas.net, site de buscas de telefones e endereços de empresas, pessoas e serviços, a procura por telefones de emissoras de rádio e TV registrou crescimento de mais de 1000% desde o início das chuvas na última terça-feira, dia 11, em comparação ao mesmo período em 2009. Somente na quarta-feira, dia 12, mais de 400 pessoas solicitaram o contato de veículos de comunicação para saber informações sobre a tragédia.

No exterior, os principais jornais estampam imagens do maior desastre natural da história do Brasil. Na França, o jornal Le Monde destaca as enchentes e lembra que o número de mortos aumenta a cada dia. O jornal italiano La Repubblica cita o discurso político em torno das responsabilidades pela tragédia. O argentino O Clarin recorda enchentes que atingiram o Brasil nos últimos anos. Na Espanha, o El País noticiou a presença da Presidente Dilma Roussef nas regiões atingidas pelas chuvas. No site da rede de TV CNN, o Brasil é citado ao lado de países como Austrália, Filipinas e Sri Lanka, também castigados por grandes enchentes. 

Além da mídia tradicional, as redes sociais também integram os esforços de mobilização em auxílio às vítimas da Região Serrana do Rio. Com as redes de telefonia afetadas, muitas pessoas recorrem ao Twitter, Orkut, Facebook, e blogs para buscar e oferecer socorro.
O estudante do 6º período de jornalismo da PUC-RJ Bernardo Dugin, 21 anos, realizou na última quinta-feira, dia 13, uma transmissão ao vivo pelo Twitter, através de uma webcam, com informações sobre a tragédia em Nova Friburgo:
—Moro no Rio há três anos, mas toda a minha família e meus amigos residem em Friburgo. Decidi fazer a cobertura para conseguir notícias. Eu buscava informações sobre a cidade e não encontrava.
 
Segundo o estudante, esta foi a primeira vez em que realizou uma cobertura na internet:
—Meu twitter (@bdugin) virou fonte de notícias tanto para pessoas comuns preocupadas com seus familiares, quanto para sites importantes de grandes portais de notícias que começaram a me seguir. Antes, eu tinha cerca de 200 seguidores, hoje tenho mais de mil e trezentos.
 
Para apurar os fatos, Bruno contou com a ajuda de amigos e parentes:
—Por telefone, rádio e internet, contei com a colaboração de familiares, colegas e pessoas do país inteiro. Minhas informações eram repassadas por eles criando uma grande rede de informação.
 
De acordo com Bruno, o diferencial de sua cobertura foi determinado pela cooperação dos moradores das regiões afetadas pelas chuvas:
—Consegui divulgar informações específicas e mais bem detalhadas sobre os bairros e localidades de Friburgo. Os repórteres da grande mídia dão um panorama geral, e não conhecem tão bem a cidade, e as pessoas, às vezes, querem saber como está a vizinha, ou o bairro onde a família mora. No Twitter, as pessoas me perguntavam diretamente e e tinham a resposta imediata. É uma relação bem direta, quase um plantão pela internet. 
 
Nesta segunda-feira, dia 17, Bernardo estava a caminho de Friburgo para entregar mais de nove toneladas de alimentos, que seguiram em seis caminhões. Os donativos  foram arrecadados a partir da mobilização na internet:
—Pretendo continuar o meu trabalho de cobertura da tragédia em Friburgo, caso eu  consiga ter acesso à internet. Criaram um blog que reúne todas as informações divulgadas no meu twitter. Minha prioridade é ajudar a população.

Ajuda

 
O jornalista Iury Tavares, repórter da Rádio BandNews FM também relatou as dificuldades de trabalho na Serra:
 
“Fiz a cobertura de Teresópolis, primeiramente na área urbana, nos bairros Espanhol, Campo Grande, Calene, entre outros. Fiquei na cidade de quarta-feira,12, até sexta-feira, 14, hospedado em um hotel no Centro de Teresópolis. Na segunda semana após as enchentes, passei a fazer o trajeto Rio-Teresópolis-Rio diariamente.
 
Na primeira ida a Teresópolis, fui sem saber se ia passar a noite ou não, e viajei com todos os equipamentos necessários. Teresópolis me pareceu mais organizada, com mais estrutura, pois o Centro não foi tão afetado.
 
A TV tem a facilidade de ter o satélite, que pode entrar no ar de qualquer lugar.  No rádio temos o telefone. Eu levei três celulares: o meu, um da rádio e um Nextel também da Band, e mesmo assim, em lugares mais afetados nenhum dos três tinha sinal. Eu tinha que voltar pela estrada até encontrar algum ponto com sinal e esperar até entrar no ar, dali mesmo.
 
No Centro de Teresópolis o acesso à internet e as linhas de telefone estavam normais.
 
A partir de quinta-feira, 13, o número de jornalistas aumentou bastante na região, com cerca de 30 profissionais de imprensa, inclusive jornalistas de fora do país.
 
A Bandeirantes enviou para a Região Serrana oito pessoas: eu e o motorista em Teresópolis; uma repórter e um motorista em Friburgo; uma equipe de TV da Band Rio, com três pessoas; e uma do programa da Cidinha Campos, também com três pessoas.
 
Produzi conteúdo para a rádio, para a Bandnews TV, a para a internet, e ainda para uma rádio do Macapá conveniada com a Band, e outra do Sul, durante o programa do Boechat.
 
A imprensa ajudou bastante salvando vidas, chegando com helicópteros em locais onde os bombeiros e a Defesa Civil não tinham chegado ainda, e passando as informações para que aquelas pessoas pudessem ser socorridas, como a Rede Globo que chegou a resgatar pessoas de helicóptero. Houve também o caso de um homem que conseguiu entrar em contato com a redação por telefone para informar onde estava, e o de uma moça que estava grávida e entrou em trabalho de parto devido ao estresse causado pela situação. 

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Em um primeiro momento, o papel da imprensa é o de ajudar a quem precisa, informando e ajudando as equipes de resgate. Em um segundo momento, será preciso cobrar das autoridades para que não aconteça uma tragédia como esta novamente, e para que as pessoas não voltem a ocupar as áreas de risco. Também será preciso fiscalizar como serão utilizados os recursos do governo federal doados para as cidades atingidas”.
 
Resgate
 
O Governo do Estado do Rio também vem utilizando as redes socias e criou listas no Orkut para cada localidade. O objetivo é organizar o trabalho das equipes da Defesa Civil, e auxiliar a busca por amigos e parentes através dos seguintes endereços: 
Bom Jardim:http://bit.ly/InfoBomJardim; Areal://bit.ly/InfoAreal; Teresópolis: http://bit.ly/InfoTeresopolis; Friburgo: http://bit.ly/InfoFriburgo Petrópolis: http://bit.ly/InfoPetropolis; São José do Vale do Rio Preto: http://bit.ly/InfoSJVRioPreto; Região Serrana: http://bit.ly/InfoRegiaoSerrana Região Serrana (ajudem): http://bit.ly/AjudaSerra.
 
Já no Twitter, o Governo(@GovRJ) tem publicado informações sobre as áreas de resgate e as prefeituras das cidades atingidas. Desde que a ação começou, o número de seguidores do perfil no microblog cresceu em mais de mil usuários. No Formspring, foi criada uma conta no sábado, dia 15, onde o Governo esclarece a população sobre os serviços prestados.
 
A Prefeitura de Nova Friburgo também está com uma iniciativa nas redes. No blog da Secretaria de Comunicação, há informações sobre as pessoas que estão sendo resgatadas e encaminhadas aos abrigos e aos hospitais.
 
No Facebook, foi criado um espaço com informações sobre os trabalhos de resgate, doação, abrigos e reconstrução das cidades atingidas. 

*Colaboração Renan Castro, estagiário do Departamento de Jornalismo da ABI
*Com informações de O Globo, G1, Folha de S. Paulo.

 

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