Macunaíma exibe filme dos Kayapo que denuncia invasão de suas terras


25/05/2021


Kayapo denunciam invasão de suas terras

O Cineclube Macunaíma exibe hoje, a partir das 10hs, o documentário O segundo encontro, de Veronique Ballot, com 70 minutos de duração e lançado em 2019. O filme mostra a vida dos índios Metuktire da nação Kayapo, no norte do estado de Mato Grosso, 64 anos depois de filmados por Henri Ballot, pai da diretora, para a revista O Cruzeiro, durante a expedição dos irmãos Villas-Boas à região.

A partir das 19h30, haverá o debate sobre a obra, com o cineasta Sílvio Tendler e Ricardo Cota, de mediador. Os convidados são a cineasta Veronique Ballot, o ambientalista Ailton Krenak e o jornalista Rubens Valente. Para assistir o filme – que ficará disponível até segunda-feira –  e o debate, clique no canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube.


Filme

Em 1953, acontecia o primeiro encontro entre brancos e os Índios Metuktire da nação Kayapo, que viviam às margens do rio Xingu, no norte do estado do Mato Grosso. Henri Ballot – pai da diretora do filme que será exibido hoje no Cineclube Macunaíma -, o repórter-fotográfico da revista O Cruzeiro, fez parte dessa expedição organizada pelos irmãos Villas-Boas, pioneiros no contato com índios brasileiros.

Sessenta e quatro anos depois a filha, a cineasta franco- brasileira Véronique Ballot, seguiu os passos do pai, movida pela curiosidade e resgatou essa grande aventura, dando voz à comunidade indígena, no documentário. Várias perguntas a guiavam: o que aconteceu com os Metuktire depois de mais de seis décadas de invasão de suas terras pelos brancos? Que impacto aquele primeiro encontro, tão rico em promessas, teve em suas vidas? Que traços encontraria de seu pai, que pouco ela conheceu, nesse território tão longe dos centros urbanos?

Memória, documento ou herança? Segundo a cineasta Véronique Ballot, um pouco de tudo isso motivou a realização do documentário O segundo encontro. E quando herdou o arquivo fotográfico do pai o que lhe chamou a atenção foram justamente essas imagens indígenas, que são tão desconhecidas, longe da cultura urbana.

Nesse filme, os índios falam que são sobreviventes do primeiro encontro e  mostram seus descendentes. Eles confrontam o passado com o presente, revivendo a memória dos Kayapos, através das fotos do pai da cineasta. Esse segundo encontro revela elementos de reflexão sobre a questão da sobrevivência e da dignidade das nações indígenas.

De 1952 a 1957, a revista Cruzeiro acompanhou esses primeiros contatos com outras tribos – não só com os Metuktire –  dos grupos da nação Kayapó. E havia as divergências da abordagem dos irmãos Villas-Boas com o governo de Getúlio Vargas que, mesmo tendo sido eleito democraticamente, enfatizou o nacionalismo da época e quis conhecer as terras do interior porque tinha que colonizar as áreas onde estavam os índios, lembra a diretora do documentário.


Debatedores

Participam da mesa de debate sobre a obra, o cineasta Silvio Tendler e o jornalista Ricardo Cota, que fará a mediação. Os convidados são:

AiltonKrenak,líder indígenaambientalistafilósofopoeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque. Ailton é também professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.

Veronique Ballota diretora franco-brasileira do filme é socióloga, professora aposentada da Educação Nacional na França e realizou os seguintes filmes, além de O Segundo Encontro: Le sacrifice dun fleuve ,  2014,  7’ e A La Découverte des Tortues Marines de Martinique , 2015, 26’.

Rubens Valente é jornalista da Folha de S.Paulo desde 2000, fez reportagens em mais de trinta terras indígenas, principalmente nos anos 1990. Desde 2010 é repórter do jornal na sucursal de Brasília e escreveu o livro Os fuzis e as flechas: História de sangue e resistência indígena na ditadura