Pesar da ABI pela morte de Talarico


06/12/2010


A ABI manifestou nesta segunda-feira, 6 de dezembro, seu profundo pesar pelo falecimento do jornalista José Gomes Talarico, ocorrido às 7h30min de hoje. O corpo de Talarico está sendo velado no saguão de entrada da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, de que ele foi membro na Legislatura 1983-1986, e será sepultado nesta terça-feira, dia 7, às 9h, no Cemitério São João Batista. A manifestação da ABI está contida na seguinte declaração:

“É com  profundo pesar que a Associação Brasileira de Imprensa comunica o passamento, nesta segunda-feira, 6 de dezembro, do jornalista José Gomes Talarico, decano de seu Conselho Deliberativo e um dos mais destacados participantes da resistência à ditadura militar 1964-1985, período em que ele atuou com extrema coragem e repetidos sacrifícios de sua liberdade individual na luta pelo retorno do País ao Estado de Direito.  Ele estava com 95 anos, completados em 11 de novembro passado, e era sócio da ABI desde 9 de março de 1951 — em 2011 completaria 60 anos de vinculação à Casa.

Fundador em 1964 da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa da ABI, transformada em Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog numa prisão militar em São Paulo em 25 de outubro de 1975, Talarico foi incluído na primeira lista de cassações promovidas em abril de 1964 pelo regime militar, que o privou de seu mandato de deputado federal eleito para a Legislatura 1963-1967 pelo antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e cassou seus direitos políticos por dez anos.  Mesmo proibido de exercer  militância política pelo estatuto das cassações, Talarico não se submeteu à ditadura e continuou a atuar pela restauração da legalidade. Ele foi um dos articuladores da Frente Ampla, tentativa de aliança política nos a nos 60 entre os antigos rivais Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e João Goulart para a derrubada da ditadura, e também de outros movimentos de enfrentamento da ditadura, como as campanhas pela anistia, pelas diretas-já e pela Assembléia Nacional Constituinte de 1986-87. Solidário com   os companheiros exilados no Uruguai, ele os visitou 22 vezes. Em todas, ao voltar foi preso e submetido a severos interrogatórios pelo Dops. 

A longa trajetória política de Talarico tem início ainda sob a ditadura do Estado Novo, quando, como estudante da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde nasceu, participou da fundação da União Nacional dos Estudantes-Une e da Confederação Brasileira de Desportos Universitários, de que foi destacado atleta. Mereceu então  homenagens do Presidente Getúlio Vargas, ao qual depois se ligaria partidariamente, ingressando em 1945 no nascente PTB,  e afetivamente, cultuando-o pela vida toda. Na imprensa, Talarico teve atuação precursora no que se chamaria hoje de jornalista multimídia, pois trabalhou em jornais, como A Noite,  emissoras de radio, como a Radio Mauá, e assessorias de imprensa.

Com o restabelecimento da liberdade de organização partidária, Talarico ingressou no Partido Democrático Trabalhista-PDT de seu antigo companheiro Leonel Brizola e se elegeu deputado a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, na qual foi  líder do Governo Leonel Brizola (1983-1986). Antes que pleiteasse novo mandato, a Assembléia elegeu-o Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, cargo que ocupou ate ser alcançado pela aposentadoria compulsória por limite de idade.

Afastado da política institucional, Talarico continuou a exercer intensa atividade na ABI, como membro do Conselho Deliberativo e destacado colaborador do Presidente Barbosa Lima Sobrinho. Reeleito para o Conselho Deliberativo para os mandatos 2007-2010 e 2010-2013.

Talarico compareceu a inúmeras sessões com grande esforço, em razão de seu estado de saúde.

Com respeito e emoção a ABI presta comovida homenagem a esse grande jornalista e homem público.

 
Maurício Azêdo, Presidente.”