Momentos marcantes da história do Bangu (pt 1)


24/07/2009


O primeiro campo 

A história do Bangu está ligada intimamente a fábrica de tecidos. Os ingleses Andrew, Procter, Thomas Donohoe, Thomas Hellowell e William French eram torcedores do Southampton, cujas cores eram o branco e o vermelho. Daí o uniforme do Bangu ser alvi-rubro. 

Vindos da Inglaterra, berço do futebol, os altos funcionários ingleses mandaram construir no terreno da fábrica o campo de futebol. 

A estréia no campeonato carioca 

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Os alvi-rubros estrearam no primeiro campeonato carioca, em 1906, contra o Football Athletic e venceram por 3 a 1. A equipe banguense era um misto de ingleses e brasileiros. Esses últimos operários da fábrica entre os quais se encontrava Francisco Carregal, o primeiro negro a integrar uma equipe de futebol no Brasil. 

Vemos diretores e jogadores que formavam o time base no primeiro campeonato carioca: de cima para baixo e a partir da esquerda, na 1ª fila, José Villas Boas (diretor e fundador), Frederick Jacques (goleiro e fundador) e José Ferrer (presidente); 2ª fila, Bochialini, Francisco, Starck, Dante e Fortes; 3ª fila, Maffeu, Hellowell, Carregal, Procter e Hartley. O primeiro gol da história do Bangu foi marcado por William Procter. 

Fausto e os Da Guia

Surgiram no Bangu na década de 20 dois craques que escreveram seus nomes na história do futebol brasileiro: Fausto dos Santos e Domingos da Guia. O primeiro ficou conhecido como a “Maravilha Negra” quando encantou os torcedores e a imprensa uruguaia na Copa do Mundo de 1930. Domingos até hoje é considerado o maior zagueiro de todos os tempos e se consagrou como o “Divino Mestre”. 

Os Da Guia era quatro irmãos: Domingos, Luiz Antônio, Médio e Ladislau. Todos bons de bola. Antes de Domingos surgiu Luiz Antônio, o mais velho de todos, que era considerado um cracaço. Médio e Ladislau ficaram mais tempo no Bangu e chegaram a ser campeões em 1933.

 

No dia 12 de maio de 1929, os irmãos Da Guia jogaram juntos numa partida amistosa contra o São Cristóvão. O Bangu venceu por 2 a 1. Em pé, Médio, Luiz Antônio, Domingos e sentado Ladislau antes de um treino. 

Primeiro campeão profissional 

Em 1933, ano em que o futebol carioca se profissionalizou, o Bangu conquistou o campeonato. Os banguenses asseguraram o título ao vencerem o Fluminense por 4 a 0, nas Laranjeiras, no dia de novembro. Os gols foram marcados por Tião (2), Ivan (contra) e Plácido. O atacante Tião liderou a artilharia do campeonato com 13 gols. 

Elenco do Bangu campeão carioca de 1933: em pé, Luís Vinhais (técnico), Sobral, Paulista, Ladislau, Tião, Plácido, Gentil, Dininho, Orlandinho, Tenente Barbosa (preparador físico); agachados, Paiva, Ferro, Santana e Médio; sentados, Mário, Euro, Euclides, Nilton, Sá Pinto e Camarão e, ainda, Buza e Vivi. 

Surge o Estádio Proletário 

O grande Ari Barroso referia-se ao campo do Bangu como o “alçapão da Rua Ferrer” e afirmava: “Ganhar lá é muito difícil, porque os “mulatinhos rosados! Botam a gente prá correr.” 

Em meados de junho de 1945, os primeiros passos para a concretização de uma idéia antiga foram dados. A direção da Fábrica de Tecidos, encabeçada por Manoel Guilherme da Silveira e seu filho Silveirinha, queria presentear os funcionários com uma moderna área social-esportiva-recreativa.
Escolhido o local para a construção do novo estádio, as obras foram iniciadas. O Estádio Proletário, nome escolhido em homenagem a significativa parcela dos trabalhadores da região integrada ao dia-a-dia da Cia. Progresso Industrial do Brasil, foi inaugurado no dia 27 de março de 1948. 

A inauguração do Estádio Proletário teve grande importância como escreveu o jornalista e querido amigo Aristélio de Andrade na apresentação do nosso livro “Eternamente Bangu”:
“O Estádio Proletário foi palco de um desses momentos que deveriam ser reverenciados. A sua inauguração celebrou uma paz social que deveria presidir as ações de empregados e patrões. Pouca gente sabe, por exemplo, que Guilherme da Silveira, o “Silveirinha”, o dono da fábrica e de tudo que a cercava, convidou para inaugurar as novas instalações do campo, batizando-as oficialmente como Estádio Proletário, não foi outro senão o líder do PCB, Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, na época na ilegalidade: Luiz Carlos Prestes, o “Cavaleiro da Esperança”. A placa comemorativa ao ato existiu até 1964.” 

No dia da inauguração os veteranos banguenses se despediram do campo da Rua Ferrer. Jogaram o primeiro tempo, cortaram as balizas para, simbolicamente, colocá-las no novo estádio, transportando-as por um enorme cortejo pelas ruas do bairro. Em seguida, jogaram o segundo tempo do jogo iniciado na Rua Ferrer. 

Na partida principal o Bangu venceu o Flamengo por 4 a 2 gols de Joel, Moacir Bueno, Menezes e Moacir. Os artilheiros do Flamengo foram Zizinho e Gringo.
Grupo de veteranos na despedida do campo da Rua Ferrer: em pé, Luiz Antônio da Guia, Américo Pastor, José Matos, Angenor, Archises, Quininho, Áureo, Filinho, Chiquinho Pereira (pai de Luís Pereira, o Lula); agachados, Eduardo, Dininho, Guilherme Pastor, Euro e Jurandir.

Maquete Estádio Proletário construído em Moça Bonita, hoje estação Guilherme da Silveira. 

Pioneirismo do markenting no uniforme 

As camisas brancas com o losango escrito Bangu, no centro do peito, logomarca da fábrica de tecidos, passaram a serem usadas nas excursões para divulgar a marca Bangu.
A partir de 1948 quando obteve o 5º lugar no campeonato carioca e iniciou um período de importantes contratações, o Bangu passou a ocupar as primeiras colocações.
Equipe do Bangu antes de um jogo no Nordeste, onde estreou o novo uniforme, com alguns dos recém contratados: em pé, Gualter, Domingos da Guia, Princesa, Nogueira, Irani, Pinguela e o técnico Airton Moreira; agachados, Zezinho, Menezes, Joel, De Paula e Amaral. 

Centro Histórico-Esportivo

O próximo encontro da série “Futebol arte: a arte do futebol” será realizado na primeira 3ª feira de agosto, dia 4, no auditório Belisário de Souza, no 7º andar da sede da Associação Brasileira de Imprensa, na Rua Araújo Porto Alegre, 71. 

Os comentaristas do Sistema Globo-CBN de Rádio, Luís Mendes e Álvaro de Oliveira Filho e o Prof. Ronaldo Helal, da UERJ, debaterão sobre o tema “Futebol e Rádio”