30/03/2021
Construção de Brasília no Cineclube Macunaíma
O Cineclube Macunaíma exibe nessa terça-feira, o documentário Conterrâneos Velhos de Guerra, o quarto e último filme do mês da Mostra Vladimir Carvalho. O documentário que estará disponível, a partir das 10hs, no canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube até a próxima terça-feira, tem 3 horas de duração. O diretor se despede com um vídeo, agradecendo a todos que participaram dos debates dos três filmes do diretor exibidos, anteriormente: O País de São Saruê, Barra 68 – sem perder a ternura e O Evangelho segundo Teotônio. Hoje, excepcionalmente, não haverá debate. E também exprime sua opinião política.
Conterrâneos velhos de guerra é um documentário de 1990 e aborda a história dos candangos e um pouco da história de Brasília, contando com a participação especial de Oscar Niemeyer, Pompeu de Souza e Teodoro do Boi como interpretação especial.
O cineasta Vladimir Carvalho, de 86 anos, é de Itabaiana na Paraíba, mas fez faculdade de Filosofia em Salvador onde conheceu Caetano Veloso e Glauber Rocha, integrando o Cinema Novo e sendo parte da vertente documentarista do movimento. Ao mesmo tempo, influenciado e influenciando o cineasta baiano com sua cinematografia documentária inovadora. Em 1964, quando foi instalada a ditadura militar no país, Vladimir e o cineasta Eduardo Coutinho foram surpreendidos quando filmavam Cabra marcado para morrer, no engenho Galiléa, em Pernambuco. Entraram na clandestinidade porque sabiam que seriam presos quando filmavam o tema explosivo das Ligas Camponesas. Passou a usar o nome de José Pereira dos Santos e como Zé dos Santos, tornou-se escultor de santos de madeira, em um sítio no interior da Paraíba.
Ao sair do esconderijo, veio para o Rio de Janeiro onde conheceu Arnaldo Jabor, aprendendo com o cineasta carioca a forma descontraída de filmar, indo também trabalhar como repórter no Diário de Notícias quando cobriu as passeatas contra a ditadura e a dos cem mil, além de entrevistar líderes estudantis. Em 1969, faz seu curta A Bolandeira, ganhando um dos prêmios do Festival de Brasília, cidade onde se instalou, realizando documentários sobre as questões sociais. Ganhou diversos prêmios como a Margarida de Prata, da CNBB.
Em 1971, seu longa metragem O País de São Saruê foi retirado do Festival de Brasília pela censura federal. Convidado para exibição no Festival de Cannes não pode aceitar porque só havia uma cópia que não podia sair do país. Em 1979, com a abertura da ditadura, São Saruê é exibido no Festival de Brasília, ganhando o Prêmio Especial do Júri. Na década de 1980 filmou os longa O Homem de Areia (1981), a realidade dos candangos com uma chacina de operários num acampamento de uma das empreiteiras da construção de Brasília.
Em 1990, Conterrâneos Velho de Guerra surpreende o Festival de Brasília e sai com diversos prêmios, revertidos na construção da Fundação Cinememória e, em 2004, torna-se embaixador cultural da cidade. Em 2005, filma o Engenho de Zé Lins já como presidente da Fundação Astrojildo Pereira de divulgação da cultura brasileira. De sua filmografia constam 24 documentários.