Os desafios da Diretoria de Ação Social


14/05/2022


Por Ana Helena Tavares


A ABI é conhecida como Casa do Jornalista. A palavra casa tem origem no termo oikos que em grego antigo queria dizer “ambiente habitado” ou “família”. Num mundo em que encontros físicos já não são a regra, quem “habita” hoje a ABI? Como fazer com que as centenas de sócios, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, sintam-se parte de uma “família”? Creio ser esse o desafio, imenso e trabalhoso, da Diretoria de Ação Social.

Sempre que se fala nessa diretoria, estatutariamente denominada de Diretoria de Assistência Social, logo se pensa na necessidade de oferecer assistência médica, entre outros serviços, aos associados. Isso deve ser, sem dúvida, uma prioridade. Deve ser meta ampliar o número de consultórios médicos no sexto andar do prédio da ABI, oferecendo consultas gratuitas para os associados da entidade. Devemos pretender diversificar as especialidades médicas.  Também devemos pretender fazer convênios com laboratórios de análises clínicas, de diagnóstico por imagem e médicos de todas as especialidades.  A significativa ampliação do quadro de associados da entidade, os quais espalham-se pelo Brasil inteiro, torna o desafio ainda maior.

É importante dar prosseguimento ao programa de Youtube “ABI Saúde”. Criado durante a pandemia pela Diretora de Ação Social,  Rosayne Macedo, eleita em 2019, e produzido com a ajuda da Comissão de Ação Social, da qual fiz parte, o programa tem levado aos associados e jornalistas em geral informações de utilidade pública, com médicos renomados orientando sobre saúde física mental. Este programa deve ser mantido em parceria com a Diretoria de Jornalismo, responsável pelo canal de Youtube da entidade. Acredito que este pode ser um relevante espaço para os associados interagirem com a diretoria, sugerindo, previamente, pautas e perguntas. Por este meio, os sócios também poderão se informar sobre os serviços ofertados.

No entanto, acredito firmemente que, mais do que pretender cuidar da saúde física e mental do associado, é fundamental voltar a criar pertencimento entre os membros desta centenária Casa. Para isso, a primeira tarefa, acredito, é ouvir os sócios. Como nova Diretora de Ação Social, pretendo promover uma pesquisa capaz de traçar o perfil do associado e captar suas expectativas. Pesquisa semelhante já foi feita pela antiga diretoria, mas o quadro social dobrou de número nos primeiros meses de 2022, devido à disputa eleitoral. Novos e antigos sócios merecem e precisam ser ouvidos.  Não significa, por óbvio, que seremos capazes de atender a todas as demandas, porém, a partir delas, poderemos entender melhor quem são e o que desejam os jornalistas que hoje compõe essa Casa.

O fundamental é fazer com que o associado se sinta acolhido. Para isso, várias ações podem ser colocadas em prática, tais como: o envio constante de mensagens de aniversário e parabenização por outras datas. É uma ação extremamente simples, mas que agrada a todos. Para tanto, basta ter acesso aos contatos de todo o quadro social.

Essa comunicação pode ser virtual e presencial. A Diretoria de Ação Social tem condições de ajudar a reavivar o 11° andar da entidade, fazendo-o voltar a ser um local de encontros fraternos entre velhos e novos amigos jornalistas. Isso pode ser feito em parceria com a Diretoria de Cultura, de modo a produzir atividades culturais, como, por exemplo, lançamento de livros de associados, ou outros eventos voltados para a convivência entre os sócios.

Além disso, alimento o sonho de que a Diretoria de Ação Social possa criar grupos para visitar presencialmente ou contactar virtualmente associados hospitalizados, ou que moram em abrigos ou que vivem sozinhos em casa. Tais grupos poderiam se organizar no Brasil inteiro, promovendo uma corrente de afeto neste mundo tão árido. É também preciso que esta diretoria esteja sempre atenta na hora da morte de algum sócio, para prestar as últimas homenagens, nem que seja apenas uma mensagem de apoio à família.

Não é difícil afagar pessoas. E, sim, o que as pessoas precisam, muitas das vezes, é de um afago. É de serem tratadas com respeito e dignidade. Nem sempre, isso requer dinheiro. Requer, antes de tudo, vontade e humanidade.

Muito me honra ter sido chamada para a tarefa tão nobre de assumir esta diretoria que é uma das razões de existir da ABI. Se o fundador da Casa, Gustavo de Lacerda, morreu desnutrido e esquecido, como nos conta Edmar Morel no livro “ABI – A trincheira da liberdade”, cabe à Diretoria de Ação Social tentar impedir que o mesmo aconteça aos atuais sócios.