O Brasil na vida de Obama


27/05/2010


“Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido”. O título polêmico pertence ao novo livro do jornalista e escritor Fernando Jorge, lançado pela Editora Novo Século, no qual ele afirma que existe um vínculo entre o Brasil e o nascimento do atual Presidente dos Estados Unidos. A obra acaba de ser doada pelo autor para o acervo da Biblioteca Bastos Tigre da ABI.

Neste seu vigésimo livro, Fernando Jorge tenta provar, com uma teoria que já foi classificada como “perturbadora”, que a causa do nascimento de Barack Obama foi o fato de, em 1959, sua mãe ter assistido ao filme “Orfeu negro”, de Marcel Camus, baseado na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Morais, e saído do cinema encantada com os negros brasileiros: “Nunca vi coisa mais linda em toda a minha vida”, teria dito Stanley Ann Dunham, segundo Fernando Jorge, deslumbrada com a beleza dos afrobrasileiros.

O autor defende a tese de que a mãe do Presidente Obama foi muito influenciada pelo filme “Orfeu negro”, e por causa disso “entregou-se ao queniano Barack Hussein Obama e dessa união interracial nasceu em 4 de agosto de 1961 um menino, a quem ela deu o mesmo nome do pai e que é agora o primeiro afrodescendente a ocupar o cargo de Presidente dos Estados Unidos”.

Fernando Jorge diz que foi apanhado também por um detalhe inusitado: comparou duas fotografias e descobriu uma enorme semelhança física entre o brasileiro Breno Mello, o Orfeu do filme, e o queniano Barack Hussein Obama, pai do filho da americana Stanley Ann Dunham.

A tese de Fernando Jorge se baseia nos depoimentos do Presidente Obama nos livros “Dreams from my father” e “The audacy or hope thoughts on reclaiming the americam dream”. No início da década de 1980, Stanley Dunham foi fazer uma visita ao filho em Nova York e o convidou para assistir ao filme “Orfeu negro”.

Obama disse que se sentiu entediado com a película e ameaçou retirar-se do cinema. Mas desistiu quando reparou a fisionomia de felicidade da mãe diante da tela: “Então o filho pôde entender, como se deduz da sua autobiografia, porque ela tão branca, tão anglo-saxônica, uniu-se ao seu pai, tão negro, tão africano…”

Para Fernando Jorge “a sexualidade às vezes percorre caminhos misteriosos, que alteram de modo decisivo os rumos da história universal”. Na sua opinião, a união da mãe do Presidente Barack Obama com um africano não teria ocorrido se ela não tivesse assistido ao filme “Orfeu negro”, baseada numa obra teatral brasileira, e ficado deslumbrada com os personagens.

É com base nesses fatos que Fernando Jorge faz um entrelaçamento da vida do Presidente dos Estados Unidos com o Brasil. Ele está convicto de que sem a história do poeta brasileiro Vinicius de Morais, o filme “Orfeu negro” não existiria. Portanto, conclui o autor, “se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido”.

Fernando Jorge doou também à Biblioteca da ABI outro livro seu “Cale a boca, jornalista!, obra que já se encontra na quinta edição, cujo objetivo, segundo o escritor, é apresentar a História do Brasil sob ângulos novos “e reunir documentação inédita sobre fatos importantes que foram omitidos, especialmente no período da repressão”.

Fernando Jorge é autor de vários outros livros, entre os quais o vencedor do Jabuti “O Aleijadinho, sua vida, sua obra, seu gênio” e “Getúlio Vargas e o seu tempo”, que conquistou o Prêmio Clio. Colaborou para diversos jornais e revistas e é integrante do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.