Jornalista é perseguida pelo Governo da Bolívia


05/02/2018


Yadira Peláez Imanereico (Imagem: Reprodução)

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) divulgaram, no último dia 2, posicionamento em relação aos três processos judiciais que a jornalista boliviana Yadira Peláez Imanereico vem sofrendo por membros ligados ao governo de Evo Morales.

Em dezembro de 2016, Yadira apresentou uma denúncia de assédio sexual contra Carlos Flores Menacho, então diretor do Canal 7, que pertence à estatal Bolívia TV. Na época, ela trabalhava como repórter da emissora.

A jornalista foi demitida semanas depois, em janeiro do ano passado. Já seu ex-chefe, enviou uma série de 23 cartas para todos os órgãos do governo boliviano. No documento, assinado por todos os funcionários da emissora após uma ordem do diretor, ele colocava em cheque a seriedade e profissionalismo da repórter.

No dia 6 de março de 2017, Yadira convocou a imprensa para revelar o episódio das cartas. Menacho então decidiu processá-la por calúnia e difamação e o governo boliviano passou a dificultar suas ações de defesa, proibindo sua entrada em edifícios públicos e negando informações sobre seu caso.

A repórter ainda enfrenta outras duas acusações. Gisela López, ministra de Comunicação, e ex-gerente do Canal 7, acusa Yadira de assédio e violência política. Segundo ela, a jornalista disse em várias entrevistas que a ministra tinha conhecimento do assédio que sofria e não fez nada para ajudá-la. Já Fabiola Rollano Peña, a atual responsável pela emissora, acusa a ex-colega de corrupção pública. Yadira assegura que é vítima de uma ampla campanha de descrédito desde que apresentou sua denúncia.

“A perseguição que Yadira Peláez enfrenta é inaceitável. Todas as denúncias contra ela devem ser retiradas. Em vez de recorrer a esses métodos e de assediar ainda mais a jornalista, as autoridades bolivianas deveriam focar o caso na questão das mulheres nos meios de comunicação, valorizar o trabalho delas e proporcionar ferramentas para protegê-las de outros episódios parecidos”, disse Emmanuel Colombié, diretor da Repórteres Sem Fronteiras na América Latina.