Por Claudia Sanches
23/05/2016
Por conta dos atrasos salariais, incluindo o 13º salário, e da redução de benefícios, jornalistas de O Dia e Meia Hora decidiram iniciar uma greve a partir segunda-feira (23). Em assembleia nesta última quinta-feira (19/05), os trabalhadores decidiram que a ação será progressiva e começará um ato público na porta da Ejesa, na Rua dos Inválidos 198, na Lapa, às 16h de segunda.
A pauta de reivindicações foi aprovada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (20/05) com o comunicado de greve. Os trabalhadores exigem a regularização imediata dos salários atrasados, do 13º salário e das férias de todos os funcionários – celetistas e pessoas jurídicas. Os funcionários também reivindicam a recomposição salarial de 2015 (7,13%), com o retroativo; a regularização e a manutenção do plano de saúde e do vale-refeição; e a quitação dos depósitos atrasados de FGTS e INSS. A carta exige ainda o pagamento integral das verbas rescisórias dos funcionários que foram demitidos recentemente e a garantia de diálogo permanente com os donos/gestores da empresa.
Nesta quarta-feira (18/05), foi anunciada a chegada do executivo Mário Cuesta, do Diário de S.Paulo, que deverá atuar como ‘gestor’ da Ejesa e já sinalizou corte de 30% dos custos, incluindo a folha salarial atual.
O grupo português Ongoing controla 30% do Ejesa. Os outros 70% pertencem à empresária Maria Alexandra Mascarenhas, mulher do português Nuno Vascocellos e que vem a ser acionista do Ongoig. Nuno e Maria Alexandra estiveram se encontraram com Cuesta nesta quarta-feira (18). O empresário adquiriu a participação do grupo no portal iG em 2015. O maior questão da negociação são as dívidas da Ejesa com funcionários, fornecedores e impostos, que somam mais de R$ 250 milhões.
Na assembleia desta quinta, os trabalhadores se manifestaram contrários a novas demissões. Pelo arranjo apresentado pela empresa, Maria Alexandra Mascarenhas e Nuno Vasconcellos continuariam como donos da Ejesa.
A greve nas redações de ‘O Dia’ e ‘Meia Hora’ é o passo mais recente do imbróglio que atravessam os funcionários da Ejesa há dois anos. Os atrasos salariais começaram em 2014 e, de lá para cá, foram se tornando cada vez mais longos e sistemáticos.
No ano passado, a empresa demitiu mais de 40 jornalistas de ‘O Dia’, ‘Meia Hora’ e ‘Brasil Econômico’ – que foi encerrado. Esses trabalhadores até hoje não receberam integralmente suas verbas rescisórias, pois a empresa não honrou o compromisso de pagamento parcelado. Uma série de atos, assembleias e paralisações de funcionários e ex-empregados dos jornais pressiona, desde meados do ano passado, a empresa a cumprir suas obrigações. A pedido do Sindicato, a empresa hoje também é fiscalizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e alvo de inquérito em curso no Ministério Público do Trabalho.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de janeiro Paula Máiran, a entidade já encaminhou uma carta a empresa na sexta (20) solicitando mais transparência em relação aos novos gestores e à regulamentação dos salários atrasados até três meses, dos direitos dos trabalhadores que não são cumpridos. “A informação é que houve visita do acionista do grupo Eseja que apresentou Mário Cuesta, dono do IG, como um novo gestor, mas não ficaram claras as reais perspectivas da empresa. Protestamos contra a violação dos direitos dos jornalistas e contra mais demissões, visto que as rescisões dos profissionais parceladas não foram pagas até hoje”, ressaltou Máiran.