Manifestantes pedem a renúncia de presidente da CPI dos Ônibus


Por Cláudia Souza*

09/08/2013


Polícia Militar continuou isolando o prédio da Câmara dos Vereadores do Rio após a invasão de cerca de 200 manifestantes. (Crédito: Daniel Mazola)

Polícia Militar continuou isolando o prédio da Câmara dos Vereadores do Rio após a invasão de cerca de 200
manifestantes. (Crédito: Daniel Mazola)

Cerca de 200 pessoas ocuparam o prédio da Câmara dos Vereadores do Rio nesta sexta-feira, dia 9, após o anúncio da escolha do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) para o cargo de presidente da CPI dos Ônibus, que vai investigar o sistema de ônibus do Rio.

Os manifestantes arrombaram a porta lateral do prédio e permaneceram no 7º andar do Palácio Pedro Ernesto, onde fica o gabinete de Chiquinho Brazão, para pedir sua renúncia. O grupo se concentrou ainda na entrada do gabinete do presidente Jorge Felippe, onde também estavam Chiquinho Brazão, e o relator da CPI, professor Uoston, líder do PMDB na Câmara. Os parlamentares permaneceram dentro da sala da presidência junto com jornalistas que participavam de uma entrevista coletiva no momento da invasão.

Policiais do Batalhão de Choque entraram no gabinete, e o único que conseguiu sair escoltado com pelo menos quatro seguranças foi o vereador Jorginho da S.O.S., do PMDB, que também integra a CPI. Ele foi xingado pelos manifestantes.

Após quase duas horas, quatro manifestantes negociaram, com vereadores e policiais militares, a saída dos parlamentares.

Nesse momento, mais de cem manifestantes invadiram o plenário da Câmara, com faixas e cartazes, e realizaram uma assembleia popular para apresentar proposta à mesa diretora sobre a criação da CPI dos Ônibus. O grupo pediu a renúncia de Brazão e a nomeação de Eliomar Coelho (PSOL), que propôs a CPI, para o cargo. Eles também questionam a nomeação do Professor Uóston para o cargo de relator. Brazão afirmou que vai continuar no cargo de presidente da comissão.

Do lado de fora da Câmara, cerca de 100 pessoas que não conseguiram entrar também protestaram. Os manifestantes deixaram na entrada do prédio centenas de embalagens pretas numa alusão às contas dos ônibus do Rio,que consideram uma caixa preta.

Investigação

Eliomar Coelho disse que vai apresentar na próxima terça-feira, 13, uma lista de nomes de pessoas que ele gostaria que fossem convocadas e de documentos que deveriam ser requisitados para que haja, segundo ele, uma investigação mais profunda. Eliomar, no entanto, admite renunciar caso não seja atendido.

Em meio à polêmica, o vereador Jefferson Moura começa a articular a criação de uma comissão paralela fora da CPI para investigar os ônibus.

O pedido de criação da CPI foi feito após a polêmica decisão do Tribunal de Contas do Município (TCM) de arquivar o processo de suspeita de formação de cartel. O TCM acabou voltando atrás na decisão e pediu a devassa em 43 empresas de ônibus.

Eliomar Coelho foi o único dos cinco membros da CPI que assinou o requerimento para a sua criação. O presidente da Comissão de Transportes da Casa, vereador Sebastião Ferraz (PMDB), da base do governo, criticou os vereadores da base que apoiaram a iniciativa e disse que as investigações não servirão para nada.

Início do protesto

No fim da tarde desta quinta-feira, dia 8, cerca de mil pessoas iniciaram uma passeata na Candelária em direção à Assembleia Legislativa do Rio e à Câmara dos Vereadores, onde um grupo de manifestantes permaneceu durante a noite.

Na Alerj, houve um princípio de tumulto, com pessoas chutando os portões do Palácio Tiradentes, aos gritos de “Fora Cabral”. Eles foram expulsos por seguranças da Casa, que teriam usado spray de pimenta. De lá, o grupo seguiu para a Câmara Municipal, onde cerca de 80 PMs que acompanhavam o protesto fizeram um cordão de isolamento na entrada do prédio.

Outro grupo de manifestantes invadiu uma agência bancária e atirou pedras no prédio que sedia o grupo EBX, do empresário Eike Batista, na Rua Senador Dantas. A Avenida Rio Branco foi interditada e houve retenções em várias ruas do Centro.

 *Com informações do jornal O Globo