Torneio Rio-São Paulo, 75 anos (III)


05/12/2008


Fluminense conquista seu segundo título

O Rio-São Paulo de 1960 teve como campeão o Fluminense, que, em nove partidas, obteve seis vitórias, dois empates e sofreu apenas uma derrota. Com dez participantes (América, Botafogo, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Santos, São Paulo e Vasco da Gama), o torneio se estendeu de 10 de março a 17 de abril.

O tricolor carioca estreou com uma vitória sobre a Portuguesa de Desportos por 1 a 0, no Maracanã, gol de Telê. No único jogo fora de casa, no Pacaembu, o Fluminense venceu o Corinthians por 2 a 1, com Valdo balançando a rede corintiana. 

De volta ao Maracanã, o Fluminense goleou o São Paulo por 7 a 2. Nesse jogo, Valdo fez três gols, completando o marcador Maurinho, Wilson, Escurinho e Pinheiro (pênalti). Nas quatro próximas partidas, os comandados de Zezé Moreira enfrentaram as equipes cariocas do América, Botafogo, Vasco e Flamengo. Os empates de 1 a 1 e 2 a 2 foram os resultados contra os rubros e os alvinegros. Contra o Botafogo, Altair evitou a derrota no final da partida.  Diante do Vasco, os tricolores ganharam por 3 a 2 e perderam do Flamengo por 2 a 1.

Até a penúltima rodada, Fluminense, Palmeiras e Vasco ocupavam as primeiras colocações. Enquanto o Vasco perdia para o Corinthians por 3 a 0, o tricolor das Laranjeiras derrotava o Santos por 4 a 2. Com esses resultados, o Palmeiras era o líder e o Fluminense, vice.

A última rodada marcava o confronto entre palmeirenses e tricolores. O clube paulista havia repatriado da Itália o extraordinário ponta-direita Julinho e contratado o excelente lateral-direito Djalma Santos, ex-Portuguesa. Com a base campeã carioca do ano anterior, o Fluminense chegou à decisão do Rio-São Paulo de 60. No dia 17 de abril, as duas equipes proporcionaram ao público grandes emoções. A paulista, com um ponto na frente, jogava pelo empate e partiu para o ataque com o objetivo de ampliar a vantagem. O time tricolor suportou a pressão inicial e, com muita garra, chegou à vitória por intermédio do artilheiro Valdo.

No segundo tempo, o time do Parque Antártica levou sempre perigo para a meta tricolor, porém encontrou em Castilho uma barreira intransponível. São Castilho, com grandes defesas, garantiu o título. Valdo e Quarentinha, do Botafogo, foram os artilheiros do torneio, com 11 gols.

Em 1961, único título rubro-negro

Na conquista de seu único título do Rio-São Paulo, o Flamengo enfrentou dois grandes adversários. Botafogo e Santos tinham excelentes equipes, em que se destacavam Manga, Nilton Santos, Garrincha, Didi, Zagalo, Gilmar, Zito, Coutinho, Pelé e Pepe.

Na equipe rubro-negra estavam presentes, em início de carreira, dois futuros grandes craques vindos dos juvenis. Carlinhos e Gerson passaram a formar o meio-campo ao lado de veteranos como Joubert, Jordan, Henrique, Dida e Babá, além do excelente ponta-direita Joel, campeão do mundo de 58, que retornara do futebol espanhol. Esse time levou o Flamengo à conquista do torneio: Joubert, Ari, Bolero, Jadir, Carlinhos e Jordan; Joel, Gerson, Henrique, Dida e Babá. 

Das oito vitórias obtidas, a mais expressiva foi a goleada sobre o Santos por 5 a 1. No último jogo frente ao Corinthians, o triunfo por 2 a 0 garantiu o título. Os artilheiros foram os santistas Coutinho e Pelé, com nove gols.

O Rio-São Paulo de 61 apresentou dez participantes divididos em dois grupos. Um com times paulistas, outro com os cariocas. Numa primeira etapa, as equipes se enfrentaram dentro de seus respectivos grupos para depois cruzar com os adversários do grupo oposto. Os três melhores de cada grupo se classificaram para disputar a fase final. O Flamengo, que fez mais pontos, se sagrou campeão.

Botafogo e Santos mandam no Torneio

Nas três edições seguintes do Rio-São Paulo, os grandes times do Botafogo e do Santos dividiram os títulos. Os alvinegros cariocas foram campeões em 62 e 64 e os santistas, em 63.

Sem o Santos, que priorizou uma excursão ao exterior, disputaram o Rio-São Paulo de 62 apenas nove equipes divididas em dois grupos. Um com quatro times paulistas, outro com os cariocas. Os clubes se enfrentaram em turno único somente dentro de seus grupos. Os dois melhores de cada lado — Botafogo, Flamengo, Palmeiras e São Paulo — se classificaram para disputar a fase final em turno único.

Com as vitórias diante de São Paulo (2 a 1), Flamengo (1 a 0) e Palmeiras (3 a 1), o Botafogo somou mais pontos e chegou ao título com seis vitórias e apenas uma derrota. Amarildo, artilheiro do Torneio, marcou oito gols. Com os campeões mundiais Nilton Santos, Didi, Garrincha e Zagallo, sob o comando de Marinho Rodrigues, o time de General Severiano apresentou a seguinte formação base: Paulistinha, Manga, Jadir, Nilton Santos, Airton e Rildo; Garrincha, Edson, Quarentinha, Amarildo e Zagallo.

Após conquistar o título mundial no ano anterior, o Santos voltou a disputar o Rio-São Paulo. Numa de suas melhores fases, Pelé e seus companheiros conquistaram mais um título para o clube da Vila Belmiro. O ponto forte do time era seu poderoso ataque com Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

O Rio-São Paulo de 63 foi disputado em turno único, no sistema de pontos corridos. Em nove partidas, o Santos ganhou seis, empatou uma e perdeu duas. Pelé liderou a artilharia, com 14 gols.

A novidade era a presença do Olaria, que, em razão da boa campanha no campeonato carioca de 62, ocupou a vaga do América. Uma das formações que levaram os olarienses ao Rio-São Paulo: Murilo, Ernani, Navarro , Nelson, Haroldo e Casemiro; Valter, Borges, Rodarte, Valdemar e Romeu. 

Botafogo e Santos dividiram o título em 1964, com sete vitórias e duas derrotas cada. Houve apenas uma partida da melhor de três, vencida pelo Botafogo por 3 a 2. Servílio, do Palmeiras, e Coutinho, do Santos, foram os artilheiros, com nove gols.

 Dudu

Academia conquista o Torneio

Os dez participantes do Rio-São Paulo de 1965 foram divididos em dois grupos. Um com times paulistas, outro com os cariocas. Em turno único, as equipes se enfrentaram dentro de seus grupos. Eliminados os últimos colocados de cada lado, disputaram a fase final oitos equipes num só turno.

A equipe do Palmeiras era conhecida como a “Academia do Parque”, pela categoria de seus jogadores e o belo e clássico futebol apresentado. Nos 16 jogos disputados, ganhou 12, empatou três e sofreu apenas uma derrota. Ademar “Pantera”, do Palmeiras, e Flávio, “Minuano”, do Corinthians, dividiram a artilharia, com nove gols. Dudu e Ademir da Guia formavam o meio-campo, que era o cérebro da “academia” dirigida pelo argentino Filpo Nuñes. 

Título em preto-e-branco

O Rio-São de 1966 foi jogado em turno único no sistema de pontos corridos. Terminaram empatadas as equipes alvinegras do Botafogo (quatro vitórias, três empates e duas derrotas), Corinthians (cinco vitórias, um empate e derrotas), Santos (quatro vitórias, três empates e dois derrotas) e Vasco da Gama (cinco vitórias, um empate e três derrotas), com sete pontos perdidos cada.

Por falta de datas, em virtude dos preparativos da seleção brasileira para a disputa da Copa do Mundo de 66, os quatro clubes foram declarados campeões. Parada, do Botafogo, foi o artilheiro com oito gols.

Adeus ao garoto do placar

Na madrugada do último dia 23 de novembro, Celso de Paula Garcia nos deixou a caminho da eternidade. Brilhante locutor esportivo, Celso, grande rubro-negro, fez parte da geração de ouro da locução esportiva do rádio brasileiro.

Na década de 50, Celso integrou a equipe de radiojornalismo da Emissora Continental, passando depois para o Departamento de Esportes comandado por Waldir Amaral. Em 1962, antes da Copa do Mundo, no Chile, Waldir se transferiu para a Rádio Globo e Celso o acompanhou.

A característica marcante de Celso Garcia e que o consagrou no rádio esportivo eram os bordões, altamente criativos, usados após os gols por ele narrados: “Não adianta chorar, fulano (referindo-se ao goleiro), a nega tá lá dentro.” E, completando, dizia: “Atenção, garoto do placar, coloque um para o time tal, zero para outro time.” Exemplificando: “Goooool… do Flamengo, Zico! Não adianta chorar, Manguinha, a nega tá lá dentro. Atenção, garoto do placar, coloque um para o Flamengo, zero para o Botafogo.”

Vizinho da família Antunes, em Quintino, Celso descobriu para o futebol o brasileiro o extraordinário Zico. O futuro “galinho de Quintino” fazia diabruras nas peladas da Rua Lucinda Barbosa ao lado dos irmãos Edu, Antunes, Nando e Tonico, todos bons de bola.

Em 1967, Celso levou o menino Zico ao Flamengo, deixando-o aos cuidados do paraguaio Modesto Bria, responsável pelas divisões de base rubro-negras. Bria no passado integrou a famosa linha média formada por Biguá, Bria e Jaime.

Celso de Paula Garcia passou mal quando assistia à partida entre o seu Flamengo e o Palmeiras, no domingo retrasado. Levado para o hospital, após uma semana, seu coração rubro-negro não resistiu. Você, querido Celso, faz parte da nossa eterna saudade. Fui seu companheiro e seu fã. Adeus, “garoto do placar”.