O centenário de Francisco Teixeira


22/07/2011


Será realizado nesta segunda-feira, 25 de julho, a partir das 18h, um ato em homenagem ao centenário de nascimento do Brigadeiro Francisco Teixeira (1911-1986). A cerimônia será no Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar do edifício-sede da ABI, no Centro do Rio de Janeiro.
 
 
No dia 31 de março de 1964, quando começou o movimento militar que deporia o Governo, o brigadeiro comandava a estratégica 3.ª Zona Aérea, com jurisdição no Rio de Janeiro. Ficou em seu posto, garantindo a saída do Rio de ministros e políticos perseguidos pelo movimento golpista.
 
Quando o regime caiu, o Brigadeiro Francisco Teixeira foi para casa, em Copacabana, e pediu que passassem a ferro sua farda. Horas depois, quando Goulart foi deposto, seria preso; outra vez, durante o Governo Médici.
 
 
Anistiado em 1979, lutava desde então pela reintegração dos militares cassados pelas Forças Armadas, sendo um dos fundadores da Associação Democrática e Nacionalista de Militares (ADINAM), movimento pela anistia dos oficiais, soldados e marinheiros. Teixeira morreu dia 10 de janeiro de 1986, aos 74 anos, de câncer, no Rio de Janeiro.
 
 
O evento em sua homenagem é uma promoção do Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Associação Democrática Nacionalista dos Militares (ADNAM) e Clube de Engenharia.
 
 
Entre os convidados para a cerimônia estão o Presidente da ABI, Maurício Azêdo; o Presidente da Aepet, Fernando Siqueira, que no ato também estará representando o Clube de Engenharia; a economista Maria Augusta Tibiriçá, do Modecon; o ex-Deputado Marcelo Cerqueira; e o Brigadeiro Rui Moreira Lima, da ADNAM e companheiro do Brigadeiro Francisco Teixeira na Força Aérea Brasileira (FAB):
— O Teixeira foi uma pessoa que deu a vida pela causa nacionalista, um homem digno a quem eu respeito muito. Eu era seu subordinado no momento do golpe militar de 1964, quando ele comandava a Base Aérea de Santa Cruz, disse o Brigadeiro Rui Moreira Lima.
 
 
Francisco Teixeira atuou na repressão ao levante comunista de 1935, mas, segundo sua filha Maria Lúcia Werneck, sempre foi um homem de esquerda, apesar de que, na função de militar, evitava pronunciar-se publicamente sobre questões ideológicas. Clandestinamente, passou a ter ligações com integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), e fez amizade com Luiz Carlos Prestes.
 
 
Por causa das suas convicções esquerdistas, o Brigadeiro Francisco Teixeira foi cassado pelo regime do golpe militar em 1964, quando então era o comandante da III Zona Aérea, atual 3º Comar, com sede no Rio de Janeiro. Antes ele ocupara o posto de Chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica. Nacionalista, dirigiu a revista do Clube Militar na época da campanha “O petróleo é nosso”, à qual aderiu. Ele teve também uma atuação marcante no movimento contra a ida do Brasil à Guerra da Coréia (1950-1953).  
 
 
Quando foi anistiado já não tinha mais idade para retornar à ativa e foi dispensado arbitrariamente de qualquer vínculo com a Aeronáutica:
— A cassação dele foi muito rígida — reclama Maria Lúcia Werneck —, pois não recebeu nenhuma indenização do Estado brasileiro, que o tratou como se ele já estivesse morto, disse a filha do Brigadeiro.
 
 
Pai também do ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aloísio Teixeira, o Brigadeiro Francisco Teixeira nasceu em 26 de julho de 1911 e morreu em 10 de janeiro de 1986.