Senhora tentação


15/05/2022


Ela é incerta, múltipla, ao mesmo tempo sólida e volátil, metamorfose em torno de eixos referenciais, ou não. Mas que diacho é esse que reúne todas as formas, de corisco a pedra fundamental, embaladas desde os sons mais originários aos emitidos pelo tamborzão das quebradas, passando por salões, becos e festivais de tribos e galeras? É a tinhosa da Cultura, que torna todas e todos nós outros e diferentes num mundo que se pretende cada vez mais pequenino, semelhante, e desigual pela compressão financeiro-midiática do tempo e do espaço.

Assim entendido, a diretoria de Cultura assume com a teimosia de recusar o irredutível da vida na sua potência de criatividade e transformação. Serão três anos de trabalho, deste 2022 a 2025, de portas abertas aos donos da casa, os jornalistas, e à sociedade em que estamos postos, porque é bom pensar que ser jornalista é estar mergulhado no mundo com o ofício de propagar os acontecimentos deste planeta afora. Um veterano colega que nos legou romances extraordinários disse certa vez que o jornalismo é a mais bela das profissões. Nela experimentamos a dor e a delícia de registrar os sentimentos que vão do humano ao mais demasiado desumano.

Tudo a ver com o modo como a sociedade organiza e produz seu repertório material, subjetivo e simbólico. Na cultura da nova gestão da ABI, nossa diretoria segue no propósito de valorizar os bens que chegam expressando acolhimento, fraternidade, alegria e felicidade.

Não é quimera, é caminho. Sabemos da importância da Cultura na Política. Viemos de longe num Brasil que não é para amadores, embora sigamos movidos pela paixão por essa romântica senhora tentação que é a Cultura. Bem-vindas e bem-vindos à ABI Cultural.

Maria Luiza Franco Busse, diretora de Cultura