Monarco faz 87 anos e se prepara para live, dia 31


17/08/2020


Por Vera Perfeito, diretora de Cultura e Lazer da ABI

Em 17 de agosto de 1933, nascia Hildemar Diniz, em Cavalcante, e foi aos 10 anos, quando mudou-se para Oswaldo Cruz, bairro da Portela, que surgiu o famoso apelido de Monarco que, hoje, ao completar 87 anos, dispensa presentes e pede doações para os companheiros da Velha Guarda de sua escola de samba sem trabalho devido à pandemia.

Mas a data será comemorada com 10 mulheres de máscaras com a foto dele: a mulher, suas enteadas, as netas e a bisneta. O compositor ainda recebe mais homenagens hoje: a Biscoito Fino lança nas plataformas digitais, um registro histórico da Velha Guarda da Portela, gravado em 2015.

Enquanto cumpre a quarentena em sua casa no Riachuelo, o discípulo de Paulo da Portela, prepara-se para participar de uma live com cantores famosos no dia 31 onde estarão, entre outros, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Criolo e as cantoras Marisa Monte, Teresa Cristina, Cristina Buarque e Maria Rita que cantará “Coração em desalinho”, um de seus maiores sucessos. Na quarentena, o discípulo de Paulo da Portela, não ficou parado e fez o samba “Cadê você, paixão?” com Leo Russo, um jovem compositor.


Ainda sem gravar o novo samba, Monarco afirma que só compõe “quando vem do coração”.

E é como diz Zeca Pagodinho: ‘Os mais velhos, como Noel e Cartola, já fizeram tudo. Não deixaram nada pra gente’ – afirma, modestamente, o candidato ao Grammy Latino em 2019.

Ontem, Monarco deu uma escapulida do isolamento em um passeio de carro porque a mulher Olinda não quer deixar a data passar em branco e foi comprar “uma lembrancinha” para o marido que continua agradecendo a Deus a recuperação de Mauro Diniz, seu produtor, que esteve internado devido à Covid. E ele só soube quando o filho deixou o hospital.

Mas todo dia boto o joelho no chão e agradeço a Deus a força que ele me deu nesses 150 dias que estou em casa.
E relembra o tempo em que trabalhou na ABI, entre 1947 e 1950 quando o presidente era Herbert Moses e ele arrumava a mesa para Heitor Villa-Lobos jogar bilhar francês (sem caçapa) e lhe comprava charutos. Outra lembrança foi a do emprego no Jornal do Brasil, na Avenida Brasil, onde era o guardador do estacionamento e amigo de todos os chefões do jornal, antes do sucesso.

Em 1950, Monarco integra a ala de compositores da Portela e, mais tarde, se torna líder da velha guarda. Também foi diretor de harmonia da escola mas nunca chegou a ganhar uma disputa de samba-enredo embora consagrasse sambas “de terreiro” ou “sambas de quadra”. Seu primeiro disco solo foi lançado em 1976, com “O Quitandeiro” (com Paulo da Portela) e “Lenço” (com Francisco Santana). Em 1995, Monarco tem o CD A Voz do Samba lançado no Japão. Em 1999, a cantora Marisa Monte convidou Monarco e a Velha Guarda da Portela para o CD Tudo Azul, de sua produção, com participação de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho.

Em 2008, foi lançado o documentário Mistério do Samba e também produzido por Marisa Monte e no qual Monarco participa oferecendo relatos de sua história e a do samba no Rio de Janeiro. Essa produção foi incluída na seleção oficial do Festival de Cannes. Em 2010, Monarco gravou seu primeiro DVD – “Monarco: A Memória do Samba” -. Assim como o documentário “Mistério do Samba”, esse projeto se pretende como um registro para a história da tradição do nosso ritmo. Desse DVD participam Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Velha Guarda da Portela e Família Diniz.