Banner 2
Banner 1
Banner 3

Passeios vão contar a história de berço do samba


02/12/2024


Por Madson Gama, em O Globo e informações da Agência Brasil

Praça Paulo da Portela/ Fotos: Divulgação

Qualquer tempo livre é um pretexto para os amantes de uma batucada reunirem amigos em torno de uma roda e deixarem o coração estremecer de alegria. Mas, hoje, há um motivo especial para isso: a celebração do Dia Nacional do Samba. E que tal visitar um dos berços do samba no subúrbio do Rio, passando por locais como a Casa de Candeia, o Bar do Seu Nozinho, a Casa da Tia Doca, a casa de Dona Neném do Bambuzal e o Circo São Jorge? Esses e outros espaços fazem parte do Caminho do Samba em Oswaldo Cruz, roteiro que será lançado hoje na quadra da Portela e que destaca dez pontos do bairro emblemáticos na história desse estilo musical.

O guia temático é a primeira iniciativa do projeto Rota do Samba, criado pela Embratur, com o objetivo de apresentar a conexão do Rio com o gênero para cariocas e turistas.

“Oswaldo Cruz é uma espécie de museu de bens culturais e um dos locais mais sagrados da nossa música, onde cada canto remete a uma canção famosa.Os mais importantes compositores de samba viveram no bairro, como Candeia, autor de Preciso me encontrar,  sucesso na voz de Cartola; Mijinha, que escreveu Sentimento, gravada por Paulinho da Viola; Chico Sant’Anna, autor de “Saco de feijão”, interpretado por Beth Carvalho; além de Monarco, Manacéa, Argemiro da Portela e Alcides Malandro Histórico, conta o idealizador do Trem do Samba, Marquinhos de Oswaldo Cruz, que é curador da Rota.

O roteiro inclui ainda a Estação de Oswaldo Cruz, a Portela, a Feira das Yabás, a Portelinha e a Casa da Dona Esther— “O Rio é a cidade do mundo em que houve mais negros escravizados, e a Estação de Oswaldo Cruz, por exemplo, é um elemento que compõe essa questão racial. Houve uma diáspora interna, com a expulsão de negros do Centro da cidade, com a reforma de Pereira Passos, e também com muitas pessoas que ficaram sem saber para onde ir após a abolição da escravatura, vindas do Sul de Minas Gerais e do Vale do Paraíba. Morar em Oswaldo Cruz, que era quase rural, foi a solução para várias pessoas, e diversos desses compositores vieram desse deslocamento”,  narra Marquinhos.

Museu a céu aberto

Em cada um desses locais foram instaladas placas com QRCode que permitirão que o público leia textos, em português e em inglês, sobre o ponto visitado, além de uma playlist no Spotify, com três músicas para cada ponto, e um podcast explicando a relação dessas canções como espaço.

“A Rota do Samba é importante por vários aspectos. Primeiro, por contar a história de uma região que é um museu a céu aberto do samba. O caminho da fundação da Portela, as memórias de seus compositores e das casas históricas de todo um bairro que era rural e virou um berço do samba. Segundo que, a partir desse resgate, permite que o turista saia do circuito mais lógico de Cristo Redentor, Pão de Açúcar e praia e faz com que ele conheça o subúrbio carioca, sua gente e suas histórias. E, terceiro, que estamos formando guias para se especializarem nessa rota”, destaca Marcelo Freixo, presidente da Embratur.

“A rota é incrível e vai a lugares onde muito pouca gente sabe da história, como o Bar do Nozinho, onde ninguém imagina que Walt Disney tomou uma cerveja com Paulo da Portela e tirou dali a inspiração para criar o personagem Zé Carioca”, contou Marcelo Freixo.

A Embratur capacitou mais de 20 guias de turismo bilíngues da região para realizar passeios pelo Caminho do Samba em Oswaldo Cruz, e, a partir do próximo dia 14 e até março, oferecerá guiamentos gratuitos com esses profissionais pela rota. As inscrições poderão ser feitas pela plataforma IFriend.Quem fizer o passeio com um dos guias terá acesso a recursos tecnológicos exclusivos, como interação com realidade aumentada.

Mais dois roteiros da Rota do Samba serão lançados em breve. Os locais ainda estão em definição.