Mário Lago é tema do ABI Memória Músical


30/06/2021


Em debate a vida e obra de Mário Lago

O bate-papo do Memória Musical, hoje, será com o tema Nada Além de Mário Lago. O apresentador do programa, o jornalista e produtor cultural Paulinho Figueiredo, receberá como convidados a instrumentista Ignez Perdigão, o ator e diretor teatral Marcos França e o ator, compositor e produtor Mário Lago Filho, filho de Mário Lago. A partir das 19h30 no canal da ABI do YouTube.

O carioca Mário Lago (1911-2002) foi advogado, poeta, escritor, radialista, ator e compositor de sucesso, principalmente com Ai! Que saudade da Amélia que popularizou entre as décadas 1940 e 1950 e é cantada até hoje, tornando-se sinônimo de mulher submissa. Militante comunista foi para a prisão sete vezes nas décadas de 1930, 1940, 1950 e 1960. Em 1964, teve seus direitos políticos cassados pela ditadura brasileira, perdendo seu emprego na Rádio Nacional.

Mário Lago

Neto de um anarquista italiano e filho de um maestro, ele formou-se em advogado, em 1933, quando se tornou marxista e devido às ideias comunistas foi para a prisão sete vezes: 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969. Depois de formado em advogado, exerceu a profissão por apenas meses, envolvendo-se com o teatro de revista, além de escrever, compor e atuar. Esteve na União Soviética, em 1957, mas ficou decepcionado com o autoritarismo, embora jamais tenha abandonado a militância política.

Suas composições mais famosas são, além de Ah! Que saudade da Amélia, em parceria com Ataulfo Alves, É tão gostoso, seu moço, com Chocolate, Número um, com Benedito Lacerda, o samba Fracasso e a marcha carnavalesca Aurora, em parceria com Roberto Roberti, consagrada na interpretação de Carmen Miranda. Na Rádio Nacional, Mário Lago foi ator de rádio e roteirista. E, em 1964, foi um dos nomes a encabeçar a lista dos que tiveram seus direitos políticos cassados pelo regime militar, perdendo suas funções na rádio.

Na segunda metade da década de 1960, apareceu com frequência no cinema, com atuações marcantes em filmes importantes como O Padre e a MoçaOs Herdeiros e Pedro Diabo Ama Rosa Meia-Noite e Terra em transe, de Glauber Rocha. Na década de 1970, iniciou uma carreira de sucesso como ator de telenovelas, com destaque para Cavalo de Aço e O Casarão. Em 1989, ligou-se ao Partido dos Trabalhadores e atuou como âncora dos programas eleitorais do candidato do partido, Lula,  à presidência da República, em 1998.

Escreveu ainda os livros Chico Nunes das Alagoas (1975), Na Rolança do Tempo (1976), Bagaço de Beira-Estrada (1977) e Meia Porção de Sarapatel (1986), sendo biografado, em 1998, por Mônica Velloso na obra: Mário Lago: boêmia e política. No carnaval de 2001, foi tema do desfile da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz e, em 2002, ganhou o Troféu Mário Lago, anualmente concedido a nomes da teledramaturgia.

Em janeiro de 2002, o presidente da Câmara, Aécio Neves, foi à sua residência para lhe entregar, solenemente, a Ordem do Mérito Parlamentar e, na última entrevista ao Jornal do Brasil, revelou que estava escrevendo sua própria biografia, certo de que chegaria aos 100 anos. Morreu no dia 30 de maio de 2002, aos noventa anos de idade, em sua casa, em Copacabana, no Rio, de enfisema pulmonar. Para o velório foi aberto o palco do Teatro João Caetano, onde viveu importantes momentos de sua carreira de ator.

No Colégio Pedro II de São Cristóvão, onde estudou, hoje existe em sua homenagem, o Teatro Mário Lago, para apresentações culturais. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.

Convidados

Mario Lago Filho, o Mariozinho Lago, filho do Mário Lago é jornalista e compositor com mais de 20 músicas gravadas por Nilze Carvalho, Ana Costa, Zeca Pagodinho, Walter Alfaiate, Délcio Carvalho, Tânia Machado e Ataulpho Alves Júnior. Suas parcerias são com Délcio Carvalho, Walter Alfaiate,  Marcos Lucena, Geraldo Silva, Lefê Almeida e com o próprio pai em Quebrou-se no meu peito, gravada por Teresa Cristina. Fez músicas também para o bloco de Ipanema, Simpatia é quase amor.

Ignez Perdigão é uma instrumentista e compositora maranhense que  reveza flauta, cavaquinho, violão e sua voz. Já tocou em shows e gravações com Cristina Buarque, Velha-Guarda da Portela, Mário Lago, Wilson Moreira, Walter Alfaiate, Mauro Duarte, entre outros. Voltou-se para o seu trabalho instrumental inicial, no choro e no samba, logo após uma passagem pelo teatro que lhe renderam participações nos festivais de Nantes, em anos diferentes, e Horizonte, de Berlim, com os grupos Vento Forte, de Ilo Krugil, Cia. Aérea da Terra e de Contadores de Histórias. Trabalhou como arranjadora e assistente de regência do coral da Secretaria Municipal de Administração da Cidade do Rio de Janeiro. Em 2000, ministrou o curso livre de violão e cavaquinho na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Marcos França é ator e dramaturgo e diretor teatral. Fez parte do elenco de A serpente,Henrique IV, Navalha na carne e Casa da Morte. Já foi indicado para o Prêmio Mambembe como melhor ator coadjuvante em Coração Mamulengo, criando também o Núcleo Informal de Teatro, dedicado a investigar nomes da música popular brasileira quando realizou os espetáculos musicais de sua autoria Aquarelas do Ary, Ai, que saudades do Lago! e A noite é uma criança sempre com foco em compositores nacionais. Encenou ainda a Trilogia poética, três espetáculos sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana e Manuel Bandeira e dirigiu Deixa a dor por minha conta, musical sobre a obra de Sidney Miller. Com Hugo Sukman escreveu Nara – a menina disse coisas e Com amor, Vinicius (2018), dirigiu E se mudássemos de assunto. Também atua como professor de artes cênicas na CAL – Casa de Artes de Laranjeiras.