“Maracanã, um estádio com alma”


05/03/2010


O Maracanã foi definido duas vezes nesta sexta-feira, 5 de março, como um “estádio com alma”, expressões usadas pelo decano da crônica esportiva do Rio, jornalista Luiz Mendes, e repetidas pela Secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Estado do Rio, Márcia Lins, que também é jornalista, na cerimônia com que a Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro-Acerj, comemorou o Dia do Cronista Esportivo, instituído por lei estadual.

Tanto Mendes como Márcia exaltaram o atual Estádio Mário Filho, cujo renome tem dimensão mundial, como acentuou Mendes, informando que em Belgrado, capital da antiga Iugoslávia, foi dado o nome de Maracanã a um estádio, em homenagem ao maior templo do futebol brasileiro. Mendes contou que cobriu o início das obras de construção do Maracanã junto com o falecido radialista Raul Brunini. Ele lamentou que a capacidade do estádio tenha sido reduzida ultimamente e se situe agora em torno de 90 mil espectadores, menos da metade do público que já abrigou, como o de mais de 180 mil pessoas no jogo Brasil x Paraguai das eliminatórias da Copa do

Mundo de 1954. Provocando risos dos presentes, Mendes contou que, no dia do início solene das obras, um dos diretores de uma das seis empreiteiras contratadas estava tão emocionado que levou ao ouvido, em vez da boca, o microfone com que Brunini o entrevistava.

Realizado no Centro de Memória do Jornalismo, no hall térreo do estádio, e presidido pela Secretária Márcia Lins, com a presença do Presidente da Superintendência de Esportes do Estado do Rio de Janeiro-Suderj, Sávio Franco, e seu Vice-Presidente, Jorge Guilherme Pontes, também jornalista, o ato foi aberto pelo Presidente da Acerj, Eraldo Leite, que convidou para tomar assento na direção dos trabalhos um elenco de ases do jornalismo esportivo: o decano Luiz Mendes; Orlando Batista, locutor que brilhou durante décadas na Rádio Mauá do Rio de Janeiro; Teixeira Heizer, um dos pioneiros do jornalismo na televisão e membro do Conselho Consultivo da ABI, e Sérgio Noronha, celebrado comentarista esportivo da televisão e do rádio. Ao lado deles, o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, que liderou numerosa representação de associados da Casa.
Após as intervenções de Mendes e Márcia Lins, o jornalista Lóris Baena Cunha, associado da ABI, foi convidado a contar a história dos poemas que fez em homenagem aos clubes que ganharam campeonatos regionais no Maracanã – América,Bangu,Botafogo,Flamengo,Fluminense e Vasco –reproduzidos em molduras que seriam em seguida inauguradas. Baena, que compareceu com a esposa, uma filha e um neto, contou que veio em 1947 de Belém, sua terra, para o Rio de Janeiro, onde se iniciou no jornalismo esportivo no diário “Folha Carioca”, cuja seção de esportes era dirigida pelo jornalista Canor Simões Coelho. Ao recebê-lo, Canor, com humor, descreveu-o como mais um “jornalista de exportação” vindo do Pará, somando-se a dois outros paraenses que já estavam radicados no Rio: Everardo Guilhon, que assinava crônicas esportivas sob o pseudônimo de XX, e Solange Bibas.

A atuação de Canor Simões Coelho como líder dos jornalistas esportivos foi realçada também pelo Presidente Eraldo Leite, que lembrou que Canor dirigiu o primitivo Departamento de Imprensa Esportiva da ABI, celebrado sob a sigla Die. Este constituiu o embrião da atual Associação dos Cronistas Esportivos.

Entre os associados da ABI que compareceram ao ato, encerrado com um coquetel, encontravam-se Antônio Nogueira Neto, Gerdal dos Santos, Germando de Oliveira Gonçalves, Miro Lopes e Paulo Marinho, que se somaram a outros jornalistas, entre os quais Nélson Rodrigues Filho.