Saturnino Braga preside Instituto Casa Grande


28/10/2009


Saturnino Braga

Depois do poeta Ferreira Gullar e do cantor e compositor Sérgio Ricardo, chegou a vez do ex-Senador e ex-Prefeito do Rio, Saturnino Braga, ser indicado para a Presidência do Instituto Cultural Casa Grande, que luta contra o Governo do estado pela posse do espaço de cinco andares na parte alta do imóvel que abriga o Shopping Leblon, destinado para a construção do Centro Cultural Casa Grande, conforme previsto em lei estadual.

Saturnino Braga tomará posse no dia 3 de novembro em cerimônia a ser realizada no Teatro Oi Casa Grande, às 18h. Sua indicação ocorreu por consenso dos integrantes da comissão que luta contra a privatização do espaço, composta por artistas, intelectuais, jornalistas e políticos. O convite foi formalizado em assembléia realizada no mês de setembro.

Dentre os integrantes da comissão figuram o Presidente da ABI, Maurício Azêdo; o Presidente da OAB-RJ, Wadih Damous; o atores Paulo Goulart, Paulo José, Nicete Bruno, Fernanda Montenegro; os compositores Sérgio Ricardo, Hermínio Bello de Carvalho e Tim Rescala; o diretor teatral Aderbal Freire Filho; o maestro Edino Krieger; os cineastas Eunice Gutman e Daniel Filho; e os Vereadores Aspásia Camargo (PV) e Eliomar Coelho (PSOL).

Moysés Ajhaenblat, Diretor do teatro Casa Grande, explica que a indicação de Saturnino Braga foi “unânime, quase que espontânea”:
— É um companheiro nosso de muitos anos, sempre presente a todas as reuniões. Ele tem um passado de lutas importantes, dentre elas a da conquista do espaço destinado ao centro cultural, na qual ele esteve engajado desde o início. Achamos que esta homenagem seria justíssima e correta. Estamos convidando as pessoas para a cerimônia de posse e a aprovação tem sido muito grande.

Saturnino Braga disse ao ABI Online que se sente muito motivado com o convite e está disposto a ajudar para que o espaço acima do Shopping Leblon seja finalmente destinado à construção do centro cultural. Ele é um dos poucos remanescentes da fase áurea do Casa Grande, época em que lá aconteciam calorosos debates em prol da restauração da democracia no País, então mergulhado na ditadura militar implantada em 1964. Como diz Saturnino, “o Casa Grande era uma ilha de democracia cercada por um clima de repressão”.

É essa tradição de discussões políticas que Saturnino Braga pretende manter:
— A vocação do Casa Grande é de filosofia política e eu pretendo desenvolver ações nessa área. Um dos projetos, além da criação de um centro cultural que contemple todas as formas de arte possíveis, é a construção da Universidade Livre e Aberta Casa Grande, que privilegiará estudos no campo das ciências políticas.

Foto: Mariah Araujo

Moysés Ajhaenblat

Segundo Marcelo Barbosa, Coordenador-Geral do Instituto Casa Grande, a experiência política de Saturnino Braga será importante para a conquista do espaço:
— A luta tem um aspecto mais técnico, que é o jurídico, no qual estamos caminhando bem. Perante a sociedade, acredito que a figura do Saturnino Braga, importante homem público, vai dar uma cara, uma visibilidade maior para nosso pleito de que o espaço tenha destinação pública e cultural. Apesar de o nosso movimento ser pela cultura, a luta é essencialmente política e ele como ex-Senador pode nos ajudar muito neste sentido.

Impasse

A destinação pública e cultural do espaço de cinco andares situado acima do Shopping Leblon está prevista em lei estadual. Porém, ainda não se concretizou a concessão ao Instituto Casa Grande, para que seja construído no local um centro cultural. O Governo do Estado chegou a anunciar um leilão para venda do referido espaço, mas, no dia marcado, 27 de janeiro deste ano, ninguém compareceu.

Kadu Machado, assessor de imprensa do Instituto Cultural Casa Grande, informou que o não-comparecimento dos possíveis compradores se deve ao fato de a Direção do Instituto ter conseguido uma liminar, expedida pela 9ª Vara da Fazenda Pública, na figura do Juiz Carlos Gustavo Vianna Direito, excluindo qualquer possibilidade de uso do espaço que não seja de caráter cultural.

Essa liminar, segundo Kadu Machado, foi contestada pelo Governo do Estado, que entrou com recurso jurídico para revogá-la. No entanto, o Desembargador Pedro Saraiva de Andrade Lemos, da 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, negou este recurso no dia 1º de setembro, mantendo a obrigação da destinação pública e cultural do espaço.