Repórter italiano morre em explosão de bomba na Faixa de Gaza


Por Igor Waltz*

14/08/2014


O videojornalista Simone Camilli, da agência Associated Press, na Faixa de Gaza (Khalil Hamra/AP)

O videojornalista Simone Camilli, da agência Associated Press, na Faixa de Gaza (Khalil Hamra/AP)

O jornalista italiano Simone Camilli, de 35 anos, morreu nesta quarta-feira, 13 de agosto, pela explosão de uma bomba na Faixa de Gaza. Ele estava em um grupo com mais cinco palestinos que estavam tentando desarmar o explosivo. Camilli trabalhava como videorrepórter para várias agências internacionais de notícias e registrava a desativação do míssil.

O tradutor Ali Shehda Abu Afash, que acompanhava o jornalista, também morreu e um fotógrafo, Hatem Moussa, ficou ferido, assim como outras quatro pessoas. Camilli é o primeiro jornalista estrangeiro morto no atual conflito em Gaza, que já deixou quase 2 mil palestinos mortos. Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram nos confrontos.

Segundo fontes locais, a explosão ocorreu na região de Beit Lahya, no norte de Gaza. A bomba foi lançada antes da trégua por um F16 israelense e não havia explodido na queda, por isso, os homens tentavam desarmá-la.

O irmão de um dos especialistas, Najy Abu Murad, disse que ele era perito em neutralização de explosivos e que sempre agiu com muita cautela. A operação de neutralização do explosivo começou no início da manhã, após o projétil ser transferido do ponto onde caiu para um campo de futebol que ficava há uns 100 metros de distância.

De acordo com Murad, esse ato fez com que o número de vítimas ficasse restrito. No mesmo gramado, nos últimos dias, foram desativadas outras bombas.

A desativação de bombas só é possível pela trégua humanitária de 72 horas estar sendo respeitada pelos dois lados do conflito.

Negociações entre israelenses e palestinos, mediadas pelo Egito, não avançaram em direção a um acordo que garanta um período de paz duradouro na região. O Hamas, grupo fundamentalista palestino que controla Gaza, insiste no fim do bloqueio à região como condição para qualquer acordo. Mas as restrições impedem que os terroristas tenham acesso a armas estrangeiras.

Papa Francisco

O papa Francisco rezou nesta quarta-feira pelo jornalista. “Estas são as consequências da guerra, é assim”, disse o Pontífice a jornalistas durante o vôo que o leva até a Coreia do Sul.

A ministra italiana do Exterior, Federica Mogherini, disse que a morte do repórter Simone Camilli é trágica. “É uma tragédia para a família e para nosso país”, afirmou Mogherini, desejando condolências à família.

* Com informações das agências ANSA e Associated Press.