27/02/2018
Nesta terça-feira, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Zeid Al Hussein, se manifestou com relação ao assassinato do jornalista esloveno Jan Kuciak, 27, e sua namorada Martina Kusnirova. O dirigente exigiu “uma investigação para levar os autores deste crime terrível à Justiça”.
O casal foi encontrado morto em uma casa a 65 quilômetros de Bratislava. As autoridades europeias e eslovacas acreditam que o ataque pode estar relacionado com investigações que o jornalista conduzia sobre suspeitas de fraude fiscal no país.
A editora Ringier Axel Springer Slovakia, do site Aktuality.sk, onde Kuciak trabalhava, enviou um comunicado ao The Washington Post onde anuncia que “se esse crime foi uma tentativa de demover uma editora independente de investigar casos em que a lei não é respeitada, esse acontecimento será usado para fortalecer a responsabilidade jornalística”.
Numa carta aberta assinada por editores de mais de 20 publicações noticiosas e estações de rádio da Eslováquia, os jornalistas pediram ainda às autoridades que assegurassem as condições de segurança dos profissionais da informação naquele país.
“O assassinato de um jornalista é um sinal grave de que o crime está sendo dirigido contra um dos mais importantes pilares da liberdade; contra a liberdade de expressão, e o direito dos cidadãos a controlarem os poderosos e aqueles que não respeitam a lei”, dizia a carta, de acordo com o The Telegraph.
O crime chocou diversos países e foi condenado por líderes da União Europeia e outras organizações internacionais.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, afirmou que se for provado que o assassinato de Kuciak está relacionado com o trabalho que ele vinha desenvolvendo, o caso é “um ataque sem precedentes contra a liberdade de imprensa e a democracia na Eslováquia”. Fico anunciou ainda que o Governo vai oferecer uma recompensa de 1 milhão de euros por informações que levem à captura dos responsáveis.
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, criticou os assassinatos como um “ato covarde”, acrescentando que “o assassinato ou intimidação de jornalistas não tem lugar na Europa, nem lugar em nenhuma democracia.”
O presidente da Federação Europeia dos Jornalistas (FEJ), Mogens Blicher Bjerregård, anunciou que está “profundamente chocado com a triste notícia proveniente de um país da União Europeia, que acontece apenas alguns meses depois do assassinato de Daphne Caruana Galizia”. Bjerregård adverte que, caso a ligação da morte de Jan Kuciak com o seu trabalho investigativo se comprovar, “será um sinal muito preocupante para o jornalismo na União Europeia”.
Ele ainda exigiu às autoridades que resolvam o caso e que garantam que o autor do crime seja levado à justiça, acrescentando que “os principais líderes da Eslováquia devem defender firmemente a liberdade de imprensa e acabar com a impunidade”. A FEJ apelou ainda à Eslováquia que implemente imediatamente a recomendação do Conselho da Europa de 2016 sobre a proteção do jornalismo e segurança dos profissionais e outros atores dos meios de comunicação.