“Julia e o mago”, novo livro de Cecília Costa


17/06/2009


Uma contadora de histórias compulsiva, como ela própria se descreve, Cecilia Costa mescla fato e ficção para urdir a trama de seu segundo romance. “Julia e o mago” traz personagens reais, que passaram pela vida da autora, e outros ligados à família do escritor Thomas Mann, filho da brasileira Julia. O resultado é um relato que se situa entre a objetividade jornalística e a emoção de quem viveu situações semelhantes às que criou para o livro.

Depois de lutar com a morte, de ver a alma voltar para o próprio corpo, Antônio se entrega à aventura de perseguir o amor em todos os instantes da vida e em todas as suas inesgotáveis possibilidades, as mais sublimes e as mais sórdidas. É assim que Julia decifra o mago, seu pai, e vive a aventura de também se desvelar. Ela inventa coragem para minerar os esconderijos da memória e confronta seus encontros e achados com narrativas e percepções do presente. Tudo é movediço e perturbador.

As histórias de “Julia e o mago” nos trazem lembranças das alegrias e terrores mais primitivos e não nos deixam fugir do espelho. Evocam os obscuros e renitentes poderes da casa rodriguiana e nos põem a conviver com a opressão, as infidelidades, as conspirações, os pecados e, sobretudo, os amores de toda boa e velha família que se preza.

Escrever ficção a ajuda no auto-conhecimento, diz Cecília, que nunca deixou o jornalismo de lado, e que não teme constrangimentos por se revelar ao mostrar experiências reais:
— Noventa por cento da produção literária são relatos da vida de cada um. E o que é a vida senão uma criação artística também? — indaga a autora.

Sem ter considerado o trabalho de “Julia e o mago” encerrado e já tem dois projetos prontos a iniciar: um livro sobre Machado de Assis e outro sobre Maria Graham, uma escritora inglesa que morou no Brasil e foi amiga da Imperatriz Leopoldina.

 Maria Cecília Costa Junqueira

Maria Cecília Costa Junqueira, escritora e jornalista, nasceu no Rio de Janeiro em março de 1952. Estudou História e Literatura e por 28 anos trabalhou em redação, tendo passado pela Revista Bolsa, pelo Jornal do Brasil, pela Gazeta Mercantil e por O Globo, onde, ao longo de 15 anos, foi jornalista de economia, subeditora e editora-adjunta e, durante seis anos, editou o suplemento literário “Prosa & Verso”, tendo criado o concurso “Contos do Rio”.

Atualmente, é editora-assistente da Revista do Livro, da Biblioteca Nacional. O primeiro livro que escreveu foi sobre Odylo Costa, filho, um perfil para a Relume Dumará, intitulado “Odylo, um homem com uma casa no coração”. Depois vieram o romance “Damas de Copas” e o conto “O sétimo mês”, na coletânea “25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”, editados pela Record. Também é autora de um conto infantil ainda inédito, “A princesa da pedra da lua”, e acaba de organizar “As melhores crônicas de Odylo Costa, filho”.