26/05/2020
A decisão da Folha de suspender temporariamente a cobertura jornalística na porta do Palácio da Alvorada recebeu declarações de apoio de líderes parlamentares e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Nesta segunda-feira (25), apoiadores de Jair Bolsonaro hostilizaram jornalistas no Alvorada, numa prática que tem sido recorrente na porta da residência oficial. O jornal pretende retomar a cobertura no local somente depois das garantias de segurança aos profissionais por parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Para o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), a agressão é inaceitável.
“Quero repudiar essa ação que eu considero intolerante, própria de espíritos ditatoriais que agem a favor do presidente da República e contra a imprensa, sobretudo essa manifestação contra os jornalistas da Folha de S.Paulo, que tem sido um órgão altivo na defesa da democracia e da liberdade. A liberdade de imprensa conta com meu apoio e a minha luta no Senado”, disse.
O líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), fez uma citação do escritor grego Tulio Cícero. “Triste a nação em que o presidente da República ataca a separação dos Poderes, agride as instituições, e em que a imprensa livre e independente é obrigada a suspender a cobertura por conta de ameaças milicianas. Que tempos, que costumes, como já dizia Tulio Cícero?”, disse ele.
O Grupo Globo também decidiu que seus profissionais não mais farão plantão na saída do Palácio da Alvorada devido à falta de segurança.
Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de Relações Institucionais do grupo, comunicou a decisão, por carta, ao ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno.
Em nota, a ABI celebrou e parabenizou a decisão da Folha e do Grupo Globo. “Esses ataques ganharam corpo e se tornaram mais graves, havendo inclusive agressões físicas a repórteres por parte da claque bolsonarista”, disse a entidade.
Perpétua Almeida (AC), líder do PC do B na Câmara, disse que as agressões a jornalistas são inadmissíveis. “Não existe democracia sem liberdade de imprensa. Liberdade de imprensa não se discute, se defende”, escreveu ela, em uma rede social.
Eduardo Braga (AM), líder do MDB no Senado, afirmou que a liberdade de imprensa é um fundamento constitucional que precisa ser mantido.
“É lamentável que estejamos chegando a esse ponto. Creio que os direitos individuais e coletivos precisam ser assegurados. É um fundamento da nossa Constituição, assim como a liberdade de imprensa e de expressão.”
O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), disse que o episódio mostra que a permanência de Jair Bolsonaro na Presidência é uma ameaça à democracia.
“A agressividade de Bolsonaro e de seus apoiadores chega a tal ponto que coloca em risco a integridade física de jornalistas. Isso mostra o quanto a permanência de Bolsonaro na Presidência ameaça a nossa democracia e os direitos fundamentais, como a liberdade de expressão. É muito grave o que estamos vivendo. Ou as instituições param Bolsonaro ou ele vai destruir nosso país.”
O líder do PDT no Senado, Weverton Rocha (MA), afirmou que é preciso dar um basta às agressões aos profissionais da imprensa.
“Os jornalista têm minha total solidariedade. É um absurdo o tratamento desrespeitoso que o presidente Bolsonaro vem dispensando aos jornalistas, incentivando seus seguidores a agressões de toda natureza. É preciso dar um basta nisso. Hoje mesmo apresentei um projeto de lei que aumenta de um a dois terços a pena para quem cometer crime de lesão corporal contra profissionais de imprensa no exercício da sua profissão ou em razão dela. Respeitar a imprensa é respeitar a democracia”, disse.
“A falta de respeito do presidente com os profissionais da imprensa revela um verdadeiro desrespeito à democracia e a todos os brasileiros que precisam da informação de qualidade que só o jornalismo profissional pode garantir”, disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Crédito: Iara Lemos Danielle Brant
Crédito da imagem: Reuters/A.Machado