Polícia Civil esclarece mortes de jornalistas no Vale do Aço-MG


Por Cláudia Souza*

23/07/2013


 

Walgney Carvalho e Rodrigo Neto (Reprodução www.em.com.br)

Walgney Carvalho e Rodrigo Neto (Reprodução www.em.com.br)

A força-tarefa instalada pela Polícia em Ipatinga, no Vale do Aço, apresentou nesta terça-feira, dia 23, o resultado das investigações de uma série de assassinatos na região, incluindo as mortes dos jornalistas Rodrigo Neto, 38 anos, e Walgney Carvalho, 43 anos.

De acordo com o relatório da polícia, ambos foram mortos por Alessandro Neves Augusto, o Pitote, de 31 anos, preso no dia 11 de junho, em sua residência, no bairro Novo Cruzeiro, em Ipatinga. Ele portava uma pistola Taurus calibre 380, a mesma usada nos dois crimes, e apresentou uma carteira falsa de investigador da Polícia Civil.

Segundo a polícia, o repórter Rodrigo Neto, assassinado com cinco tiros, no dia 8 de março último, no Bairro Canaã, em Ipatinga, vinha denunciado em seu programa de rádio o envolvimento de integrantes das forças de segurança pública em crimes cometidos na região. De acordo com colegas de trabalho de Rodrigo, o jornalista ampliou a pressão para apuração dos casos quando voltou a trabalhar no Jornal Vale do Aço, e preparava um dossiê sobre o envolvimento de policiais em chacinas e assassinatos.

Cerca de um mês depois, no dia 14 de abril, Walgney Carvalho, fotógrafo freelancer do Jornal Vale do Aço foi assassinado com três tiros, dentro de um pesque-pague que costumava frequentar em Coronel Fabriciano, na Região do Rio Doce. De acordo com a polícia, Walgney fazia constantes comentários de que “sabia quem eram os assassinos de Rodrigo Neto” e “que o crime nunca seria solucionado”. Ele foi morto como queima de arquivo.

O segundo homem preso envolvido no crime foi o investigador Lúcio Lirio Leal, que estava com a picape Fiat Strada usada na fuga após a morte de Rodrigo Neto. O carro era roubado e clonado, segundo as investigações. Lúcio Leal entrou na polícia em 30 de junho de 2010, quando concluiu a formação na academia de polícia.

Um terceiro envolvido também foi preso: Francisco Miranda Rezende Filho, dono de uma loja de móveis no bairro Veneza. Havia a suspeita de que a arma usada no crime estava escondida no local. Ao chegar ao estabelecimento, investigadores encontraram uma submetralhadora 9 mm, pistolas, espingardas, munição para fuzil, munição calibre 50 mm, usada em artilharia anti-aérea, e 280 munições de calibre 380.

Suspeito

De acordo com a polícia, no início das investigações do assassinato de Rodrigo Neto, Walgney Carvalho chegou a ser investigado como possível mandante ou mesmo autor do crime. Isso porque, o fotógrafo fazia comentários sobre o assassinato do jornalista. Além disso, seis dias antes da morte do repórter, ele assumiu o cargo da vítima no jornal, e manifestou publicamente críticas severas contra Rodrigo.

Intimado a prestar depoimento, Walgney negou qualquer participação na morte do colega de profissão. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do fotógrafo, mas nada de ilícito foi encontrado.

Força-tarefa

Por causa das mortes, a cúpula da Polícia na região foi trocada e uma força-tarefa instalada com delegados e corregedores de Ipatinga e de Belo Horizonte, especialmente instituída para investigar crimes com suspeitas de participação de policiais.

Quando os trabalhos da força-tarefa tiveram início estavam sendo apurados dez crimes, todos denunciados à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ao longo da investigação surgiram mais quatro homicídios, ainda que a comissão admita a existência de mais de 20 ocorrências tendo policiais como executores ou mandantes. No total, a polícia prendeu dez pessoas, sendo nove policiais, três militares e seis civis.

 *Com informações do G1, R7.