Sindieletro-MG denuncia acidentes de trabalho


29/06/2009


Representantes do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro–MG) encaminharam ofício à Associação Brasileira de Imprensa relatando questões relacionadas à categoria, entre elas, o aumento de casos de acidentes de trabalho na Companhia Energética de Minas Gerais(Cemig).

Íntegra do documento enviado pelo Sindieletro-MG

Belo Horizonte, 15 de junho de 2009.

Ilmo. Sr.
Mauricio Azêdo, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa

Por repetidas vezes informamos acidentes fatais na CEMIG — Companhia Energética de Minas Gerais, e cobramos providências para impedir as irregularidades apresentadas: terceirização ilegal em atividades-fim, maquiagem de escalas 24 horas, abuso de horas extras, desrespeito às normas de Saúde e Segurança, em especial a NR-10, e a falta de qualificação de trabalhadores terceirizados.

No dia 13 de maio faleceu o eletricista José Modesto de Souza, 43 anos, da empreiteira Garra, quando prestava serviço para a Cemig. na localidade de Machado, município de Piranga, em Minas Gerais.

Modesto deixou esposa e duas filhas e recebia R$ 600,00 mensais incluindo o adicional de periculosidade. Se fosse empregado concursado da Cemig, teria um salário de admissão de R$ 1.560,00 e deixaria para a família o plano de saúde e previdência complementar. Mas a precarização não é apenas salarial, a empreiteira Garra é acusada de oferecer condições precárias aos funcionários e já denunciamos três mortes por acidentes de trabalho nos últimos anos.

O acidente ocorreu com a queda de um poste onde trabalhava Modesto e seu companheiro Nilson Marcos do Carmo, 27 anos, que teve fratura na coluna. Conforme informações repassadas ao sindicato, imprevistos no trajeto entre Conselheiro Lafaiete Machado causaram um atraso de duas horas e o serviço chegou a ser adiado, mas depois a empreiteira resolveu executar a tarefa em menor tempo pela dupla.

No dia 28 de abril, dia Mundial de Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho, apenas 15 dias antes, ocorria a morte do eletricitário Everaldo Márcio Sabino, 27 anos, da empreiteira Rei Engenharia. Os acidentes se sucedem sem que nenhuma providência seja tomada para coibir e punir os responsáveis. Pelo contrário, os acionistas comemoram e recebem dividendos pelos resultados obtidos com o corte de despesas operacionais.

A Cemig anuncia agora a redução de 20% de seu quadro de trabalhadores, propondo mais terceirização de atividades-fim e a centralização de várias atividades. No plano de “eficiência operacional” está a centralização da Operação da Distribuição e a terceirização plantão, o que vai afastar ainda Jamais o controle da execução dos serviços; aumentando consideravelmente o risco de acidentes graves.

A terceirização não pode ser usada para a prática hedionda de intermediar mão de obra, menos ainda para que as empresas fujam de suas responsabilidades com a saúde e segurança dos trabalhadores.

Atenciosamente,

Willian Vagner Moreira, Diretor e Coordenador-Geral

Argemiro Ferro Filho, Secretário de Saúde e Segurança no Trabalho