Primavera dos Livros celebra a diversidade


23/09/2008


“A cidade de todos os povos — São Paulo, viagens e migrações” é o tema da 6ª edição da Primavera dos Livros, evento que abre espaço para a produção de editoras independentes e de pequeno e médio porte, de quinta-feira, 25, até domingo, 28, no Centro Cultural São Paulo. Além de estimular o crescimento desse segmento editorial, o evento pretende aproximar o público leitor dos autores e celebrar a história da capital paulista:

                          Renata Borges

— Vamos debater a diversidade étnico-racial e cultural da cidade e incentivar a elaboração de mecanismos e políticas públicas que valorizem as diferenças, integradas a projetos de inclusão social e sustentabilidade. Vamos garantir também a diversidade no mercado editorial a partir da estabilidade do editor e do livreiro independente — diz Renata Borges, Presidente da Libre, acrescentando que mais de 60 editoras participam do evento, oferecendo obras com descontos de até 40% para o público em geral e 50% para professores.

Um dos diferenciais da Primavera dos Livros é a participação efetiva dos editores em todas as etapas do evento, da concepção ao atendimento nos estandes:
— As tarefas são executadas voluntariamente por estes profissionais — ressalta Renata —, que trocam conhecimento e experiências e discutem problemas comuns ao segmento independente e de pequeno e médio porte. A parceria viabiliza a participação coletiva em diversos projetos e abre espaço para iniciativas específicas que atendem às necessidades do grupo, como o site da Libre (www.libre.org.br), que foi lançado há dois meses e já reúne cerca de 8 mil títulos em catálogo.

 São Paulo 2007: cerca de 25 mil pessoas

Público

Cerca de 30 mil pessoas devem prestigiar a feira, que vai oferecer mesas-redondas, oficinas de leitura, saraus de poesia, área especial para crianças, shows e lançamentos de dezenas de títulos, entre os quais “Xavequeiro (ponto) com”, de Fabiano Rampazzo; “Memórias de brasileiros — Uma história em todo canto”, de José Santos; “Tapa na Pantera na Íntegra — Uma autobiografia não-autorizada”, de Maria Alice Vergueiro; “Rio, uma paixão” de Vera Abad; e “Histórias da Antártica contada por quem mora lá”, de Neusa Maria Paes Leme.

Em conformidade com a política do Governo Federal de estímulo ao desenvolvimento de produtos para deficientes visuais em áudio, braille e digital, será montada no Centro Cultural São Paulo — que sedia a maior biblioteca braille do município de São Paulo — uma cabine para os visitantes recitarem e gravarem poemas. Durante o evento, a biblioteca vai cadastrar voluntários para ler e gravar livros. 

  Debates

          Renata e os organizadores do evento

As mesas de debates sobre educação inclusiva acontecem na quinta-feira, das 10h às 17h, com a presença de autoridades e especialistas, entre eles Elizabeth Serra, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ); Silvia Moretti, do Círculo de Leitura e Escrita da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo; e o escritor e educador Bartolomeu Campos Queirós.

Nos dias 26 e 27, as discussões giram em torno da cidade de São Paulo, analisada sob os aspectos histórico-cultural e socioeconômico. Participam Helieth Safiotti, da PUC-SP; os arquitetos Vallandro Keating e Luis Augusto Bicalho Kehl; e Emilia Mirene, da Secretaria Municipal de Educação.

“Literatura e os cem anos da imigração japonesa em São Paulo” é o tema da mesa-redonda do dia 28, das 11h às 16h, com Lica Hashimoto, professora de Literatura Japonesa na USP; os jornalistas Jonhy Arai e Jorge Okubaru; e Jo Takahashi, Coordenador de Projetos da Fundação Japão.

Tendência

A primeira edição da Primavera dos Livros foi realizada em 2001, no Jockey Club do Rio de Janeiro. No ano seguinte, o evento iniciou as apresentações também em São Paulo, onde, em 2007, recebeu cerca de 25 mil visitantes. A feira continua a ser montada anualmente no Rio, onde a sétima edição será realizada em novembro próximo:
— O mercado editorial brasileiro segue tendência crescente de concentração e internacionalização do capital e isto prejudica a manifestação livre e democrática da diversidade cultural brasileira — analisa Renata Borges.

Segundo ela, para reverter o processo é fundamental promover e ampliar a exposição e a comercialização da produção editorial independente:
— Trabalhamos para gerar oportunidades de capacitação dos diferentes atores da cadeia produtiva do livro por meio da realização de rodadas de negócios, palestras, oficinas, parcerias com diversas entidades e iniciativas de captação de recursos para o financiamento de projetos deste segmento. Nosso objetivo é conscientizar todos os cidadãos sobre a importância e o prazer da leitura.