O Brasil desponta em 2012 entre os mais letais do mundo para os jornalistas nas análises das principais organizações internacionais defensoras da liberdade de imprensa. Todas elas registram um aumento expressivo da violência em relação a anos anteriores.
De acordo com o relatório anual da Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil fecha o ano como o 5º país mais perigoso do mundo para os profissionais da imprensa, com cinco assassinatos relacionados à profissão, dois dos quais, ao que tudo indica, por investigarem casos ligados ao narcotráfico. Em 2011, foi registrado um total de três casos.
Já a Press Emblem Campaign (PEC, na sigla em inglês), organização civil com sede na Suíça que busca a proteção dos comunicadores de todo o mundo, destaca que nunca antes houve tantas mortes de jornalistas no Brasil e classifica o país como o 4º pior do mundo, empatado com o México, para o exercício do jornalismo. A organização registrou 11 casos de homicídios de jornalistas este ano; no ano passado, quase a metade, seis.
Em 2012, o Brasil ficou atrás apenas de Síria, Somália e Paquistão. Somando os assassinatos no Afeganistão, Iraque e Gaza, países que se encontram em situação de guerra, o número de vítimas chega a oito.
Segundo a entidade, o País é historicamente um dos mais perigosos para a imprensa, mas havia sido o cenário de poucas mortes entre 2005 e 2010, fazendo com que esta recente elevação no número de casos seja especialmente preocupante.
A divergência entre os números divulgados decorre dos diferentes critérios usados por cada uma para determinar se o crime está ou não relacionado à atividade jornalística das vítimas.
Entre os jornalistas assassinados citados pelas organizações estão Laecio de Souza (Bahia), Mario Randolfo Marques (Rio de Janeiro), Paulo Roberto Cardoso Rodrigues (Mato Grosso do Sul), Divino Aparecido Carvalho (Paraná), Onei de Moura (Paraná), Decio Sa (Maranhão), Valerio Luiz de Oliveira (Goiás), Luis Henrique Georges (Mato Grosso do Sul), Anderson Leandro da Silva (Paraná), Edmilson de Souza (Sergipe) e Eduardo Carvalho (Mato Grosso do Sul).
A maioria deles perdeu a vida após denunciar a influência de máfias criminosas nos setores políticos e econômicos, casos de corrupções de autoridades locais e crimes ligados ao narcotráfico.
A falta de uma apuração rigorosa destes crimes é uma das razões para que eles se perpetuem. No Brasil, apenas 10% dos homicídios são solucionados, segundo estudo divulgado pelo jornal O Globo. Esse baixo índice reflete a inclusão do país no Índice de Impunidade do CPJ.
O período das eleições municipais, ocorridas em outubro, também contribuiu para o clima de insegurança dos jornalistas, que sofreram tentativas de censura e agressões por parte de candidatos ou de seus correligionários.
* Com informações da Deutsche Welle e Centro Knight para Jornalismo nas Américas