Manifestantes invadem a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro


Por Cláudia Souza*

01/08/2013


 

Funcionários da Câmara tentam conter manifestantes (Foto: Felipe Dana/AP)
Funcionários da Câmara tentam conter manifestantes (Foto: Felipe Dana/AP)

Servidores do setor de informática da Câmara de Vereadores do Rio estão trabalhando para recuperar os equipamentos que foram danificados por um grupo de manifestantes que invadiu o Palácio Pedro Ernesto na noite desta quarta-feira, dia 31, durante protesto. Há danos extensos na fiação e nos painéis eletrônicos. A Mesa Diretora também solicitou a presença de um restaurador para avaliar os estragos no pedestal onde fica o busto do ex-prefeito Pedro Ernesto na entrada principal do palácio.

Para conter o tumulto, policiais fizeram uma barreira nas escadarias do prédio, mas um grupo de manifestantes conseguiu entrar pela entrada lateral do prédio. Algumas pessoas chegaram até o plenário do prédio, mas policiais e funcionários da administração do prédio negociaram a saída deles do local. Outros manifestantes permaneceram no interior da Casa. O advogado Luan Cordeiro, representante da OAB, conversou com o grupo dentro da Câmara. Policiais usaram bombas de efeito moral, pistolas de paintball e spray de pimenta para dispersar os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas. Pelo menos um policial ficou ferido. Uma pessoa foi presa e encaminhada à 5ª DP. A polícia apreendeu com um manifestante uma caixa com dez rojões e também recolheu dois coquetéis molotov.

Ministério Público

A manifestação, que começou por volta das 16h, na Cinelândia, teria sido convocada por meio das redes sociais. Cerca de 700 pessoas seguiram em passeata, de forma pacífica, até o prédio do Ministério Público, onde entregaram uma carta de reivindicações ao procurador-geral da Justiça, Marfan Vieira, que desceu para a rua para conversar com os manifestantes. No documento, entre outros ítens, o grupo questiona as viagens de helicóptero do governador, e solicita a análise das contas públicas, o que poderia levar Sérgio Cabral ao impeachment.

— Recebemos a pauta de reivindicações de vocês, já lemos e verificamos que grande parte dela já é objeto de investigação do MP. Temos ações civis públicas e investigações em andamento em 95% dos casos que estavam na pauta. O MP é uma instituição de defesa da sociedade. Decidi descer porque o procurador não pode ficar encastelado. Tentamos cumprir nosso papel de estar próximos da sociedade. Não temos receio de pressões, venham do lado que vierem, disse Marfan Vieira, que comentou o apoio da população na derrubada da PEC 37.

— Entendo que a liberdade de manifestação é um direito de todos. Eu mesmo participei de uma passeata em Copacabana e vesti a camisa contra a PEC 37. Acho legítimo. Mas outra coisa são atos de vandalismo. A partir desta quinta-feira, dia 1º, a assessoria de imprensa do MP passará a publicar no site da instituição todas as investigações em andamento de forma detalhada. Sobre o caso Amarildo, quero informar que foi realizada uma reunião no MP com a presença do delegado encarregado, além de promotores de Justiça e o subprocurador geral de direitos humanos. O MP não tolera qualquer atentado aos direitos humanos.

Em seguida, os manifestantes, que também ocuparam as escadarias do prédio da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foram dispersados por policiais militares, que usaram gás de pimenta . O grupo decidiu voltar para a Cinelândia, e invadir a Câmara dos Vereadores.

Falta de diálogo

Após o confronto na Cinelândia, cerca de 100 manifestantes seguiram de ônibus para o bairro do Leblon, Zona Sul, onde se uniram às pessoas que, desde o início da última semana, permanecem acampadas próximo à residência do governador Sérgio Cabral.

A rua Aristides Espínola foi cercada por grades. Por volta das 2h, duas viaturas da PM fecharam a pista sentido São Conrado, na altura da Rua Rainha Guilhermina. Uma viatura permaneceu no local.

Em entrevista à rádio CBN, na manhã desta quinta-feira, 1º, o governador Sérgio Cabral, admitiu falhas nas negociações com os manifestantes:

— Da minha parte, faltou mais diálogo, capacidade de entendimento e compreensão. Mas eu não sou uma pessoa soberba e não aberta ao diálogo, ao contrário. Sempre fui aberto ao diálogo. O que eu tenho feito de ponderação é a questão da minha casa. Tenho um filho de 6 e outro de 11 anos.

 *Com informações do jornal O Globo e G1.