Roberto Requião apresenta propostas para a crise


03/12/2008


                                         Samuel Tosta

Na abertura do seminário “As alternativas para o Brasil enfrentar a crise”, o Governador do Paraná, Roberto Requião, apresentou uma série de propostas para o país enfrentar o caos em que se encontra o sistema financeiro mundial. O evento é organizado pela Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), o Fórum Mídia Livre, o jornal Monitor Mercantil, o Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon), o Movimento em Defesa da Amazônia, o Movimento de Solidariedade Ibero-americana, a Associação dos funcionários do BNDES e o Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), com o apoio da Associação Brasileira de Imprensa, que sedia o encontro.

Requião ressaltou a importância do debate e disse que tem conversado sobre o assunto inclusive com integrantes do Governo federal, como a Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que lhe disse que apoiaria qualquer iniciativa nesse sentido, “por ser do maior interesse do Planalto saber o que pensa a população sobre o tema”.

Antes da abertura do encontro, em conversa com jornalistas, o economista Carlos Lessa — palestrante da quarta-feira, dia 3 — disse que todas as Federações de Indústrias do País têm promovido discussões sobre a crise financeira mundial. E que, a pedido dos organizadores do seminário, foi ele quem fez o convite formal para que o Governador do Paraná participasse do seminário:
— O pessoal ficou tão honrado com a possibilidade de ele vir que antecipou para hoje (terça) a abertura. Esperamos que ele use isso como uma plataforma para uma mobilização nacional.

Ariovaldo, Coimbra, Maurício, Requião e Granja

Coordenação 

 Formaram a mesa que coordenou o encontro — que lotou a Sala Belisário de Souza, no 7º andar da sede da ABI — o Governador Roberto Requião; o Presidente da ABI, Maurício Azêdo; o Presidente do Sindicato Nacional da Indústria e Construção e Reparação Naval e Off-Shore (Sinaval), Ariovaldo Rocha; o economista Marcos Coimbra; e o representante da Petrobras Sidney Granja.

No início do encontro, o Governador foi saudado por Maurício Azêdo, que disse:
— O Requião possui proposições do mais alto interesse nacional. Sua apresentação vai contribuir para a formatação de um Plano de Desenvolvimento Nacional que será o resultado desse seminário que segue até quinta-feira.

Requião agradeceu a saudação do Presidente da ABI e lembrou a atitude da entidade na defesa do seu direito de liberdade de expressão, na ocasião em que este foi cassado por um Juiz do Paraná:
— O Maurício foi um dos heróis que defendeu a liberdade de expressão quando eu fui proibido de emitir opiniões na imprensa e a ABI, um dos poucos órgãos nacionais que levantou voz contra a censura.

Convidado pelo Presidente da ABI para fazer a palestra de abertura, Requião disse que participava do seminário porque tinha formulado algumas idéias sobre o Brasil diante do que chamou de “crise do capitalismo financeiro”. Para superá-la, ele apresentou algumas alternativas, como a desoneração do consumo, por meio de uma reforma tributária, investimentos em infra-estrutura, a estatização do crédito, o empreendimento de um projeto próprio de desenvolvimento e o controle sobre as operações de câmbio:
— O País não pode deixar o câmbio solto. As operações cambiais têm que ser controladas pelo Banco do Brasil, enquanto cabe ao Banco Central explicar a dimensão dos lucros de quem está operando com o câmbio.

Oportunidade 

O Governador disse ainda que vê na crise financeira uma chance para que o Brasil encontre um caminho alternativo:
— É a grande oportunidade de se discutir e formular alternativas, para buscar um outro caminho, construir esse outro caminho. Este momento tem que nos levar a um novo modelo de Estado.

Requião confessou estar ciente de que suas idéias não são originais, mas acha que são as que melhor se apresentam na atual situação:
— A parte que nos cabe é empreender um projeto próprio de desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que tomamos medidas que diminuam o impacto da crise sobre nós, devemos desatrelar nosso destino da globalização neoliberal — afirmou, sob aplausos da platéia.

Sobre a estatização do crédito, ele acredita que pode favorecer o setor industrial:
— Em vez de ficar repassando dinheiro para os bancos investirem em letras do Tesouro, o Estado deve assumir a condução de uma política de financiamento extremamente agressiva, forçando-os a abrir linhas de crédito para o empresariado, especialmente para a indústria.