Prêmio da AFI celebra a carreira de Zuenir Ventura


08/01/2010


foto: Maurício Porão

Zuenir e Laércio Ventura

A Associação Friburguense de Imprensa (AFI) realizou na noite do último dia 19, a festa de entrega do Prêmio AFI de Comunicação. Os participantes concorreram nas categorias Jornal, Revista, TV, Rádio e Internet. Os vencedores da edição 2009 receberam o “Troféu Zuenir Ventura” em homenagem à trajetória do jornalista e escritor, membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Mais de uma centena de pessoas prestigiaram a cerimônia realizada durante um jantar no Gourmet Brasil, em Nova Friburgo, e aplaudiram a presença de Zuenir Ventura.

—Sinto-me lisonjeado com esta homenagem dividida com tantos colegas, verdadeiros guerreiros. Fazer jornalismo nos grandes centros é fácil; difícil é fazer jornalismo no interior. É, sem dúvida, uma aventura épica”, disse Zuenir.

O autor dos aclamados “1968 — O Ano que Não Terminou” e “Cidade Partida” destacou a influência de familiares na opção pela carreira na imprensa, como Américo Ventura, um dos fundadores do jornal friburguense A Voz da Serra.

—O querido Meco, como era carinhosamente chamado em família, foi o ídolo de meu pai e o meu também. Agradeço ainda à minha mãe, que sempre investiu na educação dos filhos. Ela lavava batinas de padres em casa para custear os nossos estudos — contou Zuenir, após receber o diploma especial da AFI das mãos de seu primo Laercio Rangel Ventura, um dos premiados de 2009 na categoria Jornal.

O jornalista José Duarte, chefe de redação do jornal A Voz da Serra e Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Nova Friburgo (Liesbenf), presidiu a comissão julgadora do prêmio, formada pela jornalista e publicitária Liliana Sarquis; o ex-presidente da AFI, Gilvan Costa; o jornalista e professor de Comunicação da Universidade Cândido Mendes, Maurício Siaines; o radialista Marcos Levy e a estudante de Jornalismo Joyce Santiago.

Entre os vencedores estão Andréa Freze, de A Voz da Região, como melhor repórter na categoria Jornal; Coracy Martins, da emissora Nova Friburgo AM, como melhor repórter na categoria Rádio; Daniel Marcus, como melhor fotógrafo na categoria Jornal; Paulo Carvalho, do SBT Interior, como melhor apresentador na categoria TV; Ana Borges, da revista Valentina, como melhor editora na categoria Revista.

Além da premiação aos melhores da imprensa, foram entregues diplomas de homenagem especial aos programas esportivos de TV Esportes TV Zoom, apresentado por Wanderson Nogueira, e Esportes TVC, por Pablo Machado, representado pelo apresentador Marcelo Pinguim. Também foi agraciado o narrador esportivo das rádios Nova Friburgo e Globo AM, Fernando Bonan, apresentador do Friburgo AM Esportes, representado no evento pelo radialista Gabriel Domingos.  

*Fonte: A Voz da Serra

Veja aqui a lista completa dos premiados 

Zuenir, um mineiro muito friburguense

17-12-09 – A Voz da Serra

Por Dalva Ventura*

Zuenir nasceu em Além Paraíba (MG), mas passou praticamente toda a vida aqui em Nova Friburgo, onde até hoje vive boa parte de sua família, inclusive sua irmã Zeir,
seus sobrinhos e uma infinidade de primos.

Terceiro dos quatro filhos de Antônio José Ventura, seu Zezé, e Herina de Araújo, dona Neném, Zuenir veio para cá aos 11 anos. Na adolescência, ajudava o pai em seu ofício de pintor, foi também faxineiro do Bar Eldorado, balconista da Camisaria Friburgo e professor primário do Colégio Cêfel.

Aqui em Friburgo, ele era conhecido, principalmente, como um grande jogador de basquete, tendo sido campeão pela Sociedade Esportiva Friburguense, onde ganhou o apelido de Divino Mestre. Jogou na seleção da cidade e foi até convidado para jogar no Rio.

Formado em Filosofia e Línguas Latinas pela antiga Universidade do Brasil, hoje UFRJ, foi assistente do filólogo Celso Cunha na cátedra de Língua Portuguesa, na então Faculdade de Jornalismo, que se transformaria mais tarde em Escola de Comunicação, da UFRJ. Foi redator de A História em Notícia, dirigida por Amaral Netto, uma publicação paradidática que tratava os acontecimentos históricos em linguagem jornalística.

Algum tempo depois, quando trabalhava como arquivista da Tribuna da Imprensa, escreveu o obituário de Albert Camus, autor que ninguém da redação conhecia bem e graças ao sucesso do texto, passa a integrar a equipe do jornal.

Em seguida, ganha uma bolsa de estudos do governo francês para o Centro de Formação de Jornalistas, em Paris, e, paralelamente, trabalha como correspondente da Tribuna na capital francesa. De volta ao Brasil, Zuenir atuou em diversos veículos de comunicação, passando pelo Diário Carioca, O Cruzeiro, Fatos & Fotos, Correio da Manhã.

Também participou da concepção de O Sol, jornal que faria história mesmo durando apenas alguns meses. Durante vários anos, chefiou a sucursal Rio da revista Visão e mais tarde, ocupou o mesmo cargo nas revistas Veja
IstoÉ. Zuenir foi o responsável pela reformulação da revista Domingo, do Jornal do Brasil, foi editor do Caderno B, em sua fase áurea e também do suplemento semanal Ideias.

Zuenir tornou-se mais conhecido nacionalmente depois que publicou “1968 – O ano que não terminou”, que se torna um best-seller, já tendo vendido mais de 200 mil exemplares. O livro também foi usado como inspiração para a minissérie “Anos rebeldes”, de Gilberto Braga e Sérgio Marques, na Rede Globo.

Em 1989, Zuenir viaja para o Acre como repórter especial do Jornal do Brasil apurar o assassinato do líder seringueiro e ecologista Chico Mendes. Com esta série de reportagens conquista dois prêmios: o Esso de Jornalismo, o mais importante do País, e o Vladimir Herzog, de direitos humanos.

Após as chacinas da Candelária (oito meninos mortos) e de Vigário Geral (21 pessoas mortas), Zuenir ajudou seu amigo Betinho a criar o Viva Rio, organização não-governamental voltada para projetos sociais e campanhas contra a violência.

Sempre ativo e atuante, Zuenir não pára. E, já com 63 anos, não teme a violência e passa nove meses indo à favela de Vigário Geral. A experiência foi transformada no livro “Cidade partida”, um retrato das causas da violência no Rio que conquistou o Prêmio Jabuti de Reportagem. Outro sucesso editorial de Zuenir é o livro “Inveja – Mal secreto”, que abre a coleção “Plenos pecados”, da editora Objetiva. Depois de longos anos no JB, Zuenir vai para O Globo, onde passa a assinar uma coluna semanal na página de Opinião.

* jornalista de A Voz da Serra