MP analisa inquérito sobre a morte da juíza


03/10/2011


O Ministério Público recebeu da Polícia Civil na última sexta-feira, dia 30, a primeira parte do inquérito sobre o assassinato da Juíza Patrícia Acioli, morta no dia 11 de agosto, em Niterói. 

Em entrevista veiculada no domingo, 2, no programa “Fantástico”, da TV Globo, o cabo Sérgio Costa Júnior, que confessou a participação na morte da juíza Patrícia Acioli em troca da delação premiada, confirmou que o coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, preso como suspeito de ser o mandante do crime, esteve na prisão militar visitando os PMs do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM (São Gonçalo) acusados de envolvimento no caso e garantiu que nada aconteceria:
—Ele fez uma reunião com todos, deu uma palavra de conforto. Disse que tudo ia passar. E depois ficou falou em particular com o tenente Daniel Benitez. Sérgio Costa Júnior e Daniel Benitez foram os autores dos 21 disparos que mataram a juíza, dentro do condomínio onde ela morava, no dia 11 de agosto. 

Na entrevista, o cabo afirmou que atirou com duas pistolas, de calibres 40 e 45, e que o tenente seria o autor dos tiros de revólver 38. Sérgio disse estar arrependido e temer pela vida da família:

—Saiu nos jornais que por causa do meu depoimento o coronel foi preso. Na verdade, não falei no nome do coronel. Quem falou no coronel foi o tenente Benitez.

Sérgio Costa Júnior afirmou ainda que a ideia de assassinar a juíza partiu do tenente Benitez, que conversou com a equipe do GAT entre abril e maio. Ela colocava em risco o faturamento do batalhão de São Gonçalo, que partilhava armas, drogas e dinheiro apreendidos com bandidos, itens que eram chamados de espólio de guerra. 

Jéferson Miranda, outro cabo que aceitou participar da delação premiada falou que o batalhão arrecadava entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por semana, e que o que passasse desse valor, ia para o coronel.

Imagens das câmeras de segurança do condomínio onde a juíza morava, em Piratininga, Niterói, mostram que Sérgio Costa Júnior e Daniel Benitez estiveram no local do crime sete horas antes do assassinato. Outras imagens revelam que que ambos aguardaram a saída da juíza do fórum, no dia do crime. 

De acordo com o cabo Sérgio Costa Júnior, o estudo do local do crime foi bastante detalhado porque a juíza já havia escapado de outras duas emboscadas na mesma semana. Na primeira, Patrícia Acioli desmarcara uma reconstituição de crime; na segunda, saiu do trabalho em horário mais cedo do que o habitual.

*Com O Globo, G1.