Roubos na Imprensa Oficial podem ter motivação política


04/03/2008


Em visita à sede da ABI na tarde desta terça-feira, dia 4, o Diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado do Rio, jornalista Haroldo Zager, disse que os roubos ocorridos em dois imóveis do órgão, em Niterói, têm motivação política:
— Os três assaltos que sofremos, por suas características, nos levam a crer que existe motivação política por trás desses atos e que o Estado está numa guerra, sofrendo retaliações porque age contra a má administração pública e a criminalidade, mostrando eficiência.

O primeiro assalto à Imprensa Oficial ocorreu em maio do ano passado. Oito homens invadiram seu parque gráfico (Rua Heitor Carrilho, 81 — Ponta de Areia — Niterói-RJ). Zager diz que, de acordo com relatos de funcionários, “os assaltantes demonstravam conhecer muito bem as instalações do prédio”. Na ocasião, foram roubadas oito toneladas de chapas de alumínio, “resíduo de administrações passadas”. Depois do ocorrido, foram tomadas algumas medidas para reforçar a segurança e houve a preocupação de esvaziar o parque gráfico de todo material que pudesse despertar a cobiça de ladrões.

Vandalismo

Apesar das providências, em 4 de dezembro de 2007 bandidos invadiram novamente as instalações. Dessa vez, um maçarico foi usado para abrir um caixa eletrônico que guardava cerca de R$ 6 mil. Segundo testemunhas, os ladrões deixaram um recado: “Avisa o Haroldo que vamos voltar.”

Na última sexta-feira, a ameaça se cumpriu: bandidos invadiram o edifício-sede da Imprensa Oficial (Rua Marquês de Olinda, 29 — Centro de Niterói), ficaram cerca de duas horas no local, roubaram máquinas de pequeno valor e, de acordo com Haroldo Zager, “cometeram atos de vandalismo”:
— Eles invadiram uma sala no segundo andar e roubaram 30 computadores que eram usados para o serviço de paginação do Diário Oficial. O estranho é que as máquinas mais potentes, como os Macintosh, que ficam na sala ao lado, não foram tocados. Depois, eles seguiram para o terceiro andar, onde fica a sala da Diretoria, e quebraram todo o mobiliário. O único objeto de valor que levaram foi meu notebook.

Suspeita

Zager diz que tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar acham que a ação dos bandidos é de intimidação:
— E, na nossa opinião, mobilizar um aparato criminoso desses sem a intenção de obter lucros, para levar computadores de R$ 300 e um caixa eletrônico com pouco dinheiro, é um ato de terrorismo, uma situação que tenta desestabilizar a instituição para impedir a circulação do Diário Oficial.

Jornalista veterano, Zager trabalhou na Última Hora e na Tribuna da Imprensa, foi um dos fundadores do Pasquim e assumiu a Imprensa Oficial em janeiro do ano passado:
— Seria leviano acusar as administrações anteriores, mas todos nós sabemos da fama da Imprensa Oficial de ser um lugar de acordos e acertos. Desde que assumi a Direção do órgão, tento consertar tudo que vejo de errado. Encontrei um déficit de R$ 1,6 milhão e hoje estamos de com um superávit de R$ 16 milhões. O que foi feito antes de mim é responsabilidade do Tribunal de Contas e do Ministério Público, que têm competência para fiscalizar.

Para o Diretor-presidente, a saúde financeira atual da Imprensa Oficial é resultado “de uma administração linha-dura”, na contratação da prestação de serviços e com uma nova mentalidade no gerenciamento dos recursos humanos:
— Quando entrei, eram 570 funcionários. No primeiro semestre, identificamos que 120 nem sequer apareciam lá. Como eram cedidos de outros órgãos, nós os devolvemos. Em relação a isso, é significativo o trabalho que tivemos para substituir o ponto cartão pelo biométrico e o aparelho ter sido quebrado na invasão.

Haroldo Zager afirma que os ataques à Imprensa Oficial são demonstrações de que há um grupo interessado em retaliar o Governo do Estado do Rio, “devido à política de moralização dos serviços públicos que vem adotando”.