MP pede saída de secretário de Comunicação de MT


11/09/2017


Kléber Lima (Foto: Reprodução)

O Ministério Público Estadual (MPE) pediu o afastamento imediato do secretário de Comunicação de Mato Grosso, Kléber Lima, e o denunciou por assédio moral e sexual contra jornalistas que trabalham como assessores de imprensa no órgão e improbidade administrativa. Os servidores ainda alegam que o secretário ameaçou grampear os telefones dele, após suposto vazamento de informações sobre ele.

O advogado de Kleber Lima, Paulo Fabrini Medeiros, disse que essa denúncia é um “absurda e infundada’. Disse ainda que, assim que receber a notificação, vai apresentar a defesa e provar que nunca houve improbidade administrativa e assédio sexual ou moral praticados por Kleber Lima.

O argumento para o pedido de afastamento é de que ele teria remanejado ou colocado à disposição de outros setores servidores que prestaram depoimento aos promotores que investigam as denúncias contra ele.

Na denúncia, os promotores Mauro Zaque, André Luis de Almeida, Ednaldo dos Santos Coelho e Roberto Aparecido Turim pedem que o secretário seja multado e que parte do valor seja destinado ao Conselho Estadual de Direitos da Mulher e o estado não abra sindicâncias contra os servidores autores da denúncia, para evitar ações de intimidação e retaliação.

Um dos servidores que o denunciaram relataram ao MPE que já foi retirado de todas as funções, sem que tivesse um novo local para trabalhar.

O MPE ouviu funcionários concursados do Gabinete de Comunicação do Estado. Todos disseram já ter visto, ouvido relatos ou ter passado por uma situação de assédio. A reportagem teve acesso à denúncia que está sob sigilo.

Um dos servidores apresentou um áudio em que o próprio Kléber Lima diz que não o atura mais e que se pudesse o demitiria. O secretário ainda pede que ele saia do grupo de WhatsApp, que reúne assessores de imprensa do governo do estado, “para não contaminar os demais”.

Outra servidora denunciou o secretário por assédio sexual. Segundo ela, Kléber teria tentado lhe beijar à força. “Na copa, que é um lugar público no Gcom, ele falou assim para mim: você nunca me deu um beijo. Quando eu dei bom dia, ele segurou a minha mãe e não soltou mais. Ele me puxou de uma forma que eu voltei, daí ele passou o braço em mim, meio que me abraçou. Fiquei muito constrangida”, diz trecho do depoimento da vítima ao MPE.

Uso da máquina e ameaças

Segundo denúncia dos servidores públicos, as represálias começaram depois que eles questionaram o uso da máquina pública pela secretaria de Comunicação para beneficiar integrantes do primeiro escalão do atual governo, que pretendem disputar a eleição em 2018.

Os servidores também teriam sido proibidos de participarem de prostestos da categoria e recebido ameaças de terem telefones grampeados, sob acusação de que teriam vazado informações da secretaria.

Uma testemunha afirmou que Kléber Lima ameaçou grampear o telefone dela, antes do escândalo das interceptações clandestinas no âmbito da Polícia Militar de Mato Grosso vir à tona. O caso foi divulgado pelo Fantástico em maio deste ano e ameaça teria sido feita no início deste ano.

“O secretário passou com o Rogers Jarbas (secretário de Segurança de MT). Desceu a escada. Eu voltei para minha mesa. E, depois de um tempo, Ele voltou muito irado, muito, muito revoltado, e disse assim: ‘quem quiser saber da minha vida, onde eu vou, pergunta para mim. Eu tava na polícia federal com o Rogers, eu não tenho nada para esconder”, contou a testemunha.

Essa testemunha disse que Kléber fez a seguinte ameaça: “Será que agora eu vou ter que grampear todo mundo aqui? Será que eu vou ter que fazer isso?”.

Em uma conversa gravada por uma servidora, o próprio Kléber insinua que pode pedir que a Polícia Militar monitore telefones.

Um servidor que denunciou os assédios disse ter medo de represálias. “Tenho essa preocupação porque o caso dos grampos envolve coronéis da Polícia Militar. E a gente sabe que, se o Kleber Lima tem acesso a esse recurso de grampear pessoas, também tem acesso aos coronéis e é possível outros atos ilícitos dentro desse grupo. Então essa é uma preocupação que eu tenho”, declarou.

Outro servidor diz que já comunicou a família e aos órgãos competentes sobre o que está acontecendo, ao temer pela vida. “Deixei minha família ciente do que está acontecendo. Entrei em contato com outras pessoas, inclusive com a Defensoria Pública, para que mais pessoas saibam do fato”, afirmou.

Segundo o conteúdo da denúncia, minutos após ser informado sobre o inquérito contra ele, Kléber Lima publicou em um grupo em uma rede social, composto por 120 jornalistas do Gcom, uma imagem do pedido de investigação encaminhado peloTribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) à Polícia Civil.

Informações do G1