Sensibilidade na busca do clique perfeito


09/01/2008


Igor Waltz 
28/12/2007

Quando se matriculou em um curso de férias de fotografia aos 20 anos de idade, Daniel Deák não sabia que estava começando a ser traçado ali o seu futuro profissional. Nascido em São Paulo, o repórter-fotográfico, à época com 27 anos, estudava Publicidade e chegou a ser assistente de criação em uma agência, mas há seis anos se decidiu pelo fotojornalismo.

Foi durante o curso que Daniel descobriu a sua paixão pela fotografia:
— Eu entrei no curso para conhecer melhor as técnicas e recursos. Eu acabei me apaixonando pela linguagem e não parei de estudar sobre o assunto. Posteriormente, ingressei na faculdade de bacharelado em Fotografia e me formei quatro anos depois no curso de fotografia aplicada.

Trabalhando como freelancer para diversas revistas e agências fotográficas, Daniel Deák teve a oportunidade de clicar uma variedade de assuntos, desde política, esportes, ecoturismo até shows e desfiles de moda:
— Comecei cobrindo eventos sociais para revistas de decoração e cotidiano, assessorias de imprensa e empresas de diversos ramos. Trabalhei por dois anos para a Imprensa Oficial do estado de São Paulo e para o Palácio do Governo, em coberturas jornalísticas e ensaios publicitários e retratos de autores e políticos para as diversas publicações da gráfica da IMESP.

Há mais de três anos Daniel faz a cobertura do São Paulo Fashion Week, por meio de contato da Agência Fotosite, para quem trabalha desde o início da sua carreira. Atualmente trabalha também para decoradores e arquitetos, fotografando os trabalhos desses profissionais, para portfólio e divulgação pessoal. Além disso, faz matérias de turismo para publicações da área. Ensaios fotográficos de moda e para álbuns musicais também estão entre os seus trabalhos mais recentes.

Apesar de usar filmes P&B ou cromos 35mm em alguns de seus ensaios particulares, Daniel prefere trabalhar com equipamento digital, pela vantagem de poder entregar suas fotos com muito mais rapidez e participar do processo de edição.

De acordo com o fotógrafo, o advento da tecnologia digital não acabou com o romantismo da arte fotográfica:
— Acredito que a arte fotográfica não depende somente do processo de produção da imagem, que é exatamente o que a fotografia digital é: uma forma de produção mecânica de imagens e expressão visual. Se fosse desta forma tão radical, então poderíamos assumir que o fotógrafo é apenas um “apertador de botão”. 

Técnica e sensibilidade

Para Daniel o verdadeiro fotógrafo utiliza o meio mecânico que lhe é disponível e, por meio de sua técnica, sensibilidade e capacidade de interpretação visual, cria belas imagens:
— Nunca achei que meu trabalho fosse prejudicado pela mudança brusca que a tecnologia digital provocou em nosso meio. Já trabalhei com fotografia analógica e digital, e o olhar empregado para ambos os processos foi o mesmo.

Segundo Deák, o comodismo é o maior inimigo de todos os fotógrafos. Para ele, um bom fotógrafo deve ter sensibilidade, para saber o momento certo de dar o clique, e persistência, para poder produzir as melhores imagens possíveis. Mesmo que para se conseguir a melhor foto muitas vezes acabe passando por certas situações bem engraçadas, ou até perigosas:
— Durante a cobertura das eleições presidenciais entre José Serra e Lula, quando foi anunciado o segundo turno, no comitê do Serra, um dos meus amigos, que na época fotografava para a Folha de S. Paulo, subiu em meus ombros para fazer uma foto do candidato. Nós ficamos andando pela sala do pronunciamento por muito tempo, com ele sobre meus ombros e eu fotografando de baixo, até que os organizadores do evento pediram para que parássemos. Mas eu também fiz algumas coberturas em situações nada confortáveis, como fotos aéreas de dentro de um helicóptero com as portas desmontadas, pendurado com um colete e cabos de aço, mas nada extremamente arriscado.

Em 2007, Daniel Deák expôs o seu trabalho “Imagem paulista” no restaurante Refeitório, no E-Tower, em São Paulo, em que lança um olhar sobre personagens e ângulos da maior cidade do País. Porém, o profissional acredita que o fotojornalismo no Brasil ainda é uma linguagem subutilizada pelos meios de comunicação:
— As revistas, jornais e outras mídias não se arriscam a sair da fórmula manjada imposta por meios de comunicação internacionais. Penso que existe mais um esforço para imitar o que se pratica nas mídias européias e americanas e menos uma tentativa de criar um estilo brasileiro de fotografar, ou mesmo apenas de enxergar os acontecimentos, afirma Deák, que tem entre seus maiores ídolos o fotógrafo húngaro Robert Capa, e os brasileiros Sebastião Salgado e Miguel Rio Branco.

Atualmente, Daniel Deák está retomando seu projeto dos tempos de bacharelado em fotografia, desenvolvendo um trabalho de arte seqüencial com montagens de fotografias.
— A primeira fase deste projeto, que foi o tema de minha primeira exposição, consistia em montagens feitas somente com fotografias, mas agora estou desenvolvendo imagens com interferências e fusões entre a fotografia e a arte livre, como desenho em grafite e pintura. A intenção é a criação de narrativas gráficas com a utilização de fotos como base da linguagem visual. 


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