26/01/2025
Com informações do Metrópoles
O jornalista Marcelo Auler, do Conselho Deliberativo da ABI, teve as contas bloqueadas por determinação da Justiça do Paraná. Ele foi condenado a indenizar em R$ 76 mil a juíza Márcia Regina Hernandez de Lima, da 3ª Vara de Família de Pinhais (PR), em razão de reportagens publicadas em seu blog e no Jornal do Brasil em 2018.
O processo foi aberto pela juíza após a veiculação de uma reportagem sobre a deportação de crianças haitianas baseada em decisões assinadas pela magistrada. Ela alegou que o conteúdo continha “notícias falsas”.
Na análise do recurso apresentado por Auler, a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) avaliou que o material publicado “não condizia com a verdade” e considerou negativa a divulgação do nome completo da magistrada.
“Resta configurado que os réus, ao produzir e publicar reportagem contendo fatos não condizentes com a verdade, informando, ainda, o nome completo da magistrada, de forma a expor sua identidade aos leitores, deixaram de observar os deveres de veracidade e de cuidado”, afirmou a decisão.
Auler recorreu do bloqueio das contas no Supremo Tribunal Federal (STF). Na Corte, pediu a suspensão do processo na 5ª Vara Cível do Paraná até a conclusão do caso no STF. Na reclamação, a defesa de Auler alegou que o jornalista é alvo de censura.
A jornalista Lara Sfair, de Curitiba, também do Conselho Deliberativo da ABI, que foi testemunha de Auler, no processo relatou:
” Eu entrevistei o haitiano vítima da juíza que vem promovendo a tunga nas contas do Auler. Na época fiz questão de ter uma tradutora, presidente da associação dos haitianos aqui em Curitiba. Foi por isso que acabei sendo arrolada como testemunha no processo. O juiz fez perguntas sobre a conduta do jornalista, não demonstrou nenhum interesse que lhe contasse fatos ocorridos na vara da autora do processo. Sequer se interessou em saber que a única vez que o haitiano foi ouvido na língua dele, durante todo o longo e cruel episódio, foi ao conversar comigo. As crianças dele passaram por abrigos e quase adoção. O haitiano foi pressionado a sair do país e dar suas crianças. Uma sucessão de barbaridades que culminou com a fuga dele de volta para a terra natal. Eu não estou impedida de falar sobre o que sei, e posso divulgar esta matéria que trata apenas da cereja do bolo da magistrada: a condenação do jornalista com confisco de sua própria subsistência”.
A ABI se solidariza com Marcelo Auler e se coloca à disposição para entrar como amicus curiae nos recursos aos tribunais superiores.