23/06/2025
No dia em que Vladimir Herzog completaria 88 anos, 27 de junho, entidades de defesa do jornalismo e dos direitos humanos promovem um encontro para debater a permanente luta pelo livre exercício do jornalismo. É o primeiro evento para marcar os 50 anos do assassinato de Vlado.
O encontro será no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, palco das reuniões e manifestações de protesto pela morte do jornalista assassinado 50 anos atrás. E, como tema, o manifesto Em nome da Verdade, assinado na época por mais de mil jornalistas, questionando a ditadura sobre sua morte.
No dia 3 de fevereiro de 1976, o jornal O Estado de S. Paulo publicava em suas páginas um manifesto intitulado Em Nome da Verdade. Divulgado como um anúncio pago — financiado por meio de uma vaquinha — o documento trazia a assinatura de mais de mil jornalistas de diferentes regiões do país que, com coragem, empenharam seus nomes para denunciar o assassinato do colega Vladimir Herzog, ocorrido em 25 de outubro de 1975, por agentes da ditadura civil-militar.
O manifesto questionava as versões da Justiça Militar e levantava uma série de indagações sobre o que de fato ocorreu nas dependências do DOI-CODI de São Paulo, local onde Herzog foi assassinado. Essa manifestação pública somava-se a outras ações coletivas na luta por justiça. Dois dias após sua morte, em 27 de outubro de 1975, centenas de jornalistas se reuniram no auditório do Sindicato dos Jornalistas e impulsionaram a realização do culto ecumênico em sua memória na Catedral da Sé, em 31 de outubro — uma das mais emblemáticas manifestações contra a ditadura.
Cinco décadas depois, seguimos exigindo respostas. Até hoje, não houve investigação nem responsabilização dos autores do assassinato de Herzog, tampouco das violências praticadas pelo regime militar contra milhares de vítimas — muitas delas jornalistas — que, por motivos políticos, foram sequestradas, presas ilegalmente e torturadas.
Na luta permanente por memória, verdade e justiça, o Sindicato dos Jornalistas, o Instituto Vladimir Herzog, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) promoverão um encontro para não apenas relembrar a resistência do passado, mas também refletir sobre como o jornalismo deve continuar sendo defendido.
O encontro foi planejado para marcar também o aniversário de Herzog. Neste 27 de junho, ele completaria 88 anos. O local será o mesmo espaço marcado pela luta dos jornalistas que desafiaram a ditadura para cobrar explicações da ditadura: o Auditório Vladimir Herzog, no Sindicato dos Jornalistas.
Serviço:
Leia o Manifesto e veja quem assinou aqui.