19/04/2025
Mauricio Schleder nos deixou hoje. Ótimo texto, professor de jornalismo na UFRJ e, acima de tudo, grande figura humana. Sua presença era discreta, mas seu papo de alto nível. Sabia de tudo. Futebol, uma de suas paixões, era assunto corriqueiro. Americano de coração, sabia de cor os times do América. Mas não só. Escalava os times do Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense com autoridade. Comentava sobre sambas – sua escola era o Império Serrano – política, foi militante em priscas eras do velho PCB, e qualquer assunto sobre cultura. Era um cara solidário, sempre pronto a ajudar os amigos.
Com passagens pelo O Globo, O Dia, JB e Veja também ajudou a formar gerações de repórteres.
Ele era conhecido por escrever de forma clara, precisa, pelo bom humor e pela paixão pelo América. Em cerca de cinco décadas de carreira, Maurício Schleder emprestou seu talento, seja como repórter esportivo ou redator, para diversos veículos de imprensa. Com passagens pelo O GLOBO, O DIA, Jornal do Brasil e Veja, Maurício também foi professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro(ECO/UFRJ) onde ajudou a formar novas gerações de jornalistas.
Ao longo dos anos, Maurício também trabalhou na assessoria de comunicação do Palácio Guanabara e se dedicou a traduzir livros de inglês para português. Maurício também era conhecido pela boemia. Ao fim do expediente, antes de voltar para casa, podia ser encontrado tomando uma saideira em algum bar ou restaurante da Zona Sul. Era cliente assíduo do Jobi (Leblon) e de espaços que ficaram na memória de frequentadores como o Bar Antonio’s (Leblon) e o Restaurante La Fiorentina (Leme)
— Meu pai teve esse lado boemio. Todos os grandes amigos dele: Xico Vargas (jornalista) ,Lúcio Mauro, Agildo Ribeiro (atores), Sérgio Cabral (pai) morreram ou pararam de beber. Mas também fez novos amigos nos bares — conta o secretário de Esportes da prefeitura do Rio e deputado estadual Guilherme Schleder, um dos filhos de Maurício.
Entre esses novos companheiros estavam os frequentadores do Esch Café (Leblon). Nas redes sociais, os donos da casa deixaram uma mensagem se despedindo do cliente: ”O Esch Café ficou mais silencioso. Nosso amigo, Seu Mauricio, se foi. Figura querida, boêmio da gema, tomava seus três porres por dia com disciplina: bebia, ia para casa, descansava e voltava, geralmente pontualmente no mesmo horário. Era um relógio movido a whisky (…). A imagem que fica é ele ali, de pernas cruzadas, cigarro numa mão, whisky na outra, tranquilo, como se aquela fosse a sua casa. Vai fazer falta, mas deixou risadas, histórias e saudade boa”.
Aos 79 anos, Maurício morreu em consequência de um câncer agressivo diagnosticado há alguns meses. Ele foi enterrado na tarde deste sábado no Cemitério São Francisco Xavier (Caju). Viúvo, Maurício tinha dois filhos: Guilherme e o também jornalista Gustavo; e quatro netos.