O gosto pelo fotojornalismo dissertativo


09/09/2008


Willkier Barros
12/09/2008

 Marcos homenageia os vaqueiros

Pernambucano da capital, Marcos Michael conta que teve um brilhante exemplo de fotógrafo em seu pai, “um padre missionário que corria o mundo registrando lindas imagens paisagísticas”. Seus belos cromos deixaram marcas definitivas no futuro do jornalista, que, no entanto, começou um tantinho tarde:
— Minha primeira experiência com a fotografia se deu apenas no terceiro ano científico, quando peguei emprestada a câmera Zenit do meu cunhado e comecei a fazer alguns registros a esmo. A máquina era bem rudimentar, mas foi de um valor inestimável nessa minha estréia, em que minha grande motivação era entender a incógnita de como era possível fotografar algo e obter uma revelação diferente da minha perspectiva.

A questão foi despertando seu interesse cada vez mais, embora então, ainda, a única aproximação de Marcos com o mundo da Comunicação Social se desse pelo contato com sua irmã, estudante de Jornalismo. 

Quando chegou a hora do fazer vestibular, Marcos só tinha uma certeza: queria atuar em Comunicação.
— Mas Publicidade era a minha primeira opção e Jornalismo, a segunda. No início eu não tinha muita certeza do caminho que queria seguir, nem mesmo que seria através da imagem. Acabei me dedicando ao que me parecia certo.

Não demorou muito e, já no segundo semestre da faculdade, Marcos começou a percorrer as redações dos principais jornais de Recife, em busca de estágio. Acabou numa assessoria de imprensa, escrevendo textos:
— Foi então que percebi que, de fato, meu negócio era a fotografia, apesar de não me preocupar para onde mirava. O que me importava era apenas aprimorar a técnica. Custei a juntar dinheiro para ter um equipamento completo. Primeiro comprei a máquina, uma Nikon N50; só depois adquiri uma lente Sigma 28-105. Foi como um grande divisor de águas na minha vida.

Conquista

Com o equipamento veio também a primeira grande conquista: o Prêmio Cidade do Recife, na categoria estudante, com uma foto tirada sob a Ponte Buarque de Macedo, às margens do Rio Capibaribe, apresentando um belo efeito de reflexo e moldura. Parte da premiação foi em dinheiro e proporcionou a compra de mais lentes e a inscrição em um curso promovido pela Revista Imprensa, com a jornalista Mônica Zarattini. Logo depois, surgiu uma vaga para estagiar na própria faculdade:
— Quer dizer, metido como eu era, soube que estava terminando o período de um estagiário e fui logo me oferecer para trabalhar no jornal universitário. Foi minha primeira escola na imprensa.

Antes mesmo do fim do estágio, Marcos espalhou seu currículo por diversos veículos. Acabou recebendo uma ligação da Folha de Pernambuco, jornal recém-lançado em Recife. Estreou no quadro de estagiários e, dez meses depois, foi efetivado:
— Na Folha, comecei a conviver com profissionais tarimbados e caíram para mim alguns mitos sobre diferenças regionais no jornalismo. Tive a oportunidade de cobrir pautas de todas as editorias e uma, em especial, me marcou: a do Rock in Rio. Interagir com diversos colegas de projeção em veículos nacionais e internacionais foi uma experiência notável no campo da reportagem-fotográfica. E observar, em Pernambuco, a brilhante atuação dos jornalistas Arnaldo Carvalho, Eudes Régis e Biu Figueiroa foi uma grande inspiração na minha carreira.

Prêmios

Após quatro anos, Marcos deixou a Folha e ingressou no Jornal do Commercio de Recife, “um jornal com 87 anos de história e uma estrutura organizacional fabulosa”. Ali, cobriu grandes matérias, ganhou ainda mais experiência na editoria de Cidades e se interessou cada vez mais “pelo trabalho apurado, pelo jornalismo dissertativo das matérias especiais, bem fundamentadas”.

A contextualização das imagens se tornou uma característica do trabalho de Marcos e o levou também ao mundo das premiações jornalísticas, cujo ápice foi o Prêmio Embratel, com o ensaio “O começo do fim — Efeitos do aquecimento global”, realizado em 2007:
— Quando eu e meus colegas produzimos essa pauta, diversos veículos estavam fazendo matérias sobre o tema, em nível nacional. Então, procuramos dar um enfoque mais local, focado nos malefícios diretos e indiretos do aquecimento global para os nordestinos. Receber o Prêmio Embratel por essa reportagem foi uma emoção enorme e reforçou minha certeza de que, no jornalismo ético e embasado, nada se perde.

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